Já ouviu falar em Paralisia do sono?
Embora possa parecer assustadora, a paralisia do sono é uma experiência relativamente comum, estimando-se que um em cada quatro indivíduos a experimentará involuntariamente em algum momento da vida. Mais frequente durante a adolescência, parece estar associada a outras perturbações ou a condições que afetam a qualidade do sono. Neste artigo, e com a ajuda da especialista em Medicina do Sono, Isabel Luzeiro, vamos explicar tudo o que precisa saber sobre este transtorno.
O que é a Paralisia do Sono?
De acordo com a presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia, “a paralisia do sono ocorre quando há uma dissociação entre o cérebro e o corpo: numa das fases do sono chamada Sono REM (REM EYES MOVEMENTS) há uma atonia muscular completa. Isso impede que os sonhos tenham manifestações motoras, o cérebro está ativamente a recuperar”. Esta situação leva a que, ao acordar, exista uma dissociação entre a mente e o corpo. “A mente funciona e o corpo não mexe, não acorda”, explica Isabel Luzeiro.
Embora seja mais frequente acontecer ao acordar ou ao adormecer, em alguns casos, estes episódios podem ocorrer durante a noite.
Quais os sintomas?
Para além da sensação de falta de ar ou de não conseguir mover o corpo, as alucinações são várias vezes descritas no quadro deste transtorno. “As alucinações podem ser de pessoas, vozes, zoópsicas… mas sempre muito reais”, revela a especialista acrescentando que durante estes episódios os “sonhos muito vividos, muita das vezes de carácter negativo”. “A pessoa acorda, por vezes tem dificuldade em respirar, por vezes parece que tem alguém sentado em cima de si”, adianta.
Quais as causas?
Segundo Isabel Luzeiro, são vários os fatores que podem desencadear estes episódios de paralisia do sono:
- Stress;
- Ansiedade;
- Transtornos de stress pós-traumático;
- Sono irregular;
- Mudanças súbitas de vida;
- Uso de drogas para dormir;
- Consumo excessivo de álcool.
No entanto, embora esta possa ocorrer de forma isolada, a paralisia do sono “frequentemente, faz parte integrante de uma patologia do sono designada por narcolepsia, em que os ataques são recorrentes”.
Tem tratamento?
“As crises de paralisia do sono, na sua maioria, fazem parte integrante da narcolepsia e carateriza-se por ataques de sono incontroláveis, apesar da noite de sono ter sido repousante. A pessoa adormece subitamente em sono REM”, recorda a neurologista, segundo a qual, estes casos são frequentemente recorrentes e devem ser tratados. Neste sentido, “há vários tratamentos farmacológicos” que têm como objetivo “manter a pessoa acordada”. No entanto, segundo a especialista não existe “tratamento causal”.
Quando se tratam de episódios esporádicos e que não interferem negativamente na vida quotidiana de quem deles padecem, não é necessário recorrer a tratamento farmacológico. Nestes casos, que parecem associados a maus hábitos de sono, basta recorrer “apenas a medidas de vida saudável”, como:
- Evitar bebidas energéticas antes de dormir;
- Fazer refeições leves ao jantar;
- Ir para a cama sempre na mesma hora;
- Dormir entre 6 a 8 horas por noite;
- Acordar todos os dias na mesma hora.
Principais complicações
“Doentes com narcolepsia têm diversos problemas: sociais, profissionais e de autoestima”, esclarece Isabel Luzeiro concluindo que por se tratar de uma patologia “pouco reconhecida estes doentes, na sua maioria, não têm qualquer apoio e ainda são menosprezados e apelidados de preguiçosos”.