O tratamento, na maioria dos casos, é cirúrgico com a colocação de um shunt que tem como função drenar o Líquor Cefalorraquidiano (LCR) excedente dos ventrículos para o peritoneu da própria criança (derivação ventriculo-peritoneal ou Shunt VP). Consiste numa intervenção cirúrgica na qual se remove o obstáculo que está a impedir a circulação do LCR e/ou na colocação de um shunt. O shunt é uma válvula conectada a um tubo de plástico que vai permitir a drenagem do LCR excedente da cabeça para o peritoneu (cavidade abdominal).
Esta válvula é colocada na cabeça nos ventrículos cerebrais e controla a pressão dentro do cérebro deixando sair o LCR acumulado e está ligada a um tubo que vai por baixo da pele até ao peritoneu.
Complicações do Shunt
Durante o período pós-operatório, é muito importante para proteger a sutura, evitar que a criança posicione a cabeça para o lado onde está inserida a válvula. Exames complementares de diagnóstico como ecografia transfontanelar e Tomografia Axial Computorizada (TAC [1]) craneoencefálica, são utilizados para avaliar a evolução/regressão da hidrocefalia [2]. Todavia, a avaliação frequente do perímetro cefálico e observação clínica da criança de sinais e sintomas sugestivos de hipertensão ou hipotensão intracraneana são fundamentais.
Idealmente, a Válvula ventriculo-peritoneal deve permitir uma drenagem controlada e sistemática, por isso o crescimento da cabeça da criança acontece de acordo com o seu desenvolvimento. Uma ligeira a moderada hidrocefalia ou dilatação ventricular pode persistir no entanto importa avaliar a sua evolução e se há sinais de comprometimento neurológico. Actualmente os sistemas de derivação ventriculo-peritoneal (DVP) têm sido desenhados para responder a uma enorme panóplia de alterações de pressão intracraneana, tal como alterações posturais, situações de tosse, esforço físico. Estes mecanismos vão automaticamente variar a resistência da DVP o que regula a saída de LCR drenado, prevenido a dilatação ou colapso dos ventrículos.
Como qualquer mecanismo artificial colocado no organismo de uma pessoa, podem existir complicações no pós-operatório. As principais complicações de um Shunt VP são infecções ou o seu mau funcionamento. Todos os shunts estão sujeitos a dificuldades mecânicas como torção, obstrução, separação ou migração do tubo. O mau funcionamento está muitas vezes associado a obstrução mecânica no interior dos ventrículos, por tecido ou exsudado, por trombose extremidade distal do tubo ou deslocamento deste devido ao crescimento da própria criança. Quando uma destas complicações ocorre a situação é de emergência e as manifestações clínicas directamente associadas são aumento da pressão intracraniana (PIC) acompanhado de alterações neurocomportamentais, como o estado de consciência.
Alguns sinais e sintomas de Hipertensão Intracraneana:
A infecção do shunt, pode ocorrer a qualquer momento, mas o período de maior risco é durante os dois primeiros meses. A infecção pode resultar em sepsis por, infecção da ferida operatória, meningite [5], encefalite e ventriculite. Estas últimas complicações são as mais preocupantes uma vez que qualquer afecção do SNC pode provocar alterações no desenvolvimento cognitivo da criança. O tratamento da infecção passa por administração de elevadas doses de antibióticos EV.
Ligações
[1] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/tac
[2] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/hidrocefalia
[3] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/dor-de-cabeca-cefaleias
[4] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/nauseas-e-vomitos
[5] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/meningite
[6] https://www.atlasdasaude.pt/fonte/asbihp
[7] https://www.atlasdasaude.pt/foto/shutterstock
[8] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/doencas-raras