Opinião

Ensaios de fase I e II estudam segurança de terapias com células estaminais no tratamento da doença de Alzheimer

Atualizado: 
17/12/2018 - 16:43
Nos últimos anos têm sido feitas várias abordagens ao tratamento da doença de Alzheimer através de terapias celulares com células estaminais em modelos animais com resultados muito encorajadores.

A Doença de Alzheimer é caracterizada por um distúrbio neurodegenerativo  associado a uma morte gradual neuronal, perda de memória e demência e é considerada pela medicina uma das doenças cerebrais  mais obscuras e intratáveis à luz dos conhecimentos atuais.

Nos últimos anos têm sido feitas várias abordagens ao tratamento desta doença através de terapias celulares com células estaminais em modelos animais com resultados muito encorajadores.

Em 2000, aproximadamente 4,5 milhões de norte-americanos sofriam da Doença de Alzheimer. Contudo, é expectável que em 2050 esse número suba para 13,2 milhões de pessoas afetadas por esta terrível doença. Assim, os doentes de Alzheimer serão um dos maiores desafios em termos de saúde pública pois consumirão uma percentagem significativa de recursos financeiros destinado à saúde.

Hoje em dia estão registados no site clinicaltrials.gov cerca de 18 ensaios clínicos com uso de células estaminais para tratamento da Doença de Alzheimer. Alguns desses ensaios utilizam células estaminais mesenquimais, obtidas através do sangue e tecido do cordão umbilical com grupo de controlo. Estes ensaios são de fase I e II e visam garantir a segurança e eficácia da terapia.

O principal estudo está a ser levado a cabo na Coreia do Sul, no Samsung Medical Center, em Seul. O estudo consiste na administração de Neurostem®, um preparado de células estaminais mesenquimais derivadas do sangue do cordão umbilical, comparando com os resultados do grupo placebo de forma a obter-se resultados mais robustos. Neste ensaio estão envolvidos cerca de 45 doentes, a quem será administrado o Neurostem® aos 12, 24 e 36 meses. Este estudo teve início em maio de 2017 e termina em dezembro de 2021. O objetivo é fazer uma avaliação primária utilizando uma escala de aferição do estado cognitivo dos doentes com Doença de Alzheimer, mas que também utilizará concomitantemente outros indicadores, como sejam avaliações comportamentais, imagiológicas e analíticas.

Para além deste estudo estão também registados no site clinicaltrials.gov outros ensaios clínicos a decorrer nos E.U.A., nomeadamente no University of Miami Miller School of Medicine, Flórida, e na University of Califórnia, Irvine Medical Center.

Tratam-se de estudos ainda numa fase muito embrionária, mas que representam pequenos passos na tentativa de encontrar cura para esta doença devastadora não só para o doente como para todo o núcleo familiar e cuidadores.

A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência que existe e representa 60 a 70% de todos os cados de demência. De acordo com os dados da Alzheimer Europe, estima-se que existam entre 130 e 132 mil pessoas com Alzheimer em Portugal.

Autor: 
Luís Marinho - Patologista Clínico e Diretor Clínico do Laboratório Bebé Vida
Nota: 
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