Entrevista

“Doenças Respiratórias são a terceira causa de morte no nosso país”

Atualizado: 
16/11/2017 - 10:44
No âmbito da iniciativa “Respirar Ponto – Viver em Plenos Pulmões, que decorre até ao final no mês no Espaço Atmosfera, em Lisboa, e que visa alertar para a necessidade de cuidarmos da nossa saúde respiratória, o Atlas da Saúde esteve à conversa com o pneumologista José Reis Ferreira, membro da direção da Associação Nacional da Tuberculose e Doenças Respiratórias (ANTDR), que sublinha a importância da prevenção.

Devido ao aumento progressivo da esperança de vida e aos efeitos do tabagismo, Portugal tem vindo a debater-se com o aumento das doenças respiratórias crónicas que constituem, atualmente, a terceira causa de morte, estimando-se que estas sejam responsáveis por 12,4% dos óbitos registados no nosso país. A mortalidade respiratória afeta sobretudo as faixas etárias acima dos 65 anos.

AdS: Quais as principais doenças respiratórias que afetam os portugueses?

A Doença Pulmonar Crónica Obstrutiva (DPOC), a Asma e as Infeções Respiratórias (a Gripe, as Pneumonias, as Rinites e Sinusites, a Tuberculose), o Cancro do Pulmão e de outras localizações respiratórias, e cada vez mais também as Fibroses pulmonares.

AdS: Qual a sua incidência? E quais as faixas etárias mais afetadas? Há grupos de risco?

Estima-se que a DPOC atinja cerca de 800 000 portugueses, nos seus diversos graus de gravidade, sabendo-se que atinge as idades avançadas, roubando muito da qualidade de vida nestes estratos etários. A Asma e a Rinite tocam um em cada três portugueses. O Cancro do Pulmão é a primeira causa de morte por tumores, entre nós, quer em homens quer em mulheres. Em conjunto as doenças respiratórias são a terceira causa de morte no nosso País.

AdS: Quais as principais medidas de prevenção? Que conselhos deixaria aos chamados grupos de risco?

A principal medida é NÃO FUMAR. Não começar a fumar e deixar por completo o tabaco. Fazer vacina contra a gripe, sempre que se justifique e, depois dos 60 anos fazer vacina contra a pneumonia, ou mesmo antes desta idade, sempre que haja indicação. Comer bem e exercitar diariamente, conforme as indicações médicas para cada cidadão, são também essenciais e muitas vezes ignoradas.

AdS: Qual a importância do diagnóstico precoce?

Tratando-se na maioria de doenças crónicas e/ou mortíferas, o diagnóstico precoce das doenças respiratórias é a única possibilidade de se conseguir a cura ou, pelo menos, o controlo satisfatório das mesmas.

AdS: Na sua opinião, o que falta fazer em termos de prevenção e diagnóstico?

É fundamental que as mensagens de prevenção, tão esquecidas no que respeita às doenças respiratórias, sejam cada vez mais difundidas no nosso País, por todos os meios possíveis, da forma mais inteligível, atraente e eficaz.

AdS: Neste âmbito, qual o principal objetivo da Associação Nacional de Tuberculose e Doenças Respiratórias?

Precisamente sensibilizar para a promoção da saúde respiratória. Precisamos é de um eficaz amplificador desta comunicação para o público.

AdS: Que iniciativas tem vindo a desenvolver?

Temos aproveitado as efemérides respiratórias para comunicar estas mensagens essenciais, mas também promovemos rastreios que procuram encontrar casos com precocidade, para enviar a respetiva informação aos médicos de família. Complementamos também com ações no terreno dirigidas aos grupos excluídos e/ou mais vulneráveis, assim como para toda a população que adere às nossas iniciativas. Estas atividades são desenvolvidas como complemento da ação dos serviços de saúde.

AdS: Relativamente ao evento “Respirar Ponto – Viver em Plenos Pulmões”, o que pode esperar a população?

Esta iniciativa tem como objetivo misturar a Cultura e os atos da vida quotidiana com o respirar em plenos pulmões.

AdS: Que mensagem pretende deixar?

O que queremos sublinhar é que só se respira bem enquanto as condições para tal estão reunidas. Quando a respiração fica perturbada, nada mais nos interessa. Cuidar da nossa reserva respiratória é essencial para tudo na nossa vida. Não o desperdicemos por nada deste mundo!

Poderá encontrar o programa detalhado do evento RESPIRAR PONTO - Viver em plenos pulmões em: http://respirarponto.pt/agenda.html

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Dr. José Reis Ferreira