Tumores

Linfoma de Hodgkin: do diagnóstico ao tratamento

Atualizado: 
04/02/2021 - 12:53
O linfoma de Hodgkin é um tipo de cancro que atinge o sistema linfático. Apesar de poder afetar pessoas de qualquer idade, é mais frequente entre os 20 e os 40 anos ou após os 55 anos. O aumento dos gânglios é, habitualmente, o primeiro sinal de alerta. Esteja atento!

O Linfoma de Hodgkin é um tipo de cancro hematológico, uma vez que se desenvolve nos linfócitos. Os linfócitos são um tipo de leucócitos (ou glóbulo branco) presente no sangue, cuja função é combater infeções.

O linfoma pode desenvolver-se partir de dois tipos de linfócitos: os linfócitos B ou T. Os linfócitos T são importantes na regulação do sistema imunológico e no combate a infeções virais. Os linfócitos B produzem anticorpos que são essenciais para combater algumas infeções.

O linfoma de Hodgkin clássico surge quando linfócitos B sofrem mutações do seu ADN. Estas mutações fazem com que as células se dividam rapidamente e perdurem, mesmo quando células normais morreriam.

Embora não se saiba ao certo o que leva ao desenvolvimento deste tipo de cancro, estima-se que existam alguns fatores de risco:

  • Idade – o linfoma de Hodgkin é mais frequentemente diagnosticado em pessoas com idade entre os 15 e os 30 anos ou com mais de 55 anos.
  • Sexo – pessoas do sexo masculino têm risco um pouco maior de desenvolvimento de linfoma de Hodgkin.
  • História familiar de linfoma – ter um familiar próximo com linfoma de Hodgkin ou linfoma não-Hodgkin aumenta o seu risco de desenvolver linfoma de Hodgkin.
  • Infeção por vírus de Epstein-Barr/monucleose infecciosa – pessoas que tiveram infeções pelo vírus de Epstein-Barr têm maior risco de desenvolver linfoma de Hodgkin, comparativamente a quem não teve esse tipo de infeção.
  • Sistema imunitário enfraquecido – ter o sistema imunitário enfraquecido, como acontece com infeção a VIH ou quando se faz tratamentos para suprimir reações imunitárias, aumenta o risco de linfoma de Hodgkin.

Tipos de Linfomas de Hodgkin

Existem dois tipos de Linfomas de Hodgkin:

  1. O linfoma de Hodgkin clássico é mais comum, correspondendo a cerca de 95% de todos os casos de linfoma de Hodgkin nos países desenvolvidos.

Este pode ser divido em vários subtipos:

  • Linfoma de Hodgkin tipo Esclerose nodular: é o tipo de linfoma de Hodgkin mais frequente em países desenvolvidos. Ocorre mais frequentemente em adolescentes e jovens adultos, mas pode ocorrer em pessoas de qualquer idade. Tende a começar nos gânglios linfáticos do pescoço ou tórax.
  • Linfoma de Hodgkin tipo Celularidade mista: é o segundo tipo mais comum, e aparece em adultos mais velhos, embora possa surgir em qualquer idade. Pode começar em qualquer gânglio linfático, mas é mais frequente afetar a metade superior do corpo.
  • Linfoma de Hodgkin tipo Predomínio linfocitário: este subtipo habitualmente afeta metade superior do corpo e apenas poucos gânglios.
  • Linfoma de Hodgkin tipo Depleção linfocitária: é a forma menos comum de linfoma de Hodgkin, correspondendo a 1% dos casos, visto principalmente em pessoas idosas. Há maior risco de doença ser avançada, envolvendo gânglios linfáticos do abdómen, e baço, fígado ou medula óssea.
  1. Linfoma de Hodgkin de predomínio Nodular Linfocitário corresponde a cerca de 5% dos casos de linfoma de Hodgkin. Este pode desenvolver-se em qualquer idade e é mais frequente entres os homens.

Este tipo de linfoma geralmente envolve os gânglios linfáticos do pescoço e axilas. Caracteriza-se por células grandes, que se parecem com pipocas, e que são variantes das células de Reed-Sternberg.

Sintomas

O primeiro sintoma de linfoma de Hodgkin é muitas vezes uma tumefação no pescoço, axila ou virilha, ou seja, a presença de gânglios aumentados nestes locais, sem presença de dor.

Febre, suores noturnos, perda de peso, fadiga, tosse, falta de ar e/ou comichão persistente pelo corpo todo, são outros dos sintomas associados à doença. No entanto, estes sintomas são manifestações comuns a outras doenças.

Diagnóstico

A suspeita da doença surge quando uma pessoa, sem infeção aparente, desenvolve aumento persistente e indolor dos linfonodos que dura várias semanas. A suspeita torna-se mais forte quando o aumento dos linfonodos é acompanhado de febre, suores noturnos e perda de peso.

Para além do exame clínico, para procurar gânglios linfáticos volumosos, no pescoço, axilas e virilhas, bem como aumento do fígado ou baço, é necessária a realização de métodos de diagnóstico específicos. É o caso de as análises ao sangue para procurar alterações que possam relacionar-se com o linfoma, os exames radiológicos, como a TAC ou PET que servem para procurar sinais de linfoma de Hodgkin noutras regiões do corpo.

É essencial proceder a uma biópsia e à colheita de uma amostra de medula óssea para análise.

Estes exames são importantes não só para o diagnóstico doença, mas para a definição do estadio em que se encontra, fundamental para a definição do seu tratamento.

Tratamento

Atualmente, existem várias opções para tratamento de linfoma de Hodgkin. Estes podem ser escolhidos para eliminar o tumor e/ou controlar sintomas:

  • Radioterapia – Utiliza radiação de alta energia para destruir células malignas. É utilizada para ajudar a diminuir os tumores e a controlar sintomas.
  • Quimioterapia – Utiliza medicamentos oncológicos que destroem células de cancro. A quimioterapia é utilizada no linfoma de Hodgkin em recaída ou refratário para diminuir o tamanho do tumor e aliviar sintomas.
  • Terapêutica dirigida – As terapêuticas dirigidas atuam sobre células malignas e podem impedir que cresçam e se disseminem. Só têm efeito em tipos específicos de células malignas.
  • Imunoterapia – Corresponde a medicamentos que atuam no sistema imunitário, com o objetivo de identificar e destruir as células cancerígenas.
  • Tratamento com células estaminais (ou células tronco) – Após quimioterapia de altas doses, podem ser administradas células estaminais ou medula óssea, isto porque a quimioterapia de altas doses para além de matar as células malignas, podem matar as células estaminais da medula óssea. Assim, antes da quimioterapia de altas doses, são colhidas células estaminais ou medula óssea, do doente ou de um dador que, após o tratamento, são administradas por via intravenosa.

 

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Fonte: 
Manuais MSD
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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