400 novos casos por ano

Casos de cancro da tiróide têm vindo a crescer

Atualizado: 
02/10/2017 - 11:44
O cancro da tiróide é raro embora a sua frequência tenha aumentado nos últimos anos. Em Portugal diagnosticam-se cerca de 400 novos casos por ano, representando cerca de 1% de toda a patologia oncológica registada. Na maioria dos casos não há uma causa identificável.

A tiroide é uma pequena glândula em forma de borboleta localizada na parte anterior e inferior do pescoço, imediatamente abaixo da maçã-de-Adão. Tem dois lobos direito e esquerdo, e cada um mede cerca de 4cm de comprimento e 2 cm de largura.

Tem como função produzir, armazenar e libertar para o sangue as hormonas tiroideias, sendo as principais a T3 e a T4. Estas são indispensáveis para o normal funcionamento do organismo. O seu excesso ou deficiência são causa de várias doenças.

As doenças da tiroide são frequentes em especial nas mulheres. Cerca de 40% das mulheres com mais de 40 anos apresentam alterações da tiroide, que se podem manifestar por alterações do funcionamento das células tiroideias ou pela formação de pequenos nódulos (“caroços”).

Os nódulos da tiroide são muito frequentes, mas só em cerca de 5% dos casos são malignos (cancro ou carcinoma da tiroide).

O cancro da tiroide é raro embora a sua frequência tenha aumentado nos últimos anos. Em Portugal diagnosticam-se cerca de 400 novos casos por ano, representando cerca de 1% de toda a patologia oncológica registada.

O tratamento e prognóstico dependem do tipo de células da tiroide a partir das quais se desenvolve e da fase do carcinoma à data do diagnóstico. Os carcinomas diferenciados da tiroide, que incluem o carcinoma papilar e o carcinoma folicular, representam cerca de 90% dos casos de cancro da tiroide. São cerca de quatro vezes mais frequentes nas mulheres do que nos homens e habitualmente têm bom prognóstico.

As causas não estão bem determinadas. O cancro da tiroide é mais frequente em pessoas com exposição prévia a altas doses de radiação, com história familiar de cancro da tiroide e com idade superior a 40 anos. Na maioria dos casos não há uma causa identificável.

Como se diagnostica?

O cancro da tiroide manifesta-se por um nódulo e habitualmente não provoca qualquer sintoma. Só em fases avançadas, quando o nódulo atinge grandes dimensões pode provocar dor, dificuldade em engolir ou rouquidão.

As análises de sangue (T3, T4 e TSH) na grande maioria das situações são normais.

Muitas vezes é detetado pelo próprio, que palpa um nódulo no pescoço ou pelo médico no exame físico de rotina. Habitualmente é diagnosticado por ecografia.

A ecografia permite avaliar as dimensões, crescimento e características do nódulo. Os achados ecográficos podem ser sugestivos de malignidade em especialmente em nódulos grandes (>1 cm).

Para melhor caracterizar estes nódulos é indispensável a realização de uma citologia aspirativa  com agulha fina. Consiste na punção dos nódulos sob controlo ecográfico para colheita de células para serem analisadas. É um exame de fácil execução, rápido e pouco doloroso.

Só nódulos com dimensões de 1 – 1,5 cm têm indicação para citologia. Nalguns casos a quantidade de material aspirado pode ser insuficiente e não permitir afirmar com segurança que os nódulos sejam benignos ou malignos e por isso ser necessário repetir o exame. Numa minoria de situações o resultado da citologia é sugestivo de malignidade. Neste caso a pessoa deve ser orientada para cirurgia. O diagnóstico definitivo é feito pelo estudo da porção de tiroide retirada na cirurgia.

Apesar de ser orientador a fiabilidade deste exame não é de 100% e por isso é importante manter vigilância periódica dos nódulos benignos.

De um modo geral o prognóstico do cancro da tiroide é excelente.

Em pessoas com menos de 45 anos e com carcinomas papilares limitados à tiroide, a sobrevivência aos 10 anos é de cerca de 100% e a causa de morte não se relacionará com a doença da tiroide.

O prognóstico piora nas situações em que a remoção do carcinoma não pode ser total com cirurgia ou não é destruído com iodo radioativo. Mesmo nestas situações o prognóstico e qualidade de vida são fracamente bons, quando comparados com outros tumores malignos.

A substituição das hormonas tiroideias permite uma vida normal.

Autor: 
Dra. Luísa Raimundo - Endocrinologista Hospital Lusíadas Lisboa
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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