Terapeuta explica

Presbifonia ou envelhecimento da voz: saiba quais os cuidados a ter

Atualizado: 
16/04/2021 - 15:54
Embora não seja muito comum falar-se deste tema, a verdade é que tal como o nosso corpo que vai envelhecendo com o tempo, o mesmo acontece com a nossa laringe, levando a algumas alterações na voz. Com a ajuda da especialista em Terapia da Fala, Lina Marques de Almeida, explicamos-lhe em que consiste a Presbifonia e o que pode fazer para manter para manter uma voz jovem por mais tempo.

De acordo com Lina Marques de Almeida, Terapeuta da Fala do Hospital Lusíadas de Lisboa, a Presbifonia diz respeito a um conjunto de “alterações na voz influenciada pelo envelhecimento e alterações anatómicas e fisiológicas” da laringe. Fazendo parte do natural processo de envelhecimento, as “queixas” habituais são: “tremor, rouquidão, diminuição da intensidade, instabilidade e fadiga vocal durante a fala e/ou o canto”.

Não existindo evidência científica “que relacione as profissões ou comportamentos que aumentem o envelhecimento geral e, por conseguinte, da voz”, sabe-se, no entanto, que existe um conjunto de hábitos que podem conduzir a alterações da qualidade da voz. Entre eles, destacam-se os hábitos tabágicos, o consumo de álcool, o refluxo gastroesofágico (azia), ou o uso da voz sem técnica vocal e por longos períodos.

Assim, de modo a evitar o envelhecimento precoce da voz, a especialista aconselha a manter “um estilo de vida saudável ao longo do tempo”, seguindo algumas regras, como: “manter a hidratação diária, não fumar, não consumir bebidas alcoólicas, evitar gritar e falar alto por longos períodos e se formos profissionais de voz (como cantores, professores, formadores, entre outros) devemos realizar exercícios de aquecimento e desaquecimento vocal antes e depois de longos períodos a falar”.

No que diz respeito ao tratamento, “A Terapia da Fala e a cirurgia são possíveis soluções” para a Presbifonia. No entanto, a terapeuta adverte que estas opções “devem ser discutidas juntamente com o médico Otorrinolaringologista”.

“Implementar hábitos sociais, como fazer parte de um “coro amador”, de “grupos de leitura, poesia ou debate”, pode ajudar a prevenir a presbifonia e, ao mesmo tempo, ajuda a evitar o isolamento social”, acrescenta Lina Marques de Almeida.

A rouquidão é sempre um sinal que deve considerar de alerta para múltiplas condições que envolvem o aparelho vocal. Sobretudo, quando esta está instalada há mais de 15 dias. “Seja em que idade for, uma rouquidão, ou sinais de alterações na voz, que duram há mais de 15 dias devem ser avaliadas por um médico Otorrinolaringologista e um Terapeuta da Fala. Desta forma, podemos começar a atuar o mais cedo possível e prevenir outros problemas/patologias”, reforça.

“Esteja atento se fica rouco com frequência, se sente dor e/ou dificuldade a falar ou se tem necessidade de arranhar a “garganta” (pigarreio)”, alerta a especialista referindo que “como habitualmente as pessoas conseguem comunicar mesmo roucas acabam por se habituar à sua voz. Contudo, não é normal”.

“Não considere que uma voz rouca é uma voz saudável”, sublinha adiantando que há patologias como “lesões nas cordas vocais (nódulos, pólipos, quistos), paralisia das pregas vocais, refluxo gastroesofágico, cancro da laringe” que, embora não provoquem presbifonia, “levam a alterações da qualidade vocal” pelo que devem ser consideradas.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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