Previna-se

Conselhos médicos para diminuir o risco de cancro

Atualizado: 
30/03/2017 - 17:49
Estima-se que cerca de 30% das mortes associadas a cancro podem ser prevenidas, alterando alguns comportamentos e evitando ou diminuindo a exposição a carcinogéneos conhecidos. A especialista em Oncologia, Teresa Amaral, deixa alguns conselhos que podem ajudar a minimizar este risco.

A incidência das doenças oncológicas na população mundial tem aumentado nos últimos anos. A Organização Mundial de Saúde (OMS)  prevê que o número de novos cancros suba de 14 milhões por ano em 2012 para 22 milhões nas próximas duas décadas.

Alguns tumores parecem estar associados a fatores de risco modificáveis como sejam a alimentação não equilibrada e o estilo de vida pouco saudável.

Cerca de 30% das mortes associadas a cancro podem ser prevenidas, modificando determinados comportamentos e evitando ou diminuindo a exposição a carcinogéneos (substâncias ou compostos associados ao aumento do risco de cancro) conhecidos.

Os seguintes conselhos podem ajudar a minimizar o risco de desenvolvimento de cancro associado a estes fatores de risco:

Vacine-se – O vírus do papiloma humano (HPV) é um vírus que se transmite por contacto sexual. A infecção por HPV está associada ao desenvolvimento de determinados tipos de cancro. A vacina contra o HPV reduz a probabilidade de desenvolver cancro da orofaringe (amígdalas, base da língua e palato),  do colo do útero, do ânus e outros cancros raros, como da vagina, da vulva e do pénis. Sempre que possível , a vacina deve ser administrada antes do início da vida sexual. No entanto, a proteção parece existir mesmo quando administrada posteriormente. Consulte o seu médico para poder saber mais acerca de quando e como se pode vacinar.

Os vírus da Hepatite B e C estão associados ao desenvolvimento de cancro do fígado. A vacinação contra o vírus da Hepatite B é uma estratégia de minimização do risco.

A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), é também um factor de risco para o desenvolvimento de cancro, por exemplo do colo do útero. Infelizmente ainda não existe vacinação disponível.

Perca o excesso de peso – A obesidade parece estar associada a cerca de 20% dos cancros. O aumento do índice de massa corporal em 5Kg/m2 está associado a um aumento de risco dos seguintes cancros: cancro da mama, endométrio (útero), cólon, próstata, vesícula biliar, rim, tiroide, ovário, colo do útero e leucemia.  

Evite abusar do açúcar e das bebidas açucaradas – O consumo de açúcar, nomeadamente através das bebidas enlatadas/gaseificadas, com elevado conteúdo de açúcar, está associado a um aumento do risco de desenvolver hipertensão, colesterol e triglicerídeos elevados, resistência à insulina e diabetes.. A resistência à insulina, sobretudo, está associada ao aumento do risco de cancro.

Tenha uma alimentação variada – Adopte uma dieta variada e rica em cereais integrais, leguminosas, frutas e legumes frescos. Este é um dos principais conselhos na prevenção das doenças oncológicas. Embora nem todos os cancros sejam provocados por uma má alimentação, seguir a pirâmide alimentar fazendo uma alimentação equilibrada ajuda a prevenir algumas doenças que podem aumentar o risco de desenvolver cancro. Evite as gorduras hidrogenadas, os fritos, os alimentos processados, o excesso de sal e os doces.

Não abuse de carne vermelha/processada – De acordo com um estudo da International Agency for Research on Cancer, o aumento da carne vermelha e carne processada está associado ao aumento do risco de cancro do colo-rectal. Neste estudo, por cada 50 gramas de carne processada ingerida diariamente, o risco de desenvolver cancro colo-rectal aumentava 18%. Por outro lado, o consumo de 100 gramas de carne vermelha por dia, aumentava o risco de desenvolver cancro do colo-rectal em  17%.

Não fume – O tabagismo é o mais importante factor de risco modificável associado ao cancro. O tabaco está associada a cerca de 21% de todos os cancros a nível mundial. É o principal factor de risco de cancro do pulmão, aumentando o risco em 10 a 20 vezes. Cerca de metade dos fumadores morre em consequência de doenças associadas ao tabaco, perdendo em média 13 anos de vida devido a este hábito.  O tabaco está associado a um grande número de cancros, nomeadamente, cavidade oral, esófago, pâncreas, fígado, rim, colo do útero, cólon e bexiga.

Evite bebidas alcoólicas – O consumo excessivo de álcool está diretamente associado ao desenvolvimento de cancro do fígado. Outros tipos de cancro parecem estar também associados ao consumo do álcool, nomeadamente o cancro da cabeça e pescoço, cancros gastrointestinais (esófago, cólon), cancro do pâncreas e cancro da mama.

Consulte o médico com regularidade – Consulte o seu médico assistente quando surgir um sinal ou sintoma de novo, ou seja, que não seja comum para si. A periodicidade dos exames deve ser discutida com o seu médico, uma vez que varia de acordo com as suas queixas, os seus antecedentes pessoais (doenças anteriores) e antecedentes familiares (doenças prévias na família).

Pratique exercício físico – a diminuição da atividade física, parece aumentar o risco de cancro. Um estilo de vida sedentário parece ser responsável por 5% de todas as mortes por cancro. Para os não fumadores, é o mais importante factor de risco modificável. Um estudo japonês demonstrou que a prática de exercício físico está associada à diminuição do risco de cancro do fígado, pâncreas e estômago. Os dados deste estudo mostram que a redução de risco é mais significativa sobretudo no caso do cancro do cólon e da mama.

Lave os dentes – Uma correta higienização da boca é importante. Uma má higiene da cavidade oral parece estar associada a um aumento do risco de desenvolvimento de cancros da cabeça e pescoço.

Proteja-se do sol – A exposição solar prolongada, bem como os dados causados pela radiação ultravioleta (como a que acontece nos solários, por exemplo), aumentam o risco de melanoma, um cancro da pele. Evite a exposição prolongada ao sol, sobretudo nas horas de maior calor, e use protetor solar de acordo com o seu tipo de pele. Caso repare num sinal novo, ou note que um sinal que já tinha mudou de aspecto, por exemplo apresenta assimetria, bordos irregulares, cor diferente da que tinha anteriormente (ou diferente dos outros sinais), dimensão (aumentou de tamanho), hemorragia de novo (sangramento), consulte o seu médico.

 

Autor: 
Dra. Teresa Amaral - especialista em Oncologia Médica na Direção de Saúde da Força Aérea Portuguesa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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