Análise

Como os pais estão a lidar com o desconfinamento

Atualizado: 
18/05/2020 - 10:55
A fase de desconfinamento da crise do coronavírus traz novos desafios para as famílias portuguesas que têm crianças. Em breve, muitos pais que deixarão o regime de teletrabalho - mesmo a tempo parcial - terão de pensar em alternativas viáveis para o período em que não podem ficar em casa a cuidar dos filhos, uma vez que as escolas e creches permanecerão fechadas (pelo menos) até ao dia 1 de junho e o regresso dos alunos às aulas presenciais será diferenciado de acordo com os ciclos.

Face a isto, a Yoopies – uma plataforma internacional que facilita o contacto entre a oferta e a procura de babysitting e serviços domésticos -perguntou como é que a sua comunidade familiar está a lidar com a situação atual.

Após 1 de Junho, metade dos pais devem retomar a atividade profissional fora de casa ou em regime de teletrabalho parcial. De acordo com os dados do estudo realizado pela Yoopies, durante o período total de confinamento, em cerca de 89% dos lares analisados, pelo menos um dos dois pais pôde ficar em teletrabalho, podendo assim tomar conta das crianças. Só em 11% dos casos é que ambos os pais continuaram a trabalhar fora de casa como trabalhadores dos sectores-chave. Ao observar o horizonte temporal após o confinamento, a partir de 1 de junho- quando o teletrabalho se torna parcial, com horários defasados ou equipas espelhadas - vemos como as famílias inquiridas estão divididas em dois grupos:

  • 56% em que ambos os pais terão de voltar ao trabalho (mesmo que em regime de teletrabalho parcial);
  • 44% em que um dos dois pais poderá ficar em casa com as crianças, a continuar a trabalhar num regime de teletrabalho total ou sem trabalho devido à suspensão das atividades.

Sem creches e escolas, famílias não têm plano B

Para os pais que terão de regressar ao trabalho fora de casa e terão, portanto, de pensar em alternativas para conciliar a carga de trabalho de ambos, surgem as seguintes soluções para a gestão e os cuidados infantis:

  • 43%​ pensam em obter a ajuda de uma babysitter
  • 39%​ pensam em recorrer a ajuda de amigos ou familiares
  • 18%​dos pais afirmam que ainda não encontraram uma solução e que estão a pensar na possibilidade de suspender o trabalho ou na alternativa extrema de pedir uma licença não remunerada.

"Sendo incapaz de cuidar de crianças o tempo todo e sendo uma mãe solteira, não sei como me organizar".

"A única possibilidade é eu, mãe, negociar com a minha empresa um período de licença por tempo indeterminado".

"Não sabemos mesmo a quem deixar as crianças, isso é um problema".

E a carga mental dos pais que continuam a trabalhar de casa?

Os pais que continuam em casa com os seus filhos têm grandes problemas em conciliar a vida profissional com os cuidados infantis. Embora 45% dos pais revelam que são organizados e estão a lidar bem com a situação, 55% mostram que estão a passar por dificuldades consideráveis, como as descritas a seguir:

"Requerem muita atenção, temos de preparar as refeições, mudar as fraldas, vigiar para que não se magoam, entretê-los...".

"Por vezes temos reuniões ou telefonemas ao mesmo tempo, só que temos uma menina de 10 anos que precisamos de ajudar com os trabalhos de casa e uma menina de 2 anos que temos sempre de vigiar".

"Temos dois filhos pequenos que requerem a nossa atenção durante todo o dia. Revezamo-nos, mas nos turnos em que não temos as crianças, além de trabalhar, temos de cuidar de coisas da casa".

"Ambos trabalhamos na mesma intensidade e ao mesmo tempo (8horas) e, além disso, temos de estar com as crianças para ter aulas e pensar em atividades para que elas não fiquem tristes, aborrecidas, deprimidas...".

Por este motivo, destacam-se 49% das famílias com crianças em idade escolar que gostariam de ter a ajuda de um tutor ou de um professor particular, tanto em termos de trabalhos de casa como de apoio escolar.

Quando perguntadas se as crianças estão a receber as informações e as aulas de que necessitam, 59% consideram que por vezes existem certas dificuldades (conteúdo desequilibrado, problemas de ligação...), 13% revelam que o centro educativo tem sérios problemas de organização e 28% acreditam que tudo está a correr sem dificuldades.

 

Autor: 
Marina Chiarelli - Yoopies
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay