Opinião

Peso da Mente e da Mentalidade na Obesidade

Atualizado: 
25/01/2022 - 10:31
A Obesidade é uma doença crónica, considerada como um dos maiores problemas de saúde pública do século XXI, ultrapassando em muito as questões estéticas, sendo um factor de risco para várias patologias. A literatura tem demonstrado que a dimensão psicológica exerce um papel preponderante nesta patologia, nomeadamente ao nível da manutenção e perda de peso, bem como na aquisição de hábitos saudáveis.

A sociedade actual impõe padrões de beleza, em que o ser magro é sinónimo de sucesso nas relações humanas e sociais. Esta pressão social desencadeia no indivíduo uma “luta” entre o corpo e a mente, para atingir esse objectivo o que pode dar origem a quadros patológicos de depressão, de ansiedade ou de stress, interferindo com o autoconceito e a autoestima. Promovendo a tendência de desvalorizar a qualidade de vida e os cuidados com o corpo, uma incorrecta selecção dos alimentos, uma desmotivação para a prática do exercício físico e a um desinvestimento na aparência, ou seja, a adoptar estilos de vida pouco saudáveis.

A comida é utilizada para preencher vazios emocionais causados por diversas situações com as quais as pessoas não conseguem lidar de uma forma positiva (e.g. problemas relacionais, laborais...). O ato de comer de forma compulsiva, acaba por ser um comportamento aditivo, uma vez que a comida dá prazer e proporciona um alívio imediato. Contudo, após a ingestão alimentar, a pessoa volta a sentir os mesmos estados emocionais e uma sensação de vergonha, nojo e/ ou culpa por ter comido e, tudo continuar igual na sua vida. Neste sentido, verifica-se que os problemas emocionais disfuncionais funcionam como antecedentes e consequentes do comportamento alimentar associado ao excesso de peso.

Por outro lado, os indivíduos obesos ou com excesso de peso têm crenças disfuncionais sobre a alimentação e o peso (“sou um fracasso por não conseguir emagrecer”; “como porque estou ansioso”; “estou gordo assim por causa da minha ansiedade”; “preciso aprender a controlar a ansiedade para poder perder peso”, “sou ridículo/ fracassado por comer demais”...), que funcionam como “armadilhas” nos processos cognitivos, promovendo padrões disfuncionais de alimentação.

As pessoas obesas ao sofrerem de discriminação e de preconceito, sendo estigmatizadas podem desenvolver quadros depressivos, levando ao isolamento social, afectando a qualidade de vida. Estes sentimentos de rejeição, humilhação e a falta de confiança nos contactos sociais levam a que estas pessoas vejam a comida como a grande fonte de prazer, adoptando um estilo alimentar pouco saudável.

Grosso modo, pode-se referir que a alteração de pensamentos, sentimentos e comportamentos disfuncionais são essenciais para adopção de comportamentos e de estilos de vida saudáveis, nos padrões alimentares e de actividade física, sustentados no tempo.

 

Autor: 
Marco Guerreiro - Psicólogo Clínico na Clínica Biscaia Fraga
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
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