Tabaco mata 7 milhões todos os anos

Atualizado: 
17/11/2017 - 10:07
O tabagismo constitui o mais grave problema de saúde pública mundial, estimando-se que seja responsável por sete milhões de mortes ao ano. Em Portugal contabilizam-se cerca de 12 mil óbitos por doenças relacionadas com o tabaco.

O tabagismo constitui uma verdadeira epidemia e o mais grave problema de saúde pública mundial, responsável por mais mortes do que qualquer outra doença.

A OMS estima que existem cerca de 1.300 milhões de fumadores no Mundo, que representam um terço da população mundial com mais de 15 anos. Mais de 900 milhões vivem nos países em desenvolvimento.

A prevalência de fumadores a nível mundial é de 29% e em Portugal a prevalência ronda os 20%.

Cerca de 7 milhões de pessoas perdem a vida anualmente devido a doenças relacionadas com o tabaco e, se os atuais padrões de consumo se mantiverem, a OMS calcula que esse número se aproximará dos 10 milhões no ano 2030. Durante o seculo XXI o tabaco pode causar mil milhões de mortes no mundo.

Na Europa, morrem 1,2 milhões de pessoas todos os anos – 650,000 mortes, só nos países da União Europeia. Em Portugal há cerca de 12,000 mortes/ano por causa do tabaco.

Atualmente o tabaco é responsável pela morte de um em cada dez adultos.

Os efeitos do fumo do tabaco na saúde das pessoas estão bem estudados e praticamente todos os órgãos do corpo são afetados.

É o principal fator de risco das doenças cardiovasculares, da doença pulmonar obstrutiva crónica, das doenças cerebrovasculares, do cancro do pulmão e de outros órgãos.

Também os efeitos prejudiciais do tabagismo passivo nos não fumadores estão cientificamente comprovados e são particularmente graves nas crianças.

A cessação tabágica é uma das estratégias mais importantes, pois reduz substancialmente a morbilidade e a mortalidade relacionadas com as doenças associadas ao tabagismo.

Aproximadamente 80% dos atuais fumadores gostaria de deixar de fumar, contudo, só um terço deles tenta parar de fumar cada ano e sem ajuda especializada menos de 5% tem sucesso.

Dos milhares de substâncias que entram na composição do fumo do cigarro (mais de 7,000), a nicotina é a responsável pela dependência física e psicológica, que faz com que parar de fumar seja um processo difícil, com várias tentativas e recaídas, até completa abstinência.

A síndroma de privação da nicotina é um dos fatores que explica o fracasso de muitos fumadores que tentam parar de fumar. Entre os principais sintomas de privação está a necessidade compulsiva de fumar, irritabilidade, ansiedade, dificuldade de concentração, impaciência, agitação, cansaço, insónias, aumento do apetite e do peso.

A motivação para parar de fumar é também um fator importante e que varia consideravelmente de fumador para fumador. A motivação e a dependência estão interrelacionadas e a chave da intervenção eficaz deve contemplar estes dois aspetos.

Todos os fumadores que querem parar de fumar, deveriam ter acesso a aconselhamento prático e tratamento para a dependência da nicotina.

Nas consultas especializadas os fumadores dispõem de equipas treinadas com múltiplos intervenientes, com apoio comportamental, terapêutica farmacológica e plano personalizado de seguimento.

A nível económico, os custos que a epidemia do tabagismo acarreta são devastadores e vão muito além das consequências para a saúde. O tabaco tem também custos no orçamento familiar e social e constitui uma ameaça ao desenvolvimento sustentável e equitativo.

Os custos para os particulares e para os governos ultrapassam os 1.250 mil milhões de euros em despesas de saúde e perda de produtividade, o que representa 1,8% do PIB mundial.

Perante esta grave situação, a OMS recomenda várias estratégias gerais que devem ser levadas a cabo para controlar esta epidemia: prevenir o consumo do tabaco, sobretudo nos jovens; banir a publicidade ao tabaco; aumentar as taxas, impostos e preço final do tabaco; adoptar mecanismos de controlo de produção, de distribuição, de etiquetagem e informação nos maços sobre níveis de nicotina e condensado; inserir mensagens sobre a saúde nos maços de cigarros; dar diretivas sobre o consumo de tabaco nos locais públicos; promover o abandono dos hábitos tabágicos e ajudar os fumadores a parar de fumar.

Na luta contra o tabagismo são necessários os esforços de todos: profissionais de saúde, individualmente e através das suas organizações profissionais, autoridades governamentais e organismos e estruturas não-governamentais, de modo a tentar minorar este grave problema.

Autor: 
Dra. Eduarda Pestana - Pneumologista Hospital Lusíadas Lisboa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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