Opinião

Doença de Parkinson: a segunda doença neurodegenerativa mais comum

Atualizado: 
14/04/2021 - 10:30
James Parkinson, o médico inglês que “emprestou” o seu nome à doença que tão bem veio a descrever anos mais tarde, nasceu em Londres no dia 11 de Abri 1755. É este o motivo pelo qual se comemora todos os anos, em 11 de abril, o Dia Mundial da Doença de Parkinson.

A Doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum e cursa, devido à degeneração e morte de um grupo particular de neurónios, com níveis anormalmente reduzidos de um neurotransmissor chamado dopamina. Caracteriza-se pela presença de sintomas motores (principalmente lentificação dos movimentos, rigidez e tremor de repouso) e não-motores (como alterações do humor, do sono ou da cognição, por exemplo).

Existem diversos tratamentos disponíveis, incluindo vários tipos de medicamentos que procuram repor os níveis de dopamina ou substituir a sua função. Em casos selecionados pode recorrer-se a intervenções cirúrgicas, entre as quais a estimulação cerebral profunda é a mais comum. Infelizmente não há, para já, uma cura ou mesmo uma forma de impedir que a doença venha a progredir com o tempo.

Nem tudo se resume a medicamentos

Em relação a tratamentos, nem tudo se resume a medicamentos e intervenções cirúrgicas. A adoção de um estilo de vida saudável e equilibrado deu já provas de ter utilidade neste contexto, não só em termos de melhoria de sintomas para quem tem Doença de Parkinson, mas também em termos de prevenção e de diminuição do risco de vir a padecer da doença. Permita-me então que deixe aqui dois conselhos que julgo serem de préstimo para todos.

Coma com qualidade

Mais do que reforçar o consumo de um ou outro alimento em particular, os dados científicos disponíveis sugerem que a adoção de uma dieta saudável em geral pode ser a atitude com maior benefício, sobretudo em termos de prevenção.

Neste ponto, em Portugal, temos a tarefa facilitada, uma vez que a dieta mediterrânica (assentando no consumo frequente de produtos vegetais e de peixe, no azeite como principal fonte de gordura e na água como principal bebida) é precisamente aquela que deve encorajada. Não há desculpas…

Ainda em relação à dieta, outra das medidas recomendadas e comprovadas cientificamente é o consumo de cafeína, seja na forma de café ou de chá, estando esta associada a uma redução (que em alguns estudos chegou aos 25-30%) no risco de Doença de Parkinson.

Mexa-se

É hoje consensual que a atividade física tem um benefício significativo no âmbito da Doença de Parkinson, seja como medida de prevenção ou como parte da sua abordagem terapêutica. Qual é a melhor atividade física? Quantas vezes e por quanto tempo? Em que situações?

Devido à heterogeneidade dos estudos já desenvolvidos torna-se difícil a formulação de recomendações uniformes relativamente ao tipo, frequência e intensidade de atividade física adequada para cada fase da doença. A boa notícia é que há várias opções por onde escolher.

Autor: 
Dr. Miguel Grunho - Neurologista
membro da Sociedade Portuguesa de Neurologia
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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