SPO explica o que é a ambliopia

Sabia que as crianças geralmente não se queixam, mesmo quando têm problemas de visão?

Atualizado: 
01/06/2021 - 15:03
Nas crianças, o primeiro exame é realizado pelos pediatras ainda na maternidade - com o teste do luar pupilar - que é frequentemente revisto pelo médico de família ou pediatra nas várias consultas, durante o primeiro ano de vida. À medida que crescem, os mais pequeninos podem não apresentar queixas e não notar, por exemplo, que a visão num dos olhos é diferente da visão no outro e aprendem a " compensar"... muitas vezes é um professor/a que nota que a criança semicerra os olhos ou que cobre um olho para ler o quadro; os pais e mães também podem reparar que os filhos se aproximam muito do televisor/monitor ou que quase colam a cara aos livros para conseguir ler - estes podem ser sintomas de ambliopia, mais conhecida como "olho preguiçoso".

O que é, afinal, a ambliopia?

Consiste, basicamente, na diminuição da acuidade visual e da alteração de outras características da visão como o contraste, de um olho ou dos dois olhos devido a problemas no desenvolvimento da visão durante a primeira infância. Desde o nascimento, os olhos enviam estímulos visuais (as imagens) através do nervo ótico para o cérebro, que as interpreta. Na ambliopia, o cérebro recebe duas imagens diferentes e em simultâneo e vai suprimir a que está pior ou desfocada, ficando apenas com a que está melhor, ignorando o olho cuja imagem é menos nítida. Quando as duas imagens são más, pode não haver uma estimulação cerebral suficiente e não se desenvolver o sistema visual de ambos os olhos.

O que provoca a ambliopia?

A ambliopia é então provocada pela falta de estimulação do córtex visual durante a infância. Isso pode acontecer do ponto de vista oftalmológico por diferentes razões:

  • pela existência de estrabismo - um desalinhamento dos eixos visuais dos olhos;
  • pela existência de uma graduação muito díspar entre os olhos (anisometropia);
  • pela existência de alterações da transparência dos meios óticos, como por exemplo quando existem cataratas (opacidades da lente natural do olho – cristalino) congénitas.

Evidentemente do ponto de vista neurológico, qualquer alteração grave nos centros de leitura e interpretação das imagens ao nível do cérebro também pode implicar o não desenvolvimento da visão.

Para corrigir a ambliopia e dependendo da causa oftalmológica poderá ser necessário recorrer a óculos ou cirurgia complementados com a oclusão (tapar o olho dominante).

Quanto mais precoce for o tratamento, maior a probabilidade de recuperação da capacidade de visão da criança. 

É aconselhável realização de rastreio ocular por volta dos 2-3 anos de vida para exclusão de ambliopia e a observação por médico oftalmologista em qualquer idade caso surjam sinais ou sintomas.

Autor: 
Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO)
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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