Opinião

Tecnologias robóticas na saúde para reduzir listas de espera

Atualizado: 
26/03/2021 - 10:37
A crise Covid-19 evidenciou a importância do investimento em tecnologias para a saúde. A pressão causada pela pandemia nos sistemas de saúde, que força os hospitais a registarem elevados níveis de ocupação, está também a causar aumentos muito preocupantes nas listas de espera para cirurgias de doentes "não Covid". Com os recursos da medicina prioritariamente alocados ao combate à pandemia, há diversas patologias que necessitam de intervenções cirúrgicas urgentes.

Nestes casos, o recurso à cirurgia robótica pode apresentar vantagens importantes para os sistemas de saúde, permitindo reduzir tempos de internamento e libertar camas nos cuidados intensivos, minimizar complicações pós-operatórias e diminuir a probabilidade de reintervencionar, bem como aumentar a rapidez de recuperação dos pacientes. Todos estes fatores contribuem para uma melhor alocação dos recursos médicos e para tornar os hospitais mais eficientes.

Inovação ao serviço da medicina

Ao longo da história, surgiram inovações que determinaram uma evolução disruptiva nos diversos sectores de atividade. Na cirurgia, esse momento aconteceu com a introdução da robótica. Concebido para maximizar as capacidades do cirurgião, o sistema cirúrgico da Vinci foi o primeiro sistema de cirurgia minimamente invasiva com assistência robótica aprovado pela FDA, no ano 2000. Desde então, a cirurgia robótica passou da “ficção científica” à realidade. Atualmente, um amplo conjunto de sistemas e tecnologias da Vinci é usado por cirurgiões em 65 países por todo o mundo, incluindo Portugal.

Desde que se realizou a primeira operação com o sistema robótico da Vinci, há mais de duas décadas, já foram efetuadas em todo o mundo cerca de 8,5 milhões de intervenções, e só em 2020 foram realizadas mais de 1,2 milhões de cirurgias com o sistema da Vinci.

Em Portugal e Espanha existem hoje mais de 70 sistemas robóticos da Vinci em atividade e ao longo de 2020 foram realizadas mais de 9.000 intervenções, o que representa um crescimento superior a 10%, em comparação com 2019. Desde 2005, mais de 45.000 pacientes foram operados com o sistema robótico da Vinci, na Península Ibérica.

Ampliar as capacidades do cirurgião

Para muitos cirurgiões, o sistema robótico da Vinci foi - e continua a ser- uma inovação revolucionária na área da cirurgia minimamente invasiva. Atualmente, cinco hospitais portugueses contam com esta solução nos seus blocos operatórios- quatro em unidades de saúde privadas e uma numa unidade hospitalar pública- que disponibiliza a tecnologia mais avançada aos cirurgiões que optam por um tratamento minimamente invasivo, em patologias complexas.

O sistema da Vinci Xi é a plataforma mais avançada para cirurgias minimamente invasivas. Integra uma tecnologia inovadora que permite adaptabilidade e versatilidade para diferentes especialidades: da Urologia à Cirurgia Geral, passando pela Ginecologia, Cirurgia Torácica, Cirurgia Cardíaca, Cirurgia Pediátrica e Otorrinolaringologia.

Com o sistema cirúrgico da Vinci, o cirurgião não opera diretamente no paciente. Fica sentado numa consola, a partir da qual manuseia os master controls, e o sistema traduz os movimentos das mãos do médico em impulsos que são literalmente transmitidos aos braços robóticos, permitindo-lhes alcançar áreas anatómicas de difícil acesso. A visão tridimensional do sistema cirúrgico da Vinci, com ampliação até 10 vezes superior à vista humana, permite que o cirurgião trabalhe com grande precisão.

As vantagens são inquestionáveis quer na fase de intervenção, aumentando o controlo e reduzindo as perdas de sangue, quer na fase reconstrutiva. O sistema cirúrgico da Vinci permite acesso mais fácil em anatomias complicadas, faculta uma excelente visualização dos pontos de referência anatómicos e planos teciduais. Para além disso, são eliminados tremores fisiológicos ou movimentos involuntários do cirurgião e minimizada a fadiga postural após longas horas de intervenção.

O recurso a este sistema de cirurgia robótica apresenta diversas vantagens clínicas para as equipas médicas, para o sistema nacional de saúde e, sobretudo, para os pacientes. O sistema cirúrgico da Vinci Xi permite ao doente aceder a um tratamento minimamente invasivo, com pequenas incisões e melhores resultados estéticos, menor necessidade de transfusões, redução da dor pós-operatória e do tempo de internamento hospitalar, o que possibilita um regresso mais rápido às atividades normais. Nestes tempos tão desafiantes para a gestão dos recursos hospitalares, a tecnologia torna-se, mais uma vez, uma boa aliada dos sistemas de saúde.

Autor: 
Pablo Díez - Business Diretor da Abex - Excelência Róbotica para a Península Ibérica
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
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