O que é a MCESV

Microscopia de Campo Escuro: estudo da morfologia das células sanguíneas em sangue vivo

Atualizado: 
02/01/2019 - 11:06
A Microscopia de Campo escuro (MCESV) é um termo genérico que designa o exame microscópico de células de sangue vivo e os seus elementos com finalidade de conhecer o estado de saúde do paciente.

Através de uma análise rápida, simples e sem dor, é possível avaliar a morfologia do seu sangue e correlacionar com o seu estado de saúde e envelhecimento. As variações na quantidade e qualidade das células sanguínea, nas próprias células e de outros componentes do sangue, (incluindo micróbios) e sua morfologia, refletem alterações de um  estado  normal  de  saúde,  fornecendo  indicações sobre que fatores podem estar implicados na origem e/ou causa de problemas de saúde dos pacientes.

Entre 1970 e 1980, esta análise qualitativa do sangue, o exame microscópico de campo escuro foi considerado uma excelente ferramenta para identificação de microrganismos parasitários, como o agente da sífilis, Trepanema pallidum (1) e bactérias orais associadas a periodontite e abscessos (2),(3).

O campo escuro funciona com base na observação do objeto a partir de luz dispersa, sem luz direta no condensador do microscópio, produzindo-se um objeto brilhante contra um fundo preto. O olho humano é sensível apenas ao brilho e cor, por isso o campo escuro constitui uma mais valia por emitir uma imagem contra um campo que intensifica o contraste.

A avaliação sanguínea por microscopia de campo escuro é uma ponderosa ferramenta e bem aceite e bem fundamentada. O estudo da morfologia das células sanguíneas em sangue vivo, e outros elementos do sangue e a fisiologia do sangue vivo é fundamental para entender o início, a causa e progressão de doenças

Assim, MCESV é uma examinação ao microscópio do sangue vivo que permite observar os desvios da morfologia “normal” relativamente ao tamanho, tipo, forma, cor e atividade das células sanguíneas e correlacionar com e desequilibro bioquímicos doenças e estado de saúde. Alterações na qualidade do sangue permitem identificar toxicidade, químicos, microrganismo e funções fisiológicas.

Profissionais mais experientes conseguem através da análise do sangue avaliar o estado de saúde geral do paciente e estabelecer relação entre o que é identificado no sangue.

O impacto das terapias instituídas deve ser avaliado através de nova análise do sangue determinando as alterações obtidas na qualidade da amostra.

Como funciona?

• O sangue do paciente é colhido corretamente para uma lâmina de microscópio limpa e  observado  em  Microscopia  de Campo Escuro na presença do paciente;

• São observadas  a  morfologia, dimensão,  forma,  cor, depósitos de gordura e outros elementos existentes no sangue;

• Os  desvios  da  morfologia  “normal”  são debatidos de acordo com as doenças já identificadas;

• Os  protocolos  de  tratamentos  são  estabelecidos  em linha  com  as  observações  efetuadas  as  suas indicações e o feed-back do paciente;

• Prescrever ao paciente um  regime  dietético  e suplementos  baseado  nas  observações  efetuadas e no feed-back do paciente. O impacto destas medidas é avaliado em futuras avaliações do sangue vivo.

A Microscopia de Campo Escuro abriu caminho para novas teorias

O microscópio de sangue vivo em campo escuro (MCESV), é uma técnica usada e desenvolvida por vários pesquisadores ao longo dos anos, como Robert Bradford e Henry Allen, Hemaview, Dr. Michael Coyle. Vários outros cientistas como, Antoine Béchamp, Gaston Naessens, Günther Enderlein, Royal Raymond Rife, Emanuel Ravici e muitos outros, chegaram a conclusões muito diferentes sobre a causa da doença que ainda hoje são aceites ou desconhecidas, contrariando a teoria de Pasteur, que defendia o monomorfismo em que microrganismos são imutáveis e o terreno envolvente não interessava na sua origem. Para Pasteur, os microrganismos não alteram a sua morfologia, pressupondo um meio definido (infeção). Contrariamente, a teoria do Pleomorfismo, os microrganismos alteram a sua morfologia, para se adaptarem ao meio (simbiose).

Béchamp  foi  o  primeiro  a  publicar  dados  sobre  a microscopia  de  campo  escuro com  sangue  vivo  no  seu livro “O Terceiro Composto do Sangue”. Segundo Béchamp, a célula não é a unidade mais pequena e básica de vida, mas sim pequenas partículas coloidais a que chamou microzimas, que vivem dentro das nossas células e que sob determinadas condições (TERRENO), podem evoluir para vírus, bactérias e mesmo organismos superiores (leveduras e fungos) 

Enderlein, Naessens, Reich, prosseguiram o trabalho de  Béchamp,  para  o  qual  contribuíram  principalmente no que respeita a microrganismos.  Hansen-Pruss,  Hoekstra,  Bradford,  Coyle  e  outros também  alargaram  as  descobertas  de  Béchamp, incidindo  principalmente  nas  células  e  elementos sanguíneos.

