Saúde Mental

Cada euro investido no tratamento da depressão e da ansiedade gera um retorno quatro vezes superior

Atualizado: 
15/10/2020 - 11:07
O fardo global dos transtornos mentais está a aumentar e requer uma ação determinada. Mais do que nunca, e especialmente desde o início da pandemia da COVID-19, há que definir estratégias necessárias para que a saúde mental seja prioritária em todos os níveis assistenciais. É importante lembrar que mais de 700 milhões de pessoas são afetadas por doenças mentais em todo o mundo, o que equivale a 13% da carga global com doenças. Segundo a OMS estas patologias situam-se entre as principais causas de incapacidade grave e sustentada.

A Depressão, por exemplo, uma das principais áreas de foco da Lundbeck, multinacional farmacêutica dinamarquesa especializada em doenças mentais, e que é uma patologia grave associada a uma série de sintomas, incluindo melancolia, perda de energia, alterações cognitivas, dificuldade de memória e concentração e pensamentos suicidas é reconhecida pela OMS como a principal causa de incapacidade no mundo. Globalmente, mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades sofrem de depressão e quase 800.000 pessoas morrem todos os anos por suicídio. Os números mostram claramente que o peso da depressão vai provavelmente aumentar nos próximos anos porque temos vindo a observar um aumento relativo da prevalência da doença.

A falta de apoio às pessoas com transtornos mentais e o medo do estigma impedem muitas pessoas de ter acesso ao tratamento de que necessitam para viver vidas saudáveis e produtivas. Temos de repensar a abordagem à saúde mental e tratá-la com a urgência que merece, agora mais do que nunca. A depressão pode afetar qualquer um de nós. Não discrimina idade, raça ou história pessoal. Pode prejudicar relacionamentos, interferir na produtividade, criar desemprego e diminuir a autoestima. No entanto, mesmo a depressão mais grave pode ser superada com o tratamento adequado.

Em Portugal tem havido um sub-investimento crónico na saúde mental. Nunca foi uma área prioritária. É reconhecido que há uma enorme desproporção entre o impacto que os problemas de saúde mental têm e o nível de investimento a nível dos cuidados de saúde primários e dos serviços especializados. Atualmente verifica-se que a doença mental está no topo do ranking das doenças que mais contribuem para a carga global de doença, na ordem dos 10% a 15% enquanto o nível de financiamento do Serviço Nacional de Saúde é na ordem dos 4% a 5%, o que é manifestamente insuficiente. Daí ser urgente mais apoio disponível para pessoas com transtornos de saúde mental. Os investimentos devem ser canalizados para os cuidados de proximidade e na resposta dos cuidados de saúde primários.

É mais que sabido que o investimento em saúde mental beneficia o desenvolvimento económico dos países. Cada euro investido na melhoria do tratamento para a depressão e a ansiedade leva a um retorno quatro vezes superior, que se traduz numa melhor saúde e capacidade de trabalho. A falha na ação resulta numa perda económica global das famílias, das empresas e do estado. As famílias perdem financeiramente quando as pessoas não podem trabalhar. Os empregadores sofrem quando os funcionários se tornam menos produtivos e são incapazes de trabalhar. Os governos têm de pagar despesas mais elevadas de saúde e bem-estar.

Os resultados de um estudo demonstraram que 72% das pessoas que reconheceram a necessidade de tratamento não o iniciaram. As razões que estão na base são variadas e passam

por obstáculos como as preocupações com a estigmatização e dúvidas sobre a eficácia do tratamento. Muitos doentes ainda pensam que certos medicamentos podem causar dependência ou que poderão ser prejudiciais para a sua saúde. Não querer reconhecer a doença e pensar que poderão resolver sozinhos o problema é, infelizmente, também muito comum. É urgente investir em ações que promovam a literacia em saúde da nossa população para que as inovações terapêuticas possam contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Também a classe médica deve ser cada vez mais ambiciosa com os objetivos dos tratamentos instituídos. Só devemos estar satisfeitos quando conseguirmos recuperar os doentes na sua plenitude. Recuperar o funcionamento e devolver a vida plena em todos os seus domínios, familiar, profissional, social, a quem sofre destes distúrbios deve ser a missão de todos os intervenientes no tratamento.

Na Lundbeck, uma das únicas empresas farmacêuticas do mundo dedicada exclusivamente à investigação e desenvolvimento de medicamentos inovadores para doenças mentais e com mais de 70 anos de liderança na investigação em neurociências, cremos que a saúde mental é um direito humano que deve ser uma realidade para todos em qualquer parte. Por isso o nosso compromisso é firme na investigação e desenvolvimento de soluções inovadoras que melhorem a qualidade de vida das pessoas. Agora, mais do que nunca, vamos comemorar o Dia Mundial da Saúde Mental juntos e aumentar a conscientização par que se consiga, de facto, “Saúde Mental para todos”.

Autor: 
Sara Barros - Country Manager da Lundbeck Portugal
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.