Opinião

O charme de uma vida “low-profile”

Atualizado: 
16/09/2025 - 15:51
Vivemos numa era em que cada detalhe da nossa rotina parece estar sob a lente de uma câmara. Fotografar o pequeno-almoço, partilhar o treino do dia, exibir a viagem perfeita… Durante muito tempo, isso foi sinónimo de status, modernidade e até prestígio social. Mas os tempos mudaram.

Uma pesquisa recente mostra que a Geração Z está a abraçar um novo estilo de vida: o low-profile. Longe dos holofotes digitais, esta geração prefere resguardar-se, partilhar menos e viver mais. O excesso de exposição deixou de ser sinal de modernidade para se tornar, muitas vezes, um peso — ou até um motivo de vergonha. Para muitos jovens, publicar cada detalhe já é visto como ultrapassado, um hábito do qual procuram afastar-se.

E há uma razão profunda para isso: a saturação. As redes sociais, com a sua constante exigência de presença, criaram uma atmosfera de comparação, ansiedade e pressão para corresponder a padrões irreais. Ao recusar-se a alimentar esse ciclo, quem escolhe o estilo low-profile encontra uma forma de proteção emocional, mas também uma afirmação de liberdade.

No fundo, trata-se de um regresso ao essencial: viver sem a necessidade de provar, mostrar ou justificar cada passo. Ser discreta deixou de ser sinónimo de invisibilidade e passou a ser símbolo de autocontrolo, sofisticação e autenticidade.

Para as mulheres, sobretudo, esta tendência pode ser libertadora. Libertar-se do julgamento externo, do olhar constante dos outros, é um convite para reencontrar a própria voz — e cultivá-la em silêncio, se assim o desejar.

Adotar uma vida low profile não é desaparecer. É escolher com consciência aquilo que realmente merece ser partilhado. E, muitas vezes, a vida ganha mais valor justamente naquilo que se guarda só para si.

Gostaria de deixar um plano prático e inspirador, em forma de “menu do dia”, que pode acompanhar o artigo:

Menu Diário Low​-Profile

Entrada

  • Acorde sem correr para o telemóvel. Respire fundo, alongue-se, sinta o corpo acordar.
  • Um chá ou café quente, saboreado em silêncio, sem pressa nem notificações.

Prato Principal

  • Viva o momento em vez de o publicar. Guarde pelo menos um instante só para si, um passeio, uma refeição, uma conversa.
  • Pratique a arte do “não responder já”. Nem tudo exige urgência. Dê-se o direito de viver no seu ritmo.

Sobremesa

  • Escreva três pequenas gratidões do dia num caderno (em vez de as partilhar online).
  • Permita-se desligar do digital uma hora antes de dormir — escolha um livro, uma música suave ou apenas o silêncio.

Digestivo

Lembre-se: menos exposição não significa menos vida. Significa uma vida mais sua.

 

Autor: 
Alberto Lopes – neuropsicólogo | hipnoterapeuta das Clínica Dr. Alberto Lopes - Psicologia & Hipnose Clínica
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.