Dia Mundial Sem Tabaco

Tabaco e a Covid-19: “é ainda mais premente investir na cessação tabágica”

Atualizado: 
29/05/2020 - 11:59
O tabagismo, nas suas diferentes formas (cigarro, charuto, cachimbo, cigarro eletrónico, iqos, etc) é considerado a principal causa de mortalidade evitável nos países desenvolvidos. De acordo com os últimos dados disponíveis um em cada cinco portugueses, com mais de 15 anos, fuma regularmente.

O tabagismo é um fator de risco bem conhecido para muitas infeções respiratórias e de gravidade das doenças respiratórias genericamente.

No contexto atual da pandemia por SARS-CoV-2 é ainda mais premente investir na cessação tabágica.

Apesar de muitas incógnitas iniciais sobre o papel do tabagismo nesta pandemia e de muita desinformação, a verdade é que os dados científicos começam a surgir e revelam de forma consistente que os fumadores têm um risco ligeiramente acrescido de contrair a infeção, mas sobretudo quando infetados necessitam com mais frequência de ventilação invasiva em unidades de cuidados intensivos e têm maior mortalidade.

Se por um lado existe muita ansiedade associada ao isolamento e à incerteza em relação ao futuro próximo, na verdade os períodos de crise devem constituir uma oportunidade de reflexão e de mudança de comportamentos, promovendo um estilo de vida mais saudável.

Fumar implica retirar a máscara, o que já por si aumenta o risco de contaminação, por outro o movimento de fumar levando a mão à boca é repetido pelo fumador de 20 cigarros dia cerca de 300 vezes num dia!

Fumar em ambientes fechados aumenta os riscos para a saúde do próprio e dos conviventes. Não basta ter uma janela aberta, o fumo do cigarro fica depositado por longos períodos nas superfícies (mesas, teclado de computador, sofás, etc).

Nos doentes com doenças respiratórias crónicas torna-se mais difícil detetar alterações como tosse ou falta de ar pois estes doentes queixam-se frequentemente destes sintomas.

A maioria dos fumadores tem dificuldade em deixar de fumar sem apoio clínico e de medicação.

Numa consulta de cessação tabágica é feita uma avaliação personalizada de eventuais efeitos deletérios associados ao consumo de diferentes produtos de tabaco. Após uma análise cuidadosa da história tabágica, avaliação de grau de dependência e motivação é elaborado um plano de apoio ao fumador que poderá incluir: prescrição de medicamentos, plano nutricional, etc. É fundamental um acompanhamento do fumador ao longo de todo o processo, que inclui por vezes fases de recaída com necessidade de mais do que uma tentativa, até atingir um sucesso duradouro.

Dia 31 de Maio comemora-se mais um dia Mundial Sem Tabaco. Este ano a organização mundial de saúde escolheu como tema central um problema que tem sido ignorado: o início do consumo de tabaco por crianças, de forma particular nos países menos desenvolvidos, que são alvos fáceis de uma indústria que precisa de novos consumidores sem muitas vezes olhar a meios.

Aproveite este período para iniciar uma nova etapa livre de fumo e dependência, para que quando tirar a máscara seja para respirar ar puro!

Autor: 
Dr. Miguel Guimarães – Pneumologista Hospital Lusíadas Porto
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay