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Doenças hematológicas na terceira idade

Atualizado: 
01/07/2019 - 11:27
As principais doenças hematológicas na terceira idade são a anemia, as hemorragias, as leucopenias, as leucemias, e os tumores de células sanguíneas, como o linfoma e o mieloma múltiplo.
Idoso internado com soro em cama de hospital

As doenças hematológicas são aquelas que afectam o sangue e os elementos figurados do sangue: hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas, mas também os órgãos onde o sangue é produzido - medula óssea, gânglios linfáticos e baço.

Uma das principais funções do sangue é, através dos glóbulos vermelhos transportar oxigénio dos pulmões para os tecidos e "retirar” o dioxido de carbono dos tecidos para ser eliminado pelos pulmões. Através dos seus glóbulos brancos participa activamente da defesa do organismo, contra as infecções. Para além disso, outras funções do sangue é conter as proteínas que regulam o sangramento e, também, transportar os anticorpos, nutrientes, açúcar, gorduras, vitaminas e sais minerais.

O exame hematológico que permite identificar as inúmeras doenças do sangue é o hemograma, um exame que estuda as células do sangue e permite identificar as enfermidades, como a anemia, a leucemia, ou mesmo, as infecções e doenças alérgicas.

Anemia

A anemia é a diminuição do número e/ou da produção de glóbulos vermelhos ou de seu conteúdo (hemoglobina) ou ainda quando há destruição exagerada. A principal causa de anemia é a deficiência de ferro (anemia ferropénica), substância básica na formação da hemoglobina. Pode também ocorrer na deficiência de vitamina B12, de cobre e de zinco e é também uma grave consequência da desnutrição.

Na terceira idade a anemia é de extrema importância embora seja muitas vezes subdiagnosticada ou quando diagnosticada mal orientada.

A perda contínua e discreta de sangue pelas fezes (devida a um tumor intestinal silencioso, por exemplo) pode levar à anemia com poucas manifestações clínicas porque surge lentamente. O mesmo pode ocorrer na perda sanguínea vaginal continuada (mioma uterino, por exemplo).

A anemia na terceira idade está com frequência está relacionada a tumores, mas pode também ser devida a erros alimentares. Dietas pobres em ferro e em vegetais podem ser causa da anemia. Por outro lado, situações em que há má absorção de alimentos (doenças do estômago, por exemplo) também podem levar a anemia por deficiência de vitamina B12.

A deficiência de vitamina C pode também ser uma causa de anemia na terceira idade e é favorecida pelo alcoolismo, bem como a doença renal e os distúrbios da tiróide.

Por outro lado, são várias as classes de medicamentos que podem provocar a anemia.

As manifestações da anemia são variáveis e podem ser ligeiras, sem graves consequências, ou podem ocorrer manifestações cardíacas, vasculares e pulmonares. Contudo, a fadiga e falta de disposição são os sintomas mais frequentes. Há também emagrecimento e palidez.

O diagnóstico da anemia é feito através do hemograma, onde se observa diminuição na taxa de hemoglobina. A dosagem de ferro no sangue e a pesquisa de sangue oculto nas fezes também fazem parte do estudo da anemia. Algumas vezes há necessidade de se examinar a medula óssea, local formador das células componentes do sangue.

O tratamento correcto da anemia deve basear-se no diagnóstico, ou seja, que tenha em conta a causa exacta. No entanto, é frequente o tratamento inespecífico da anemia com a utilização de complexos vitamínicos sem qualquer critério. Em certas situações deve ser feita a reposição de ferro, ácido fólico ou vitamina B12. Noutros casos, mais graves, há necessidade de transfusão de sangue.

Hemorragias

São várias as situações que podem levar a hemorragias, desde simples doenças vasculares cutâneas (púrpuras) até graves distúrbios da coagulação do sangue. A hemofilia, a leucemia e inúmeras doenças como o cancro e infecções graves podem evoluir com hemorragias, principalmente entre a população idosa.