Prof. Gunther Enderlein foi sem dúvida o grande impulsionador desta técnica. Este microbiologista - 1872 (Leipzig) – 1968 (Hamburgo), dedicou 65 anos da sua vida na investigação do ciclo de vida dos microrganismos, com base no estudo e observação do sangue vivo com ajuda do Microscópio de Campo Escuro “Darkfield”.Descoberta do ciclo de vida dos micróbios dentro do nosso organismo (glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, tecidos, sangue e linfa) e o seu relacionamento com o aparecimento, desenvolvimento, e causa de numerosas doenças crónicas degenerativas.

O desenvolvimento desta técnica permitiu que Enderlein descobrisse que todas as células vivas contêm um certo tipo de microrganismos a que chamou de Endobionte.

Segundo Enderlein: “A doença é o  desenvolvimento  ascendente  do endobionte  para  formas  parasitárias  de  valência  superior,  com  o seu  próprio  metabolismo  que  envenena  o  metabolismo  do  seu hospedeiro.” E, “As variações na quantidade de  células  sanguínea,  nas  próprias  células  (e de  outros componentes  do  sangue,  incluindo  micróbios)  e  sua  morfologia, refletem  alterações  de  um  estado  normal  de  saúde,  fornecendo  indicações sobre que fatores podem estar implicados na origem e causa de problemas de saúde dos pacientes.”

Eis alguns dos dados científicos que Enderlein nos deixou:

1. A célula não é a mais pequena forma de vida, mas sim o Protite (fase mais primitiva dos

Microrganismos.)

2. A prova científica da capacidade pleomórfica dos microrganismos.

3. O sangue não é estéril mas parasitado por outras formas de vida.

4. Microrganismos apatogénicos podem  transformar-se em patogénicos quando são forçados a evoluir dentro do seu ciclo biológico, devido a alterações (pH) no ambiente onde vivem (terreno).

5. A prova que microrganismos simples em evoluir dentro do seu ciclo biológico para formas mais complexas, como é o caso de bactérias e fungos.

6. Doença no homem, significa perda de simbiose ou distúrbios simbióticos em relação à flora microbiana que habita nas suas células.

7. Microorganismos patogénicos podem reverter a sua evolução patogénica, invertendo o seu ciclo biológico e retornando às suas fases primitivas apatogénicas.

O desenvolvimento do Endobionte foi designado por Enderlein, como um “monstro de várias cabeças”. O seu desenvolvimento patológico pode seguir diversos caminhos, designados por eixos patológicos, originando e criando quadros clínicos múltiplos associados a diferentes doenças: tumores, doenças cardiovasculares, autoimunes, diabetes, doenças crónicas das vias respiratórias e tracto gastrointestinal.

O tempo tem vindo a dar razão a Enderlein, senão vejamos:

• As drogas “maravilhosas”, nomeadamente os antibióticos e Estatinas, têm vindo a revelar a sua fraca eficácia terapêutica e efeitos indesejados.

• A tuberculose está de volta.

• Os microrganismos têm vindo a evoluir e a ganhar resistência aos antibióticos. Candidíases.

• Os efeitos tóxicos dos antibióticos sobre o fígado e intestinos.

• As defesas dos seres humanos cada vez mais debilitadas.

• Aparecimento de novas doenças infeciosas (Sida, Ébola).

• Continua a não existir uma causa para doenças crónicas degenerativas como:

cancro e autoimunes

O que mudou nos últimos 50 anos

A medicina mudou nos últimos 50 anos, o que justifica também uma mudança na abordagem aos tratamentos:

• Atualmente a capacidade de “Regulação” orgânica diminuiu.

• Atualmente os paciente têm as funções intestinal e imunitária diminuídas.

• A capacidade de reconstrução celular decresceu significativamente.

Esta mudança justifica também uma alteração na abordagem aos tratamentos:

 Uma terapia eficaz tem que obrigatoriamente incluir várias fases de tratamento:

• Desintoxicação e restauração da regulação orgânica.

• Normalização da função intestinal e imunitária.

• Regeneração e reconstrução celular e tecidular

Assim como a abordagem deve ser totalmente diferente relativamente às Doenças crónicas:

• As doenças são cada vez mais crónicas

• As doenças são cada vez mais, causadas por toxicidade e por efeitos secundários dos diversos medicamentos prescritos (Antibióticos, Estatinas, etc.) o que destrói a flora intestinal.

• As doenças são cada vez mais de origem viral ou por deficiências nutricionais

• Assistimos ao aumento na incidência de doenças oncológicas e neurológicas

 

(1) Creighton, E.T. (1978) U.S. Dept Health and Human Services, Venereal Disease
(2) 
Offenbacher, S et al (1988) J Clin Periodontol 15, 53.
(3) 
Spivak (1982) Arch Intern Med 142, 2111

Autor: 
Dra. Alexandra Vasconcelos - Medicina Biológica e Antienvelhecimento
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay