Opinião

Papel da enfermagem no âmbito da Saúde Mental na Infância e Adolescência

Atualizado: 
22/10/2021 - 10:36
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as crianças e os adolescentes constituem um grupo prioritário para intervir na área da saúde mental, a qual deve ser entendida por meio de um conceito ampliado de saúde, pois compõe o viver das pessoas e vai além da ausência de transtornos mentais (OMS, 2019). Importa salientar que para as crianças e os adolescentes, a saúde mental, a física e a social são fios de vida estreitamente entrelaçados e profundamente interdependentes.

É à luz destes conceitos que a Enfermagem se posiciona no âmbito da prestação de cuidados, e no caso particular do regime de internamento, na saúde mental na Infância e Adolescência.

As intervenções de enfermagem focam-se na aplicação de medidas para ajudar as crianças/adolescentes a recuperarem o senso de controle sobre as suas vidas, além de alinhar serviços para que elas possam retornar às suas comunidades e ao melhor nível possível de funcionalidade. Visam, também, a estabilização do comportamento, o manejo da crise e envolve uma avaliação completa. Uma vez que durante a prestação de cuidados, estes são diretamente afetados pelo ambiente, uma das responsabilidades major pela criação e manutenção do ambiente terapêutico é da equipa de Enfermagem. Os objetivos do ambiente terapêutico consistem em ajudar as crianças e jovens “a aumentar a sua autoestima e sentimentos de valor pessoal, melhorar a sua capacidade para se relacionar com os outros e possibilitar que trabalhem e vivam de forma mais atuante na comunidade” (Taylor, 1992). Atividades como “comer, dormir, socializar, receber medicações e tratamento, atender às necessidades e interesses pessoais dos pacientes” são consideradas importantes, sendo que no ambiente terapêutico todo o tipo de interações existentes (Kyes & Hofling, 1985) entre os enfermeiros e as crianças/jovens são consideradas significativas.

Para além da intervenção direta com a criança /adolescente, o enfermeiro atua diretamente no seu seio familiar, de forma a que todo o contexto esteja preparado e mais capacitado para a alta clínica.

Em suma, os objetivos da atuação dos enfermeiros em contexto de internamento são a “melhoria clínica, a autonomia e a boa reintegração familiar” (Monteiro, 2014). No processo de transição saudável, este só poderá ocorrer se a criança e o adolescente incorporarem os novos conhecimentos que resultem em comportamentos mais ajustados e noções acerca dos acontecimentos que provoquem uma mudança em si mesmo. Neste sentido, os enfermeiros têm um papel preponderante no cuidar da criança e adolescente no contexto de saúde mental

Autor: 
Enfermeira Sara Ferreira - cédula profissional nº 76609
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay