Opinião

Emergência Médica Pré-Hospitalar «é uma das atividades mais importantes no nosso Estado de Direito Democrático»

Atualizado: 
20/01/2022 - 10:19
A Emergência Médica Pré-Hospitalar, é uma das atividades mais importantes no nosso Estado de Direito Democrático, e deve ser tratada dessa forma.

A situação triste que se encontra a Emergência Médica Pré-Hospitalar, é uma realidade incontornável, só negada por quem está transitoriamente no poder, ou à frente de qualquer instituição com responsabilidades pela atual situação, mas logo por estes reconhecida e proclamada assim que perdem essa condição, sem qualquer pejo nem timidez, passando a acusar, despudoradamente, aqueles que os substituíram, como grandes responsáveis pela estagnação.

Ao longo de sucessivas décadas, os partidos políticos não colaboram no semblante da Emergência Médica Pré-Hospitalar, nem no comando das oposições que criaram, ninguém que se tivesse verdadeiramente destacado por um pensamento estratégico, por propostas concretas e realmente inovadoras e dinamizadoras, por uma capacidade de diálogo, liderança e mobilização. Sem prejuízo das pessoas estimáveis e pelas quais, do ponto de vista pessoal me merecem o mais distinto respeito, e esta é uma verdade incontornável.

E os ditos ensaios de renovação através das mais diversas formas, não conseguiram até hoje aprontar opções que se tivessem revelado válidas e decisivas.

Também aqui surgiram e surgem indivíduos, que se revelaram muito bons no julgamento, brilhantes a apontar defeitos, exímios na criação de instabilidade, mas totalmente frágeis e incoerentes em termos de sugestões válidas, exequíveis e concretizáveis. Indivíduos que no seu passado, jamais se evidenciaram uma efetiva capacidade de materialização e de alteração do que está mal, mesmo quando ocuparam e ocupam cargos de relevo em que poderiam ter produzido, ou produzirem alguma coisa de útil e de perene, afiguram-se serem agendas pessoais, o que está uma vez mais em causa.Penso ainda assim, que a resposta para o futuro poderá vir (terá de vir) dos partidos políticos, e que a Emergência Médica Pré-Hospitalar, Portugal e imperativamente os Portugueses, terá mais a alcançar se assim for, e admito que estes têm a experiência e a erudição imprescindíveis para encontrarem pessoal com o perfil adequado, se assim o quiserem, dentro ou fora do elenco da Emergência Médica Pré-Hospitalar em Portugal.Que consigam pôr os interesses de Portugal e dos Portugueses, à frente dos interesses corporativos de classes, que entendem que não podemos continuar assim a ser mais do mesmo, em termos da entidade que coordena a Emergência Médica em Portugal. Que só uma mudança significativa de rumo permitirá que não acabe como uma guardiã das memorias das realidades e de outras vidas.

A Emergência Médica precisa de ter alguém à frente que saiba liderar e empolgar; alguém que esteja no apogeu da sua vida profissional, alguém que seja suficientemente jovem, mas também concomitantemente, com satisfatória maturidade, alguém com experiencia em Emergência Médica, mas ao mesmo tempo em gestão, e que não dependa de nada nem ninguém, e que tenha materializado uma vasta carreira de sucesso, alguém que não tenha apenas experiência no sector público, mas também no privado.Alguém com vivencia de mundo, com horizontes ampliados, e que não venha a ser mais um mero vendedor de ilusões.

Alguém que não sinta a Emergência Médica Pré-Hospitalar como sua, ou do seu partido, mas como um serviço essencial que salva vidas, um espaço de partilha e harmonia, no qual a opinião de outras pessoas tem que contar para escrever o futuro.

A Emergência Médica Pré-Hospitalar tem de mudar. E para além da inigualável experiência de encontro com o saber e a ciência, com a cultura e com a história que pode e deve proporcionar, tem de ser capaz de surpreender, sabendo manter a delicada sensatez entre o passado, o presente e o futuro.

Tem que ser uma Emergência Médica Pré-Hospitalar capaz de aliciar quem vem de fora e que já nela se encontra a dizer “fico” "quero ficar", uma Emergência Médica Pré-Hospitalar que pertença mesmo aos que não a vivam.

Sei que existe um sonho em muitos de nós. Vamos guardá-lo e segura-lo. Deixar que reflua nas veias como se de uma maré se tratasse.

Afinal só por debaixo da pele nos conhecemos de facto.

Teremos a oportunidade de lhe dar asas e de efetivamente salvar mais vidas, e não apenas permanecer pela intenção.

Autor: 
Carlos JA Silva - Vice-Presidente do Conselho de Direção da SPEPH
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Sociedade Portuguesa de Emergência Pré-Hospitalar (SPEPH)