Dor articular no Inverno: mito ou realidade?

PORQUE AS ARTICULAÇÕES “RECLAMAM” MAIS NO FRIO
A resposta do corpo às baixas temperaturas combina vários mecanismos clínicos:
- Menor irrigação muscular e articular → mais rigidez, menos flexibilidade.
- Alteração da viscosidade sinovial → movimentos menos fluidos e maior atrito.
- Contração muscular involuntária → mecanismo de defesa térmica que aumenta a tensão e a dor.
- Maior sensibilidade dos recetores da dor, sobretudo em zonas já inflamadas.
Em conjunto, estes fatores tornam o inverno um período crítico para quem tem histórico de dor lombar, tendinites, artrose ou instabilidade articular.
QUEM ESTÁ MAIS VULNERÁVEL
- Pessoas com artroses: o desgaste da cartilagem torna as articulações mais sensíveis às oscilações térmicas.
- Atletas e praticantes ocasionais: treinar sem aquecimento adequado potencia ruturas e entorses.
- Idosos e sedentários: menor massa muscular e termorregulação deficiente agravam a rigidez.
- Doentes com lesões antigas: áreas cicatrizadas reagem mais intensamente ao frio e à humidade.
O MOVIMENTO COMO TERAPIA
O erro mais comum nesta estação é reduzir a atividade física.
A imobilidade agrava a rigidez, compromete a circulação e acelera o desgaste articular.
Pelo contrário, o exercício regular, adaptado à temperatura, mantém a lubrificação articular, estimula a circulação e reforça a musculatura de suporte.
Para treinar com segurança no inverno:
- Realize aquecimento prolongado (10–15 minutos), com exercícios dinâmicos de mobilidade.
- Utilize roupa técnica em camadas, que retenha calor e evite transpiração excessiva.
- Evite pisos gelados ou com fraca tração e use calçado adequado.
- Hidrate-se regularmente, mesmo sem sede — a desidratação aumenta o risco de lesão.
- Termine com alongamentos suaves, prevenindo contraturas e rigidez pós-esforço.
CONSULTA MÉDICA: UM INVESTIMENTO PREVENTIVO
Durante o inverno, é frequente o agravamento de dores articulares crónicas e o aumento de lesões por sobrecarga.
Uma avaliação médica diferenciada permite detetar desequilíbrios musculares, encurtamentos e falhas de proprioceção antes que evoluam para lesões agudas.
Atualmente, a medicina desportiva dispõe de ferramentas precisas — ecografia musculoesquelética, ressonância magnética e plataformas de análise biomecânica — que permitem diagnosticar alterações precoces e orientar planos de treino personalizados.
CONCLUSÃO: O MITO TEM FUNDAMENTO
A dor articular no inverno não é um mito — é uma resposta biológica previsível e clinicamente comprovada.
O frio e a humidade alteram a fisiologia muscular e articular, mas não têm de significar dor nem paragem.
Com prevenção, aquecimento adequado e acompanhamento médico, é possível manter mobilidade, conforto e qualidade de vida ao longo de toda a estação.
O frio aperta, mas o corpo adapta-se — desde que o mantenhamos em movimento.
