Opinião

Oncologia translacional, um conceito em expansão

Atualizado: 
25/09/2018 - 11:34
Nos últimos anos, temos assistido a avanços importantes no que respeita à investigação no campo da oncologia: terapias individualizadas, estudos genómicos, imunoterapia... Tudo isto está intimamente ligado à chamada medicina personalizada, que tenta erradicar a doença procurando um tratamento adaptado às necessidades específicas de cada doente.

O problema é que nem tudo está a chegar ao doente ou chega com grandes dificuldades, pois existe uma lacuna entre a investigação básica do laboratório e a sua aplicação clínica. Mais e mais cientistas de ambos os lados estão conscientes da necessidade de colmatar esta falha, e puseram em cima da mesa o conceito de 'oncologia translacional' do qual uma nova metodologia de trabalho está a ser criada para promover essa abordagem.

Esta nova metodologia deve envolver equipas multidisciplinares de ambos os lados: médicos oncologistas, patologistas, investigadores básicos, cirurgiões, especialistas em radioterapia, etc. Grupos de trabalho capazes de participar em ensaios clínicos complexos, que vão além da avaliação de um medicamento numa série de doentes ou modelos animais. Certos recursos não devem faltar nesta linha, como as tecnologias mais avançadas para cada área e um extenso catálogo de dados. E, claro, o doente também deve estar lá, um elemento essencial para fechar o círculo.

A ideia é que essas equipas de trabalho contribuam com novas ideias para a investigação, de forma a que esta avance mais rápido e com uma melhor aplicação ao doente. Tudo para dar um tratamento mais eficaz e prevenir todas as doenças possíveis, incluindo cancro.

Esse novo conceito deve ser desenvolvido nos centros de investigação, que geralmente possuem um maior número de recursos científicos e tecnológicos. Mas acima de tudo, deve acontecer em (ou com) hospitais, onde estão os profissionais clínicos e os doentes que são necessários e em determinados momentos altamente vulneráveis.

Como é lógico, não podemos deixar de lado o aspeto financeiro, muito importante para que este tipo de pesquisa translacional avance. Para que este esforço de investigação seja bem-sucedido, é necessário ter recursos financeiros suficientes, que podem ser públicos ou privados.

Desta forma, podemos acelerar e melhorar o processo de pesquisa e aumentar as esperanças e a qualidade de vida do doente oncológico. Vamos continuar a trabalhar nesta linha para que as novas descobertas cheguem o quanto antes à prática clínica diária.

Autor: 

Dr. Jesús García-Foncillas - coordenador do Comité Científico e Médico Internacional da OncoDNA em Espanha e em Portugal
Diretor do Instituto Oncológico "OncoHealth", Hospital Universitário Fundación Jiménez Díaz, Universidade Autónoma de Madrid.

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Dr. Jesús García-Foncillas