Opinião

Dia Mundial da Trombose: a importância de conhecer e prevenir

Atualizado: 
10/10/2025 - 07:45
No dia 13 de outubro assinala-se o Dia Mundial da Trombose, uma iniciativa internacional que visa alertar para a relevância do Tromboembolismo Venoso (TEV).

Apesar de representar um problema de saúde pública de grande dimensão, continua a ser subdiagnosticado e, muitas vezes, negligenciado na sua prevenção.

A apresentação clínica pode variar desde formas assintomáticas até quadros graves, com risco de morte súbita. A inespecificidade dos sintomas, em particular na embolia pulmonar, contribui para o atraso diagnóstico.

 

O TEV resulta da interação de diversos elementos descritos na clássica “tríade de Virchow”: estase venosa, lesão endotelial e hipercoagulabilidade. Entre os fatores mais relevantes destacam-se:

  • Cirurgia e traumatismos major.
  • Internamento prolongado e imobilização.
  • Cancro ativo e terapêutica oncológica.
  • Gravidez e puerpério.
  • Idade avançada, obesidade, tabagismo e sedentarismo.
  • Trombofilias hereditárias ou adquiridas.

 

A coexistência de múltiplos fatores potencia significativamente o risco. Na sua maioria, os episódios de TEV podem ser evitados através de estratégias preventivas adequadas.

  • Em meio hospitalar, a avaliação do risco trombótico deve ser sistemática, permitindo identificar doentes candidatos a profilaxia farmacológica (anticoagulantes em dose preventiva) ou mecânica (meias elásticas, dispositivos de compressão).
  • A mobilização precoce e a hidratação adequada são medidas universais de baixo custo e elevada eficácia.
  • Em ambulatório, a sensibilização para o estilo de vida ativo e a cessação tabágica são fundamentais.

 

O objetivo do tratamento é evitar a progressão do trombo, prevenir a recorrência e reduzir a mortalidade.

  • A anticoagulação constitui a base da terapêutica, com escolha do fármaco e duração ajustados ao risco individual.
  • Em casos selecionados, como EP de alto risco, podem ser necessários métodos de reperfusão (trombólise, embolectomia cirúrgica ou intervencionista).

 

Mesmo após a fase aguda, o TEV pode originar complicações de impacto significativo:

  • Síndrome pós-trombótico, caracterizado por edema persistente, dor crónica e alterações cutâneas.
  • Hipertensão pulmonar tromboembólica crónica, sequela rara, mas grave da embolia pulmonar.

 

O seguimento clínico regular é crucial para identificar precocemente estas situações e otimizar a terapêutica anticoagulante.

Lembramos que o TEV é uma condição frequente, potencialmente fatal e largamente prevenível. A consciencialização, a aplicação criteriosa de medidas de profilaxia e o reconhecimento precoce dos sinais de alerta são passos determinantes para reduzir a sua carga global.

No Dia Mundial da Trombose e no combate à trombose venosa, a informação e a prevenção são nossas maiores aliadas.

Autor: 
Inês Furtado - Núcleo de Estudos da Doença Vascular Pulmonar da SPMI / ULS Santo António no Porto
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.