Livre arbítrio na terceira Idade
Por definição e com base em evidencias científicas sabe-se que o envelhecimento comporta em si riscos de aumento da vulnerabilidade e doença que se podem agravar se o contexto social e a rede de suporte forem fracos.
Certo é que a esperança média de vida tende a continuar a aumentar devido às técnicas de diagnóstico e tratamentos mais eficazes em saúde havendo cada vez mais possibilidade de acesso à prestação de cuidados a um número crescente de Idosos. Mas, também, há mudanças a nível dos paradigmas familiares na sociedade e na forma como o tempo é consumido à velocidade em que a informação circula. E esta evolução dos acontecimentos talvez ainda não se traduza, na prática, em mais suporte e menos monotonia nas rotinas de alguns Idosos. O que me faz pensar qual será então o melhor caminho no estilo de vida dos “mais-velhos” até porque, vamos sendo progressivamente mais diferenciados e exigentes à medida que o tempo avança e evolui.
Enquanto especialista a trabalhar diariamente com população em idade geriátrica preocupo-me se esta evolução vai no sentido de responder as necessidades efetivas, reais e distintas nas rotinas de quem envelhece? Já se conhecem os benefícios do envelhecimento ativo e saudável, em oposição a uma atitude condescendente e passiva, estimulando-se a criação de espaços para a participação social. Excelente! Mas por onde começar afinal? A que instituição ou profissional de saúde recorrer? O que dizer ao cidadão Idoso? Qual o primeiro passo?...em resposta, aproveitava este dia para relembrar que o Idoso tem direito ao seu livre-arbítrio.
Tenho observado na terceira idade a persistência de memórias remotas que exponencial trazem muitas vivencias passadas positivas e outras menos saudáveis contextualizadas nos mais diversos temas: trabalho, finanças, família, viagens, relações e doenças. Por isso, em vez de nos centrarmos como ponto de partida em questões relativas à qualidade de vida e definição de problemas formais quanto à manutenção da autonomia funcional nas atividades de vida diária e etc., lembre-se, se interagir com um Idoso de lhe perguntar simplesmente “se quer ou precisa de alguma coisa?”.
Há que começar por perguntas simples e diálogos genuínos, interessados e com escuta-ativa. Porque uns gostam de não estar parados “porque parar é morrer” e outros gostam de aprender coisas novas “porque o saber não ocupa lugar” e outros, como tantos, gostam apenas de contemplar em silêncio.
Parta sempre do principio que não consegue adivinhar as suas necessidades, desejos e vontades porque afinal os “mais-velhos” são, também aqueles, que mais anos de juventude têm colecionados!