O que são?

Linfomas não Hodgkin

Atualizado: 
03/02/2025 - 13:14
Os linfomas não Hodgkin (LNH) são doenças tumorais do tecido linfático e são o tipo de linfomas mais frequente. A maioria (80%) é devida a uma transformação maligna dos linfócitos B; cerca de 20% tem origem nos linfócitos T.

Os linfocitos B têm origem na medula, passam para o sangue e localizam-se depois em diferentes zonas dos gânglios linfáticos, onde vão adquirir características particulares, nomeadamente o aparecimento de determinadas proteínas à sua superfície - antigénios -, designados por CD, que permitem a sua identificação; uma das caracteristicas dos linfocitos B é serem CD20 positivos. 

Os linfocitos T amadurecem no timo e circulam depois no sangue, localizando-se também em alguns orgãos; caracterizam-se por serem CD3+.

A transformação tumoral vai levar a um crescimento não controlado dos linfocitos e/ou  à diminuição da morte celular; como consequência há acumulação dessas células com aumento dos gânglios, podendo frequentemente existir infiltração da medula óssea e de outros orgãos.

Há vários tipos de linfoma não Hodgkin?

Existem dezenas de tipos de LNH que estão relacionados com a zona do gânglio onde ocorre a transformação maligna do linfocito. Ao longo dos anos têm surgido diferentes classificações, que são cada vez mais extensas e complexas, mas do ponto de vista clínico podemos dividir os linfomas em dois grandes grupos: baixo grau e alto grau de malignidade.

Baixo grau de malignidade, ou indolentes - têm um crescimento lento e em alguns casos pode não ser necessário iniciar de imediato o tratmento; respondem bem à terapêutica, mas há frequentemente recaídas. Os mais frequentes são:

  • Linfoma folicular
  • Linfoma difuso de pequenas células
  • Linfoma da zona marginal - Linfoma MALT
  • Linfoma do manto - alguns sub-tipos
  • Macroglobulinémia de Waldenstrom
  • Linfomas cutãneos

Alto grau de malignidade, ou agressivos - o crescimento é rápido, por vezes colocando em risco a vida e necessitam de tratamento urgente; a resposta ao tratamento é geralmente boa. Os mais frequentes são:

  • Linfoma difuso de grandes células
  • Linfoma anaplásico
  • Linfoma do manto 
  • Linfoma de Burkitt 
  • Linfoma T periférico
  • Linfoma do sistema nervoso central
  • Linfoma associado ao VIH

Qual é o tratamento?

O tratamento dos linfomas pode incluir diversos tipos de medicamentos - quimioterapia e outros fármacos - e radioterapia. A opção terapêutica mais adequada será discutida pelo médico e pelo doente, de acordo com o tipo de linfoma e a sua situação clínica. 

Alguns dos medicamentos mais utilizados no tratamento dos linfomas não Hodgkin.

Quais são as complicações do tratamento?

Os efeitos secundários podem ser controlados e são na sua maioria, reversíveis. Deve sempre relatar esses sintomas à equipe que o trata, para que actuem rápidamente e se evitem situações mais graves.

Sintomas habituais resultantes do tratamento:

É habitual a sensação de cansaço e falta de apetite.

A quimioterapia vai agravar a anemia pelo que podem ser necessárias transfusões de sangue.

Com o tratamento diminuem ainda mais os globulos brancos e portanto é maior o risco de infecções, que nos linfomas é já importante.  As infecções, particularmente as pneumonias, são a causa de morte mais frequente nestas doenças. Deve recorrer ao seu médico se surgirem febre ou outros sintomas, como arrepios, tremores, tosse, expectoração, falta de ar, queixas urinárias ou diarreia, e deve evitar contacto com pessoas com gripe ou outras doenças contagiosas. Uma das infecções frequentes é a "zona" provocada pelo vírus herpes-zoster, que se manifesta por dor ou sensação de queimadura numa zona da pele, com aparecimento de pequenas vesículas e que requer tratamento imediato.

Podem surgir pequenas hemorragias na pele, ou nódoas negras, assim como hemorragias do nariz ou gengivas pela diminuição das plaquetas (trombocitopénia). Se o valor for muito baixo pode ter de levar transfusões de plaquetas.

A quimioterapia provoca muitas vezes enjoo e vómitos, mas actualmente existem medicamentos muito eficazes para combater estes sintomas.

A queda de cabelo é reversível e muitas vezes o cabelo nasce mais forte. A pele fica mais sensível e deve evitar exposição ao sol. É importante manter a pele hidratada e tratar as infecções da pele ou das unhas.

Podem surgir aftas ou lesão da mucosa da boca – mucosite.

A diarreia ou prisão de ventre são frequentes.

Os corticoides aumentam o risco de infecções e levam a um maior apetite com aumento de peso e o aparecimento de “ cara de lua cheia”; este efeito é, regra geral, completamente reversível. Aumentam também a glicémia, a retenção de liquidos e a tensão arterial. Por vezes causam irritabilidade e insónias e pode necessitar de medicação para controlar estas situações.

Esta é uma doença mais frequente nos mais idosos, mas pode ocorrer em pessoas mais jovens. Neste caso devem ser tomadas medidas anticoncepcionais, pois o risco de malformações no feto, provocadas pelo tratamento, é muito elevado. Estas medidas aplicam-se não só às doentes do sexo feminino, como também aos doentes do sexo masculino que tenham uma companheira em idade fértil.

Alguns citostáticos têm efeitos secundários particulares:

  • Ciclofosfamida - alteração da cor da pele, cistite hemorrágica
  • Doxorrubicina – alterações cardíacas
  • Vincristina – neuropatia periférica. Diminuição do sódio no sangue (hiponatrémia)
  • Bleomicina - fibrose pulmonar

Posso fazer a minha vida normal?

É muito importante que mantenha uma vida activa, com alimentação saudável, hidratação adequada e aconselha-se vivamente que deixe de fumar!

Deve ter especial atenção à prevenção e tratamento precoce das infecções, que são a principal causa de hospitalização e podem ser muito graves, pondo em risco a sua vida. Evite ambientes frios e húmidos, assim como demasiado aquecidos, locais com muita gente e contacto com pessoas infectadas.

Fale com o seu médico sobre a possibilidade de ter um antibiótico em casa, para a eventualidade de surgir febre, tosse, ou outros sintomas, e como poderá contactar rápidamente a equipe que o trata se for necessário.

Deve abordar a possibilidade de fazer algumas vacinas, como a da gripe e a vacina antipneumocócica. Outra medida que pode ser aconselhável é a de ginástica respiratória, particularmente se foi fumador ou se já teve infecções respiratórias de repetição.

Nalguns casos em que a produção de anticorpos está muito diminuida, pode estar indicada a administração endovenosa de imunoglobulinas, para evitar a possibilidade de infecções.

Não deve esquecer o risco de outras neoplasias, fazendo o rastreio indicado para os tumores do tubo digestivo, pele e do foro ginecológico.

O apoio psicológico, familiar e o de outros doentes é fundamental e a APCL está ao seu dispor para os esclarecimentos e ajuda que necessitar. Pode encontrar algumas indicações úteis em “ Viver Melhor”.

Fonte: 
Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL)
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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