Como exercitar o cérebro

Neuroplasticidade como prevenção contra perda de memória: especialista deixa 10 dicas

Atualizado: 
15/03/2022 - 15:22
Quando o cérebro humano se reorganiza para aprender algo novo, ele exerce a neuroplasticidade, que constitui uma forma de estímulo cerebral benéfica para os tecidos neurais. Os estudos do neurocientista e biólogo Fabiano de Abreu Agrela, mostram que a neuroplasticidade pode promover mais células gliais que dão suporte ao funcionamento do órgão e prevenção contra agentes nocivos.

“Exercitar o cérebro permite ampliar e melhorar a forma dos neurónios, promovendo resultados benéficos para a saúde ao longo da vida e diminuindo as hipóteses de desenvolver doenças neurológicas”, informa o neurocientista Doutor Fabiano de Abreu Agrela.

Um exemplo dos benefícios preventivos da neuroplasticidade é a resposta dos tecidos cerebrais contra o coronavírus: “a proteína da Covid-19 se acopla aos astrócitos, que são células gliais que dão suporte aos neurónios. Elas possuem as mais diversas funções, entre elas estão proteção, energia e nutrição neural”, adverte Agrela. “O coronavírus prejudica o funcionamento dos astrócitos e consequentemente desencadeia perda de memória. Portanto, exercer a neuroplasticidade e fortalecer a saúde desses tecidos é um cuidado preventivo para os males do vírus”, afirma.  

O tecido do cérebro é maleável, podendo sempre melhorar conforme estímulos externos. Portanto, a adoção de hábitos saudáveis aliada a estímulos benéficos podem promover grandes benefícios para a saúde do tecido cerebral e do corpo como um todo.

 “A neuroplasticidade cerebral promovida mediante ao processo de aprendizagem condiciona não apenas uma boa saúde mental, como também diminui os danos de doenças que atacam as células neuronais”, constata o neurocientista professor e pesquisador da Universidad Santander. Exercitar o cérebro permite ampliar e melhorar a forma dos neurônios, promovendo resultados benéficos para a saúde ao longo da vida e diminuindo as chances de desenvolver doenças neurológicas.

 Um estudo feito pela cientista Marian Diamond constatou que Einstein tinha mais células gliais por neurónio que a maioria das pessoas, fator relacionado com a sua inteligência: “logo, as pessoas mais inteligentes têm neurónios maiores e podem ter mais células gliais para que deem um melhor suporte”, pontua o PhD em neurociência, membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos e da Redilat, rede de cientistas latino-americanos Fabiano de Abreu Agrela.

 Além disso, o neurocientista destaca que hábitos como uma alimentação saudável, a prática de exercícios físicos, boas noites de sono e também o controle do stress e da ansiedade podem beneficiar o funcionamento dos neurónios e garantir tecidos mais saudáveis para responder contra a ação de agentes nocivos como os exemplos abaixo:

  1. Alimentação - Estamos cansados de saber que dietas como a japonesa e a do mediterrâneo ajudam nesta neuroplasticidade.  
  2. Exercícios físicos - Sim, há uma libertação de neurotransmissores que ajudam no processo de memorização, crucial para a neuroplasticidade.  
  3. Dormir de noite e não de madrugada - Começamos a libertar melatonina, neurotransmissor crucial para o "reset" do cérebro ao anoitecer, sua produção mais intensa acontece das duas às quatro da madrugada. Durante o sono ocorre, no sistema nervoso central, uma limpeza de substâncias nocivas como as beta-amiloides. No hipocampo as memórias são recolhidas provisoriamente durante a noite e depois vão para o lobo frontal, onde se dá a escolha entre o que interessa ou não guardar, armazenando as escolhidas através de ondas do sono profundo, para o córtex cerebral onde são armazenadas. O sono lento e profundo ajuda a consolidar o que se aprendeu.
  4. Auto-observar-se - observar atentamente os seus pensamentos, sentimentos e sensações corporais.
  5. Procure as perguntas e não as respostas – Elas são melhores para que explore o conteúdo mais completo enquanto as perguntas são mais bem definidas e a emoção na expectativa é ilimitada até que a resposta a limita.  
  6. Faça o oposto – Se está mal, troque, mude o seu ponto de vista, mas não apenas isso, mude a mão que escova os dentes, ande de costas, inverta as mãos no teclado, mude os exercícios físicos. Obrigue o seu cérebro a trabalhar em novas vertentes já que fazer a mesma coisa consolida o modo automático do cérebro.  
  7. Controle a ansiedade – A ansiedade aciona o sistema simpático do corpo, alterne acionando o sistema nervoso periférico para tirar o foco da ansiedade, como faz isso? Mexendo em partes do corpo como pés, nádegas, coxas, braços, aperte com vontade e sinta. Pense em palavras que te tragam pensamentos relaxantes, uma palavra já te leva a outra atmosfera mental. Mude o pensamento, revertendo-o para o que não te traga ansiedade.  
  8. Metas alcançáveis - Tenha metas em que sua capacidade as faça alcançar. É melhor ter milhares de metas alcançáveis do que uma só impossível que possa te frustrar caso não a conquiste. As metas são motivos de vida e te levam a procurar conhecimento para conquistá-las.
  9. Estímulo intelectual – Ler, estudar, escrever trabalhos com pesquisas, fazer resumos, aprender música, novos idiomas e áudios e vídeos que tragam conhecimento são menos eficazes, mas é melhor que nada.  
  10. Arte e dança - Isso mesmo, dance, ou pinte um quadro, que tal desenhar o que aprendeu? Explore seu lado artista, afinal, Leonardo da Vinci foi um génio.
Fonte: 
MF Press Global
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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