Ordem dos Psicólogos Portugueses lança documento

“A Guerra Afeta-nos a Todos”: como gerir emoções e sentimentos numa situação de crise

Atualizado: 
07/03/2022 - 10:22
Consciente da forma como a Guerra perturba a Saúde Psicológica e o Bem-estar das pessoas, a Ordem dos Psicólogos Portugueses lançou esta sexta-feira um novo documento: “A guerra Afeta-nos a Todos: Gerir Emoções e Sentimentos Numa Situação de Crise”.

O documento lembra que todos reagimos de forma diferente a acontecimentos perturbadores e que cada um de nós tem capacidades e formas diferentes de lidar com emoções e sentimentos desagradáveis.

“É natural que ainda nos sintamos “em choque”” ou que “nos sintamos preocupados, ansiosos, stressados, assustados, angustiados, tristes, com medo. E irritados, zangados, impotentes. Também podemos sentir dificuldade em concentrarmo-nos, em tomar decisões ou em dormir”. Natural também é que “tenhamos receios e dúvidas acerca do futuro (Quanto tempo vai durar a Guerra? O que vai acontecer? Que consequências terá?).

Como podemos lidar com o que estamos a sentir?

  • Aceitar as nossas emoções e sentimentos. É totalmente natural sentirmos muitas emoções e sentimentos diferentes. É perfeitamente razoável chorar, se sentirmos vontade de o fazer (muitas vezes, até nos sentimos mais aliviados depois). Também é natural que o nosso humor e motivação possam flutuar.
  • Utilizar estratégias de gestão da ansiedade e do stresse. A sensação de “já não aguentarmos mais” é um “estado da nossa mente”. Podemos usar a ansiedade a nosso favor e combater os sentimentos negativos e desagradáveis que ela nos traz. Podemos experimentar algumas formas de gerir a ansiedade.
  • Limitar a nossa exposição a notícias. Não conseguimos controlar o que se está a passar na Ucrânia, por isso não ajuda estarmos constantemente a monitorizar todos os detalhes do que está a acontecer, correndo o risco de nos sentirmos sobrecarregados e desesperados com toda a informação disponível. Pesquisar sistematicamente sobre este tema, pode aumentar a ansiedade e o medo.
  • Falar com familiares e amigos. Como diz o provérbio: “um problema partilhado, é metade do problema”. Não somos os únicos preocupados com a Guerra. Partilhar aquilo que sentimos pode diminuir o nosso stresse, fazer-nos sentir apoiados e validados no que sentimos e pensamos, aumentar o nosso sentimento de confiança e a nossa energia. Falar ajuda.
  • Manter uma rotina. As nossas rotinas podem ajudar-nos a aumentar os nossos sentimentos de segurança e previsibilidade em tempos de incerteza.
  • Realizar atividades de lazer. Ir dar uma corrida, falar ao telefone com um amigo/a, saborear a nossa refeição preferida, olhar pela janela e observar a paisagem… O mundo continua a ser um lugar cheio de beleza e coisas positivas, das quais podemos e devemos usufruir. Pode saber mais sobre a importância das atividades de lazer.
  • Alimentar a esperança. A Guerra não traz apenas destruição, também provoca comportamentos pró-sociais, maior envolvimento e participação cívica, mais gratidão pelo que temos, compaixão e solidariedade, mais defesa da liberdade e da dignidade, maior respeito pela diversidade e pelos direitos humanos. Maior perceção da forma como todos estamos conectados e do modo como nos relacionamos uns com os outros, da importância da vida e do sentido que lhe atribuímos.
  • Apoiar e contribuir. Um sentimento de esperança e propósito surge quando nos mobilizamos, enquanto comunidade, para ajudar e contribuir para o bem-comum. Procurar uma forma de apoiar (através de donativos de bens ou voluntariado, doação de sangue ou mobilização das pessoas da comunidade, por exemplo) ajuda-nos a nós e aos outros, pode contribuir para atribuir um propósito ao que estamos a passar e pela mobilização que nos possibilita, aumentando a nossa perceção de controlo sobre a situação que vivemos.
  • Procurar ajuda. Se os nossos pensamentos e sentimentos estão a interferir significativamente com a nossa capacidade de funcionar no dia-a-dia, a afetar o nosso sono ou a dominar a nossa vida, devemos procurar ajuda. Mas também podemos procurar ajuda se acharmos uma boa ideia falar com um profissional que nos ajude a regular os nossos pensamentos e sentimentos. Podemos consultar informações sobre como Procurar Ajuda e como um Psicólogo ou Psicóloga nos podem ajudar. Pedir ajuda nunca é um sinal de fraqueza, mas sim de coragem e responsabilidade. Podemos ainda aceder ao www.encontreumasaida.pt ou, em situação de crise, ligar para o Serviço de Aconselhamento Psicológico da Linha SNS24.

 

Autor: 
Ordem dos Psicólogos Portugueses
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay