Retoma desportiva de Verão: riscos ocultos em atletas de férias

QUANDO O ENTUSIASMO SE TRANSFORMA EM LESÃO
Com menor força, coordenação e resistência muscular, o sistema músculo-esquelético torna-se mais vulnerável. Sem preparação adequada, a retoma pode traduzir-se em:
- Tendinites (joelho, ombro, Aquiles)
- Lesões musculares (isquiotibiais, gémeos)
- Lombalgias agudas por sobrecarga
- Entorses e instabilidade articular
- Síndromes de sobrecarga (como fascite plantar)
Estas lesões são frequentes nas primeiras duas a três semanas após a pausa e têm um impacto clínico relevante, sobretudo se forem desvalorizadas no seu início.
O PERFIL TÍPICO DO “ATLETA DE FÉRIAS”
A prática clínica confirma-o: adultos aparentemente saudáveis, sem treino de base ou com histórico de lesões mal recuperadas, que retomam atividade física de forma intensa e pouco estruturada. O denominador comum? Falta de reforço técnico, ausência de progressão e desvalorização da fadiga ou da dor.
Mesmo em modalidades como corrida, padel, ginásio ou caminhadas prolongadas, a combinação de motivação elevada e ausência de preparação pode gerar consequências sérias.
OS 5 ERROS MAIS COMUNS NA RETOMA
- Perda de força e proprioceção
- Fadiga precoce e desidratação
- Calçado ou pisos inadequados
- Treino sem aquecimento ou recuperação
- Ausência de avaliação médica
Ignorar estes fatores, potencia lesões e aumenta o risco de evolução para quadros crónicos ou reincidentes.
PREVENIR É MAIS FÁCIL DO QUE RECUPERAR
Enquanto especialista em medicina desportiva, reforço um conjunto de princípios simples — mas clinicamente eficazes:
- Retome de forma progressiva
- Dê prioridade à técnica e à mobilidade
- Reforce a musculatura e alongue após o treino
- Hidrate-se bem e inclua pausas
- Escute os sinais do corpo
CONSULTE ANTES DE REGRESSAR
A consulta de medicina desportiva permite identificar desequilíbrios, avaliar articulações vulneráveis e adaptar a retoma ao seu perfil. Um plano de treino individualizado pode fazer a diferença entre regressar com segurança ou parar por lesão.
Se já há dor, o diagnóstico precoce é essencial para evitar agravamentos.
CONCLUSÃO: VOLTAR SIM, MAS COM RESPONSABILIDADE
Voltar a treinar depois das férias é uma excelente decisão. Mas deve ser feita com inteligência clínica, progressividade e respeito pelos sinais do corpo.
Voltar ao exercício é positivo. Mas voltar com critério é essencial.
Como costumo dizer: a melhor forma de tratar… continua a ser prevenir.