Sinais de alerta e cuidados a ter

Constipação e infeções respiratórias na criança

Atualizado: 
20/11/2025 - 11:03
A constipação é uma infeção aguda das vias respiratórias superiores muito comum nas crianças: crianças com menos de 6 anos têm até 6 a 8 constipações por ano - praticamente 1/mês entre setembro e abril!

As "constipações comuns" são causadas por vírus, sendo o rinovírus o mais comum; outros, como o coronavírus, o vírus sincicial respiratório (VSR) e o vírus Influenza podem dar quadros semelhantes, embora com algumas particularidades, como a COVID19, a bronquiolite aguda e a Gripe, respetivamente.

As infeções respiratórias são mais frequentes no outono e inverno, resultado das características de circulação e sobrevivência dos vírus no meio ambiente "frio" típico destas épocas.

A transmissão ocorre diretamente por inalação de partículas infetadas transmitidas "pessoa-a-pessoa", ou por auto-inoculação dos vírus na mucosa respiratória após contacto com pessoas ou objetos contaminados. É importante lembrar que os vírus podem persistir vivos em superfícies até 2 horas, daí a importância de higienizar bem também objetos partilhados ou em contacto frequente entre pessoas!

Nas crianças, a proximidade e o contacto físico mais frequente entre os pares, a frequência em locais com maior circulação de vírus (ex. infantário), e a sua imaturidade imunológica aumentam a frequência da infeção.

Sintomas e evolução

Num quadro "típico", os sintomas têm início ~24-72h após a inoculação, são variados, e dependem da imunidade de cada criança.

Entre eles temos, mais frequentemente, a congestão nasal ("nariz entupido", "espirros" e "pingo/ranho no nariz") e ocular ("olhos vidrados/molhados"), a tosse, e a febre, que habitualmente cede bem ao antipirético e resolve em até 3 dias.

Assim, na maioria dos casos, o quadro é ligeiro - com "pico de gravidade" no 2º-3º dia -, e autolimitado - com melhoria gradual e espontânea (sem tratamento) até aos 10-14 dias. No entanto, a tosse pode persistir mais tempo, resolvendo habitualmente em 3-4 semanas.

 

Tratamento

Os aspetos mais importantes no tratamento das infeções respiratórias víricas são aliviar os sintomas - promovendo o bem-estar da criança - e não tratar o vírus em si.

Entre as medidas mais eficazes destacam-se:

  • a desobstrução nasal (ex. lavagem e aspiração nasal com soro fisiológico);

  • a elevação da cabeceira da cama a 30º;

  • a hidratação e nutrição adequadas;

  • o paracetamol, se tiver febre;

  • e, potencialmente, o ar frio humidificado e o mel (>24m).
     

Convém relembrar que nestas situações, dada a natureza vírica da infeção "base", os antibióticos não são indicados por rotina, ficando reservados para o tratamento de complicações associadas a sobreinfeção por bactérias (infeção bacteriana "por cima" da vírica inicial).

 

Sinais de alerta

Apesar da evolução habitualmente benigna, é importante vigiar sinais de gravidade ou complicação na presença dos quais a criança deverá ser observada em contexto urgente; são eles:

  • febre alta (>39ºC retal), com dificuldade em ceder ao antipirético, ou persistente (sem melhoria ao final de 72h);

  • sinais de dificuldade respiratória (respiração acelerada, "covinhas" nas costelas/pescoço, adejo nasal (abrir e fechar das narinas), pieira ("chiadeira" na respiração"));

  • recusa alimentar ou da hidratação importantes;

  • alteração no estado geral (irritabilidade ou prostração);

  • ou outros sinais que suscitem preocupação dos cuidadores.

 

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Prevenção

As medidas comprovadamente eficazes na prevenção da constipação e que podemos ensinar aos nossos pequenos são:

  • a lavagem frequente das mãos com água e sabão;

  • a desinfeção das mãos e superfícies com solução de álcool;

  • as regras de "etiqueta respiratória";

  • e limitar o contacto com pessoas doentes.
     

Não é recomendada a evicção escolar se o quadro for ligeiro e a criança estiver bem!

 
Autor: 
Dr.ª Isabel Ayres Pereira (Pediatra no Douro Centro Médico)
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.