Tabaco é o principal fator de risco

75% dos doentes com cancro oral são fumadores

Atualizado: 
19/11/2018 - 12:19
O cancro da cavidade oral é um dos mais prevalentes em todo o mundo e constitui uma parte de um grupo mais vasto de tumores designados por cancro da cabeça e pescoço. Em Portugal a sua incidência tem vindo a aumentar e a culpa é do tabaco.

O cancro oral é definido pela Classificação Internacional de Doenças pelo conjunto de tumores malignos que afetam qualquer localização da cavidade oral, dos lábios à garganta, incluindo as amígdalas e a faringe. No entanto, este atinge com maior frequência a língua e o palato e nem sempre os primeiros sinais de lesão são óbvios. Na realidade, um dos problemas com este tipo de cancro é que nos estadios mais precoces pode passar completamente despercebido, não causando dores nem alterações significativas.

Inchaço, ferida ou úlcera que não cicatriza, dificuldade em engolir, rouquidão ou dores de garganta persistentes estão entre os sintomas mais frequentes. “Contudo, podemos falar ainda de outros sinais de alerta como o aparecimento de manchas brancas ou vermelhas nas gengivas, palato, língua ou parede interna da cavidade oral, obstrução nasal permanente, dores de cabeça persistentes e um aumento de volume de glândulas salivares”, acrescenta a médica oncologista Ana Castro, presidente do Grupo de Estudos do Cancro de Cabeça e Pescoço.

Com uma prevalência sete vezes superior no sexo masculino, e atingindo maioritariamente fumadores, o seu prognóstico depende da fase do seu diagnóstico. Apesar de se manifestar com maior frequência depois dos 50 anos, estima-se que dentro de algumas décadas a sua incidência possa aumentar motivada pelo envelhecimento da população. No entanto, tem-se registado um aumento de casos em indivíduos mais jovens sendo que o seu diagnóstico mantem-se tardio em mais de metade dos casos.

Entre os principais fatores de risco estão o álcool, tabaco e infeção por HPV, “sendo que o tabaco é o principal fator de risco nos indivíduos com mais de 50 anos – pelo menos 75% destes são fumadores”. “Quando se combina o tabaco com o álcool o risco aumenta significativamente (até 15 vezes mais) devido a um efeito sinergístico”, explica a especialista.

De acordo com Ana Castro, a sua taxa de sobrevivência aos 5 anos é de apenas 20%. “Infelizmente, em Portugal, ainda diagnosticamos este cancro em estadios muito avançados”, refere acrescentando que quando identificado a tempo a taxa de sobrevivência pode atingir os 90%.

“As modalidades terapêuticas curativas na atualidade são geralmente a cirurgia, a radioterapia associada ou não à quimioterapia, e esta última por si só numa fase mais avançada da doença”, explica quanto ao tratamento que, habitualmente, constitui uma abordagem multidisciplinar “envolvendo esforços de cirurgiões, radioterapeutas, médicos oncologistas, estomatologistas, nutricionistas, terapeutas da fala”, entre outros.

Em matéria de prevenção a especialista alerta para os comportamentos considerados de risco. De acordo com Ana Castro, os principais cuidados passam por não fumar, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, garantir uma dieta rica em frutas e legumes, bem como a manutenção de uma boa higiene oral, com acompanhamento regular de um dentista e ter ainda cuidados redobrados quanto à exposição solar e prática sexual.

“É importante consultar o seu médico caso tenha algum dos sintomas mais comuns durante mais de três semanas”, reforça acrescentando que este tipo de cancro implica grandes alterações físicas e psicológicas na vida do doente.
“Estas alterações condicionam o estilo de vida do doente, na medida em que podem existir mudanças na imagem corporal, após a remoção do tumor, como a perda de tecidos, dentes ou maxilar”, conclui.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay