Dia Mundial do Ritmo Cardíaco assinala-se amanhã

Alterações do ritmo cardíaco ou arritmias: são frequentes e têm tratamento

Atualizado: 
12/06/2023 - 10:36
O nosso coração bate 100 000 vezes por dia, de forma regular, ritmada, todos os dias da nossa vida. Normalmente não o sentimos. Situações que perturbam o ritmo normal de funcionamento do coração denominam-se arritmias. Existem vários tipos: coração a bater lento demais, rápido demais, ou com batimentos “fora do tempo”. Todas estas situações têm tratamento potencial. São um dos principais motivos de ida ao serviço de urgência.

As arritmias têm um grande espectro de gravidade – desde situações completamente benignas até à morte súbita.

Existe também uma grande variedade de sinais e sintomas: desde ausência de queixas, palpitações (que podem ser incapacitantes), desmaio, ou mesmo paragem cardíaca.

Faz assim todo o sentido, existir um dia em que se chama a atenção para as doenças do ritmo cardíaco.

A arritmia (com gravidade) mais frequente é a fibrilhação auricular. O número de pessoas afetadas aumente com a idade. É rara antes dos 40 anos e atinge > 10% das pessoas com mais que 80 anos. É um ritmo completamente irregular. Este ritmo pode ser detetado na palpação do pulso e o diagnóstico é confirmado por eletrocardiograma.

As queixas mais frequentes são palpitações (mais ligeiras ou mais intensas consoante as pessoas), ou cansaço, ou sensação mal definida de algo não estar bem. Por vezes, não origina qualquer queixa.

Existem 2 problemas principais com esta arritmia: os sintomas e o risco de acidente vascular cerebral (AVC).

Nesta arritmia podem formar-se coágulos dentro das aurículas, que depois se libertam e viajam na corrente sanguínea. Podem ocluir um vaso do cérebro e originar um AVC. É uma das principais causas de AVC. Daí a importância do diagnóstico – sobretudo em pessoas sem queixas e daí a importância de um gesto tão simples como aprender a palpar o pulso. A maioria dos doentes com fibrilhação auricular tem indicação para medicação crónica com anticoagulante, para proteção do acidente vascular cerebral. Os medicamentos anticoagulantes que se utilizam hoje em dia têm um excelente perfil de segurança e são de toma muito simples (1 ou 2 vezes dia).

A questão dos sintomas pode ser abordada de várias formas: utilizando medicamentos para controlar o ritmo cardíaco (ou para manter a pessoa em fibrilhação auricular controlada), com recurso a cardioversão elétrica (um choque no tórax que reverte o ritmo para o ritmo normal) ou com recurso a um exame invasivo para tratamento da arritmia. Este chama-se ablação. Consiste na aplicação de energia em zonas específicas do coração, responsáveis pela manutenção da arritmia. No ano de 2022 foram efetuadas cerca de 2000 ablações de fibrilhação auricular no nosso país.

A fibrilhação auricular é assim uma arritmia com consequências potencialmente graves. É importante um diagnóstico precoce, de forma a conseguir um tratamento atempado, sendo que o mais importante é o início de medicação anticoagulante. É um dos exemplos, pelo qual é importante este dia do ritmo cardíaco – é importante que a comunidade saiba que as arritmias existem, que são frequentes e que há tratamento.

Autor: 
Dr. Diogo Cavaco - Presidente da APAPE (Associação Portuguesa de Pacing
Arritmologia e Electrofisiologia)
Nota: 
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