Opinião

Confinamento agravou as queixas de dores na coluna

Atualizado: 
28/06/2021 - 11:09
O confinamento imposto pela pandemia gerou o aparecimento de queixas de dores na coluna em doentes sem queixas ou o agravamento naqueles que já possuíam alguma patologia.

O número total de consultas sobre patologia da coluna tem vindo a aumentar todos os anos, e o último não foi exceção. Não posso atribuir esse aumento diretamente ao estado da pandemia e à situação de confinamento imposta, até porque o aumento verificado esteve em linha com os anos anteriores. Claro que podemos justificar que talvez as restrições de deslocação e o próprio receio por parte dos doentes sejam fatores que tenham justificado não se ter verificado um aumento ainda maior.

Durante este período verificamos a presença de um maior número de doentes com queixas inespecíficas de lombalgias, com contracturas musculares paravertebrais. Verificámos ainda uma diminuição significativa da traumatologia da coluna vertebral na sequência de acidentes de trabalho.

O teletrabalho piora

Esse é um aspeto muito relevante. O confinamento imposto pela pandemia gerou o aparecimento de queixas de dores na coluna em doentes que anteriormente não tinham ou o agravamento naqueles que já possuíam alguma patologia. O sedentarismo motivado pelas restrições de deslocação e pelo encerramento de ginásios aumenta as contracturas musculares para-vertebrais, diminui a elasticidade da coluna vertebral e condiciona uma atrofia muscular progressiva dos músculos do tronco. Todos estes fatores determinam um aumento da dor e incapacidade funcional. Por outro lado, o teletrabalho, a utilização mais frequente de computadores condiciona horas prolongadas em posições fixas, muitas vezes incorretas, contribuindo definitivamente para o aumento das queixas.

SARS-CoV-2 agrava problemas de coluna

O SARS-CoV-2 gera uma resposta desregulada do sistema imunitário atingindo diversas articulações e a coluna vertebral não é exceção. São gerados processos inflamatórios de forma exacerbada contra tecidos com lesões na coluna vertebral como discos intervertebrais, facetas articulares, desenvolvendo artrites, e inflamações musculo-ligamentares. Por outro lado, é conhecida a capacidade do SARS-CoV-2 de atingir células do sistema nervoso, mas não estão ainda bem definidas quais as alterações que tal pode condicionar na coluna vertebral.

Conselhos para quem está em teletrabalho

Atenção às condições do novo local de trabalho:

  • Ver a ergonomia da cadeira – deverá ter regulação em altura, apoio de braços e costas não rígidas preferencialmente com apoio lombar
  • Monitor deve ser colocado ao nível da cabeça para evitar flexão excessiva da coluna cervical
  • A secretária ideal deve ter uma inclinação de 15º ainda que tal mobiliário seja extremamente difícil de encontrar

Atenção à postura corporal

  • Regular a altura da cadeira de forma a conseguir apoiar os pés no chão, tendo os joelhos fletidos a cerca de 90.
  • Manter o corpo ereto, ombros relaxados e costas apoiadas na cadeira evitando curvar a coluna
  • Apoiar os cotovelos nos braços da cadeira ou na mesa de trabalho

Outros conselhos gerais

  • Antes de iniciar o trabalho faça alguns alongamentos
  • Faça pausas de 40 em 40 minutos, caminhando um pouco pela sala e fazendo alguns exercícios de flexão, extensão, rotação e inclinação lateral da coluna vertebral.
  • Beba líquidos. Mantenha-se bem hidratado.
  • Pratique exercício físico durante 45 a 60 minutos três vezes por semana, envolvendo os músculos do tronco.

Autor: 
Dr. Luís Teixeira - Médico Ortopedista; Diretor Clínico do Spine Center
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
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