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Enfermagem: a arte de cuidar

Atualizado: 
12/05/2021 - 15:00
Os últimos tempos foram muito desafiantes para os profissionais de enfermagem, muitos dos quais se viram deslocados das suas famílias, levados ao limite da sua saúde mental e acima de tudo, exaustos. Mas, na altura de começar a reconstruir alicerces, é importante que se tenha em mente o verdadeiro objetivo da profissão: aperfeiçoar a arte de cuidar. A enfermagem é uma profissão centrada no cuidado do cliente, da sua família e da comunidade, cuidado esse que deve ir ao encontro de diferentes dimensões: as físicas, as sociais e as psicológicas.

É verdade que para desempenhar este tipo de trabalho com excelência, são necessárias variadas competências técnicas como, por exemplo, avaliação das necessidades dos clientes, definição das intervenções, administração medicamentosa e intervenção não farmacológica adequada. No entanto, e sendo estas capacidades nucleares para o trabalho de enfermagem, o maior impacto nesta profissão vem do trabalho social e emocional que é levado a cabo pelos enfermeiros. Num estudo realizado com alunos de enfermagem, mais de dois terços apontaram o “cuidado” como a característica fulcral desta profissão, e algo que motiva os profissionais a serem mais competentes. Esta dimensão emocional é mesmo uma das principais razões pelas quais um profissional de enfermagem escolhe esta carreira. Após dias longos em contacto com clientes, criar uma conexão com os mesmos atenua o trabalho, tornando-o mais leve.

O mesmo estudo concluía ainda que “o cuidado leva a confiança, o que tem um impacto positivo na vida do paciente”. De facto, dedicar atenção especial à dimensão emocional dos clientes, não só melhora a satisfação do enfermeiro com o seu trabalho como incute aos clientes o desejo de regressar, melhorando a sua literacia em saúde e encorajando-os a procurar os cuidados de que necessitam, sempre que possível.

Neste sentido, a dimensão emocional da enfermagem é uma poderosa ferramenta que permite, na sua generalidade, elevar a qualidade dos cuidados prestados. Atualmente e

depois de muitos desafios evidenciados pela pandemia que os trabalhadores desta profissão tiveram de ultrapassar, é crucial compreender que a qualidade dos cuidados prestados advém do cuidado que os enfermeiros têm com os clientes – mas acima de tudo com eles mesmos.

De nada servirá cuidar de um cliente, criar essa conexão e atenção especial com a sua dimensão emocional se o enfermeiro não conseguir primeiro cuidar de si, e da sua dimensão emocional, estando na sua melhor forma para conseguir cultivar esta vulnerabilidade com peso e medida.

Prestar cuidados ao outro é trabalho que contribui para a felicidade do outro, para o seu bem-estar, permitindo um apoio constante e transmitindo segurança a quem cuidamos. Mas uma parte fulcral de valorizar os mais fragilizados é valorizar aqueles que cuidam deles. É por isso importante que como sociedade retenhamos essa lição, e cuidemos dos nossos enfermeiros – para que eles melhor possam cuidar de nós.

Autor: 
Filipa Alves - Coordenadora Técnica das Unidades de CC e ERPI da Ordem da Trindade
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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