A encefalite japonesa é uma doença inflamatória do sistema nervoso central, causada por um vírus (da família dos Flaviviridae) transmitido por mosquitos. A doença é transmitida ao homem, pela picada de um mosquito, que pica no exterior das habitações, desde o anoitecer ao amanhecer, sendo a picada dolorosa. O mosquito usa como locais de postura as zonas alagadas dos campos de cultivo de arroz, zonas pantanosas e pequenas colecções de águas paradas.
Segundo dados disponíveis (consultaviajante.ufp.edu.pt), o vírus da encefalite japonesa é responsável por cerca de 45.000-50.000 casos reportados anualmente, sendo também a forma de encefalite epidémica e esporádica mais importante, nas regiões tropicais da Ásia. Nas regiões temperadas, o risco é maior nas zonas rurais, durante a época das chuvas e no início da estação seca. Na Indonésia e, provavelmente, em Timor Loro´sae, a transmissão ocorre todo o ano, sendo o risco de doença mais elevado de Novembro a Março.
Nos locais onde a doença é endémica é, sobretudo, uma doença pediátrica, embora quando contraída no decurso de uma viagem, qualquer grupo etário pode ser afectado. No entanto, o risco para os viajantes é extremamente baixo (1 para 1 milhão) dependendo da estação do ano, do destino, da duração e do tipo de actividades durante a viagem, mas a taxa de mortalidade é elevada, situando-se entre os 15-40 por cento.
Não existe tratamento específico, apenas sintomático, por isso a prevenção é fundamental e consiste na evicção da picada do mosquito e na administração da vacina.
Sintomas
As manifestações clínicas variam de um simples episódio febril a meningite asséptica ou encefalite grave, com morte. Quando sintomática, a taxa de mortalidade é de 10 a 70 por cento, com muitos dos sobreviventes a apresentarem sequelas neurológicas.
Contudo, a maioria dos casos (cerca de 90 por cento) não manifesta sintomas. Caso ocorram, nas infecções ligeiras, verificam-se dores de cabeça acompanhadas por febre [1], dores no corpo e fraqueza. Quando sintomáticas, o período de incubação é de 4-14 dias
Nos casos mais graves, a infecção progride rapidamente com febre alta e sinais de meningite [2]. A encefalite desenvolve-se durante uma fase mais avançada da doença e pode resultar em coma, lesões neurológicas permanentes ou morte. De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), cerca de 30 por cento dos casos graves são fatais.
Prevenção
A vacina está recomendada a viajantes com estadias prolongadas em área endémica, sobretudo se incluir a época de maior transmissão ou estadias de curta duração se o destino inclui áreas rurais, durante a monção, em que se preveja um grande número de actividades fora de casa.
A vacina é constituída por vírus inactivado, e são fornecidas 3 doses, segundo o esquema 0, 7 e 28 dias (ou quando o tempo de espera assim não o permite, aos 0, 7 e 14 dias); duas doses fornecem imunidade em 80 por cento dos casos, enquanto o esquema completo de 3 doses, 95 por cento. Recomenda-se que a vacina seja feita cerca de dez dias antes de partir em viagem. O reforço é feito 1 ano após e, subsequentemente, de 3 em 3 anos quando for necessária uma protecção continuada.
Geralmente, as vacinas não causam reacções secundárias significativas, podendo verificar-se apenas febre, dores de cabeça [3], náuseas e vómitos [4] e o aparecimento de um nódulo duro, avermelhado e doloroso no local de aplicação da vacina. Em casos mais graves, pode causar hipotensão e colapso.
Caso, após a sua toma, surjam sintomas como febre elevada ou sintomas característicos de uma reacção alérgica grave como falta de ar, fraqueza, ritmo cardíaco acelerado, palidez, tonturas ou urticária [5], deve procurar ajuda médica.
A vacina não deve ser administrada nos seguintes casos:
- Se estiver doente com febre superior a 38º;
- Se tiver uma reacção alérgica muito grave a uma dose anterior ou a uma substância que se sabe estar presente na vacina;
- Pessoas com o sistema imunitário debilitado;
- Grávidas e crianças menos de 12 meses – No caso de se verificar a impossibilidade de evitar ou adiar a viagem, a aplicação da vacina deve ser discutida com o médico especialista em Medicina do Viajante;
Para além da vacina é aconselhável a adopção de medidas gerais preventivas, mesmo estando vacinado, como evitar a exposição nos períodos de maior actividade do mosquito - ao amanhecer e ao entardecer; usar roupas compridas evitando áreas de pele descoberta e usar calçado fechado; utilizar repelentes de insectos com aplicações regulares ao longo do dia; usar rede mosquiteira na cama, se possível impregnada com insecticida; usar o ar condicionado, sempre que possível, pois é um método bastante eficaz para afastar os mosquitos do quarto.
Zonas do mundo afectadas
A encefalite japonesa é a principal causa de encefalite viral na Ásia e ocorre na maioria dos países asiáticos. Dados revelados pela Organização Mundial de Saúde indicam que a incidência da doença tem diminuído no Japão, na Península Coreana e em algumas regiões da China.
Os países com mais casos e com maior índice de transmissão da encefalite japonesa são a Índia, Nepal, Paquistão, Vietname, norte da Tailândia, Indonésia e Timor. A infecção ocorre principalmente em zonas de clima tropical, nas épocas de chuva, nomeadamente durante o Verão e o Outono.
Ligações
[1] http://www.atlasdasaude.pt/content/febre
[2] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/meningite
[3] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/dor-de-cabeca-cefaleias
[4] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/nauseas-e-vomitos
[5] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/urticaria
[6] https://www.atlasdasaude.pt/fonte/consultaviajanteufpedupt
[7] https://www.atlasdasaude.pt/foto/shutterstock
[8] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/doencas-do-viajante
[9] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/infeccoes
[10] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/infeccoes-virais