Literacia em Saúde

A importância da Segurança do Doente

Atualizado: 
22/07/2021 - 10:31
Os Delegados à 74.ª Assembleia Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), concordaram no passado dia 28 de maio de 2021, com uma ação concreta para eliminar os danos evitáveis na prestação de cuidados de saúde, adotando o primeiro “Plano de Ação Global para a Segurança do Doente 2021–2030”.

Esta é uma decisão histórica da OMS sobre a Segurança do Doente, que visa eliminar danos evitáveis na área de saúde a nível global.

Este plano de ação, pretende definir as linhas estratégicas para a tomada de ações concretas, com o objetivo de fortalecer e capacitar os sistemas de saúde a nível mundial, para diagnosticar, tratar, curar e cuidar, ao mesmo que se esforçam para respeitar o postulado de Hipócrates “Primeiro, não causar dano”.

Pois todos os anos, milhões de Doentes sofrem lesões ou morrem devido a cuidados de saúde inseguros em todo o mundo, com 134 milhões de eventos adversos a ocorrer anualmente apenas em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, contribuindo para 2,6 milhões de mortes. Mesmo nos países desenvolvidos, cerca de 1 em cada 10 Doentes sofrem danos enquanto recebem cuidados hospitalares. Estima-se que quase metade desses eventos possam ser evitados.

Já em 2019, uma Resolução da Assembleia Geral da OMS sobre uma “Ação Global sobre Segurança do Doente” reconheceu a Segurança do Doente como uma das principais prioridades da saúde global, solicitando que a OMS consultasse os países e as partes interessadas para formular um “Plano de Ação Global para a Segurança do Doente”.

Assim, a decisão do passado dia 28 de maio de 2021 fornece uma direção estratégica e prática aos países para formular políticas e implementar intervenções em todos os níveis e configurações destinadas a melhorar a Segurança do Doente.

O Plano de Ação descreve ações prioritárias a serem realizadas por governos, sociedade civil, organizações internacionais, organizações intergovernamentais, a OMS e, o mais importante, pelas instituições de saúde em todo o mundo.

Ao todo, contempla 7 Objetivos Estratégicos, a saber:

  • Desenvolver políticas de saúde para eliminar danos evitáveis;
  • Criar sistemas de saúde de elevada confiança;
  • Garantir a segurança dos processos clínicos;
  • Envolver e capacitar os doentes e as famílias;
  • Motivar, educar e capacitar os profissionais de saúde;
  • Garantir a informação e a investigação;
  • Desenvolver parcerias, sinergias e a solidariedade.

Deste modo, a OMS trabalhará em cooperação com os Estados Membros no desenvolvimento de seus respetivos planos de implementação, de acordo com o contexto nacional.

Recordo que em Portugal a Direção-Geral da Saúde (DGS), através do Departamento da Qualidade na Saúde (DQS), está neste momento a desenvolver o novo Plano Nacional para a Segurança dos Doentes (PNSD) 2021-2026.

É de recordar que no Despacho n.º 5613/2015, estava definida a Estratégia Nacional para a Qualidade na Saúde 2015-2020, pretendendo contribuir para o reforço da equidade como dimensão essencial do Serviço Nacional de Saúde (SNS), entendida como a garantia de que o acesso à prestação de cuidados de saúde se realiza em condições adequadas às necessidades, impondo o desafio, aos serviços prestadores de cuidados, de incorporarem, num quadro de melhoria contínua da qualidade e da segurança, as ações de promoção da saúde e de prevenção das doenças, da mesma forma que incorporam os cuidados curativos, de reabilitação e de paliação.

De facto, a qualidade e a segurança no sistema de saúde são uma obrigação ética porque contribuem decisivamente para a redução dos riscos evitáveis, para a melhoria do acesso aos cuidados de saúde, das escolhas da inovação, da equidade e do respeito com que esses cuidados são prestados.

Lembro que o Plano Nacional para a Segurança dos Doentes (PNSD) 2015-2020 teve o seu términus estando a Direção-Geral da Saúde (DGS), através do Departamento da Qualidade na Saúde (DQS), a desenvolver os trabalhos para o novo Plano Nacional para a Segurança dos Doentes (PNSD) 2021-2026, dando continuidade a este projeto de melhoria contínua da segurança do doente, dos profissionais de saúde e, consequentemente, do SNS.

De forma a apoiar e acompanhar o processo de elaboração do PNSD 2021-2026, a DGS estabeleceu uma parceria com a Escola Superior de Enfermagem de Lisboa e com a Escola Nacional de Saúde Pública, tendo constituído um grupo de trabalho consultivo.

Pretende-se que este seja um processo conjunto com os diferentes parceiros da saúde, e que daqui resulte um PNSD integrador e agregador que dê resposta às necessidades concretas da Saúde. O PNSD 2021-2026 será apresentado no presente ano de 2021.

Porque a Segurança do Doente se afigura como uma preocupação global de Saúde Pública onde Todos Somos Responsáveis pela Segurança do Doente. Fonte: https://cdn.who.int/media/docs/default-source/patient-safety/gpsap/final-draft-global-patient-safety-action-plan-2021-2030.pdf?sfvrsn=fc8252c5_5

     

Autores:

Maria Helena Junqueira
Enfermeira Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica – Serviço de Medicina do Hospital de Pombal – Centro Hospitalar de Leiria EPE
[email protected]

Pedro Quintas
Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária na área de Enfermagem de Saúde Familiar - Unidade de Cuidados na Comunidade Pombal
[email protected]

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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