Também a deficiência de vitaminas C e K são também causas de hemorragia. A aspirina (ácido acetil-salicílico) pode levar a hemorragias em pessoas que já apresentem tendência a sangramentos. Certos antibióticos derivados da penicilina também podem aumentar a tendência de hemorragia.

Nesta faixa etária também é comum o aparecimento de manchas de sangue (ou púrpuras) nos braços e mãos e ocorrer hemorragia nasal. É um processo benigno denominado púrpura senil. É uma manifestação da pele que acontece devido à fragilidade dos vasos sanguíneos da derme, facto decorrente, entre outros factores, devido ao envelhecimento do organismo. Este tipo de problema acontece quando os idosos sofrem alguma pequena lesão, como batidas, apertões ou até mesmo a comichão. O resultado é uma região da pele avermelhada ou arroxeada, conforme a quantidade de vasos rompidos.

O aspecto pode assustar e causar a impressão de um grande trauma à pele, mas na realidade trata-se apenas de uma mancha passageira, que em até 15 dias, em média, desaparece. Este tipo de manifestação pode ocorrer em qualquer região do corpo, mas é mais comum em braços e pernas. O tamanho também irá variar de acordo com a extensão da lesão. As manchas da púrpura senil são indolores, não dão comichão e não modificam a superfície da pele. Apesar de surgirem após pequenos traumas na pele, as manchas avermelhadas da púrpura senil não devem ser confundidas com hematomas.

Leucopenia

A leucopenia é a diminuição de glóbulos brancos, ou leucócitos, abaixo da sua concentração normal no sangue, situação que provoca uma diminuição das defesas orgânicas contra as infecções.

Fala-se de leucopenia quando a concentração de leucócitos é inferior ao seu limite mínimo normal, ou seja, a cerca de 4 mil por milímetro cúbico de sangue. Todavia, é possível distinguir vários tipos específicos de leucopenia, de diferente significado, consoante o tipo de glóbulos brancos cujo número diminui:

Neutropenia

Situação que corresponde a uma diminuição do número de granulócitos neutrófilos presentes no sangue. De acordo com a intensidade da diminuição de concentração destas células, fala-se de neutropenia ligeira, de neutropenia moderada e de neutropenia grave. O total desaparecimento dos neutrófilos no sangue denomina-se agranulocitose, uma situação muito grave, pois implica uma extrema sensibilidade às infecções bacterianas.

Eosinopenia

Corresponde à diminuição do número de granulócitos eosinófilos presentes no sangue, por vezes ao seu total desaparecimento, tal como acontece caracteristicamente na fase aguda de algumas infecções (febre tifóide, brucelose) e também ao longo do tratamento com determinados fármacos, em especial os corticosteróides.

Basopenia

Consiste na diminuição do número de granulócitos basófilos presentes no sangue, como acontece em determinadas doenças endócrinas (síndrome de Cushing, hipertiroidismo) e também ao longo do tratamento com medicamentos antitiróideos e determinados anticoagulantes (heparina).

Linfopenia

Corresponde a uma diminuição significativa do número de linfócitos presentes no sangue ou da sua relativa relação com o resto dos glóbulos brancos. Esta situação observa-se de forma passageira no período inicial de quase todas as infecções agudas (como determinadas pneumonias), após tratamentos com fármacos citostáticos (anticancerosos) e após sessões de radioterapia, enquanto se estabelece de forma mais persistente ao longo de determinadas doenças infecciosas (como a tuberculose), em determinadas doenças auto-imunes (como o lúpus eritematoso disseminado), na doença de Hodgkin, em algumas formas de imunodependência hereditária e na anemia aplásica.

Monocitopenia

Consiste numa redução significativa do número de monócitos presentes no sangue ou da sua relativa relação com o resto dos glóbulos brancos em determinadas formas de leucemia, durante o tratamento com glucocorticóides e na anemia aplásica.

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Fonte: 
duokenko
medipedia.pt
Nota: 
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