Prevenção

Vamos Prevenir a Diabetes Mellitus!

Atualizado: 
19/10/2023 - 14:57
A Associação de Pessoas com Diabetes - GIROHC tem como principal objetivo a prevenção da Diabetes. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes (IDF), Portugal apresenta a segunda maior prevalência de diabetes nos países da União Europeia. Na UE, a prevalência de diabetes em 2021 foi de 6,2%, na população entre os 20 e os 79 anos, enquanto em Portugal foi de 9,1%. Estes dados, assim como muitos outros que podemos encontrar relativamente a esta temática da Diabetes, são deveras preocupantes e alertam-nos para o facto de ser extremamente importante apostar na prevenção desta doença.

O que é a Diabetes Mellitus?

A Diabetes Mellitus, ou só Diabetes como costuma ser denominada, é normalmente causada pela produção deficiente ou não produção de insulina pelo organismo, ou porque este não a consegue utilizar devidamente. Portanto, esta doença crónica afeta a forma como o nosso corpo transforma o alimento em energia, alterando assim, os valores de açúcar no sangue. Isto pode gerar diversas complicações se não for tratada, ou devidamente controlada, nomeadamente problemas do foro: ocular (retinopatia, cataratas, cegueira), renal (mau funcionamento dos rins, micção excessiva) e principalmente a nível circulatório (AVC, má circulação periférica - úlceras nos pés difíceis de cicatrizar levando, em casos mais graves, a amputações). Existem 3 principais tipos de Diabetes: Diabetes Tipo 1, Diabetes Tipo 2 e Diabetes Gestacional.

Tipos de Diabetes

Em termos práticos, na Diabetes tipo 1 o organismo não consegue produzir insulina ou produz pouca, enquanto que na Diabetes tipo 2 o organismo não produz insulina suficiente, ou as células não reagem à insulina como deviam. Por outro lado, o que acontece na Diabetes Gestacional é um aumento significativo do açúcar no sangue na mulher grávida, podendo aparecer em qualquer estágio da gravidez, mas é mais comum no segundo ou terceiro trimestre e normalmente desaparece após o nascimento.

Fatores de Risco

Os fatores de risco inerentes a esta patologia são vários e de forma geral, aplicados a outras doenças também. Ou seja, bons garfos, chaminés e/ou atletas de sofá são os 3 fatores de risco mais relevantes, portanto: obesidade, sedentarismo e maus hábitos (tabaco/álcool). No entanto, a diabetes tipo 1 também pode aparecer por influência genética ou infeções virais na infância. Enquanto que a diabetes tipo 2, também pode ser devido a influências genéticas, mas não só, está também ligada ao facto de a pessoa ter hipertensão arterial, maus hábitos, colesterol elevado ou até mesmo por privação do sono.

Sintomas

Os principais sintomas da Diabetes são sede excessiva (polidipsia), grande produção de urina (poliúria), cansaço e perda de peso. Outros sintomas podem incluir comichão na zona da vagina ou do pénis e visão desfocada. No entanto, os sintomas diferem de acordo com o tipo de Diabetes:

Diabetes Tipo 1

Se os níveis de glicose aumentarem demasiado, pode sofrer um ataque de hiperglicemia - excesso de açúcar e desidratação que levam à fraqueza e em casos mais graves, a convulsões. Isto acontece devido a falta de controlo entre o tipo/quantidade de alimentos ingeridos e a quantidade de insulina administrada, ou a falta dela.

Se os níveis de açúcar no sangue baixarem demasiado, é denominado hipoglicemia. Quando a dose de insulina administrada é superior à que o corpo necessita, ou quando a pessoa não come nada durante algum tempo, poderá sentir tremores, suor excessivo e até desmaio.

Diabetes Tipo 2

Os sintomas da diabetes tipo 2 normalmente desenvolvem-se durante semanas ou meses. Algumas pessoas com diabetes tipo 2 têm poucos ou nenhum desses sintomas. Contudo, continuam a precisar de tratamento para que não se desenvolvam outros problemas, como doenças renais, por exemplo.

Pé Diabético

A OMS define o pé diabético como: "A infeção, ulceração e / ou destruição de tecidos profundos, que está associada a alterações neurológicas e / ou vários graus de doença arterial oclusiva na extremidade inferior."

O doente diabético deve ter em atenção que manter a diabetes controlada é muito importante para evitar complicações nos pés e não só. Existem inúmeros cuidados que devemos ter no que diz respeito aos pés, entre eles o tipo de calçado/meias a usar, uma boa higienização e hidratação, observar os pés para ver se há alterações e ter especial cuidado com as unhas também. Como pode haver uma perda de sensibilidade devido a má circulação sanguínea, também se deve ter muita atenção com a utilização de fontes de calor muito próximas dos pés.

Em casos mais graves pode ser necessária a amputação.

Diagnóstico

O diagnóstico é realizado através da análise de urina para detetar a presença de glicose e posteriormente confirmado através da análise ao sangue (HbA1c - Hemoglobina Glicosada). Caso não seja possível diagnosticar a doença através destes meios devido a quantidade insuficiente de glicose, pode também ser realizado um exame denominado prova de tolerância à glicose.

Tratamento/Controlo

Relativamente ao tratamento/controlo desta patologia, este tem por base 3 elementos essenciais e que se relacionam entre eles: Alimentação, Atividade Física e Medicação.

Uma alimentação saudável e equilibrada é obviamente aconselhada a todas as pessoas, no entanto, pessoas com Diabetes não só devem ter em atenção aquilo que ingerem, mas principalmente a quantidade de hidratos de carbono presentes em cada refeição e ainda, o número de refeições realizadas durante o dia. Portanto, devem ser realizadas cerca de seis refeições diárias, não tendo um intervalo superior a três horas entre as mesmas. Os intervalos entre refeições são de extrema importância em todas pessoas com esta doença, principalmente nos insulinotratados já que nos permite ter um padrão regular de absorção de glucose durante o dia. O jejum noturno inferior a oito horas vai evitar potenciais hipoglicemias.

Relativamente à atividade física, toda a gente deveria fazer um mínimo de 30 minutos de exercício pelo menos três vezes por semana. Pode optar por uma caminhada, ou utilizar escadas em vez do elevador, o importante é que realize algum tipo de atividade física para que os valores da glicemia não subam exageradamente. No entanto, convém verificar sempre o valor da glicemia antes da prática de exercício, porque se os valores estiverem baixos, é necessário ingerir alguma coisa para não haver o risco de ocorrer uma hipoglicemia.

Em termos de medicação, o mais importante é ter controlo sobre a mesma, quer seja insulina ou antidiabéticos orais. A dosagem e a forma de administração do medicamento serão explicadas posteriormente pelo profissional de saúde responsável. Desta forma, é de extrema importância que as pessoas, principalmente as que têm diabetes, percebam o quão necessário é seguir à risca os tópicos descritos nesta tríade - Alimentação, Exercício Físico e Medicação/Terapêutica- de elementos fulcrais quando à Diabetes diz respeito.

Ou seja, excluindo as pessoas diagnosticadas com Diabetes, todos somos Pré-diabéticos e todos devemos ter em atenção os nossos hábitos para que adotemos um estilo de vida saudável, tornando assim mais improvável que esta doença se desenvolva. Devemos, portanto, repensar as nossas opções para nosso próprio benefício.

 

Referências:

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BLOOMGARDEN Z.T. et al. Randomized, controlled trial of diabetic patient education: improved knowledge without improved metabolic status. Diabetes Care, v.10, p.263-272, 1987.

BURY, M. The sociology of chronic illness: a review of research and prospects. Sociol. Health Illn., v.13, p. 451–68, 1991.

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CASTIEL, L.D. Força e vontade: aspectos teórico-metodológicos do risco em epidemiologia e prevenção do HIV/AIDS. Rev. Saúde Pública, v.30, n.1, p.91-100, 1996.

Autor: 
Bruno Nunes – Enfermeiro Co-fundador e atual membro da Direção GIROHC
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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