A alimentação contribui para melhorar as funções dos sistemas nervoso, imunitário e endócrino, impactando diretamente as experiências de dor, tendo em conta que a perda ou a manutenção do peso reduz a carga nas articulações e, consequentemente, a inflamação. Para além disso, a alimentação e o peso têm impacto no risco e/ou gravidade de outras comorbilidades associadas, como doenças cardiovasculares, diabetes e ansiedade, que coexistem frequentemente e agravam a dor crónica [1].
Não menos importante é o facto de a dor crónica afetar diretamente a autoestima dos indivíduos, colocando em causa o desempenho de tarefas básicas do dia-a-dia, como ir às compras, cozinhar, que se tornam um desafio e geram manifestações como ansiedade [2], depressão [3], insónia [4] e cansaço permanente. As insónias, por sua vez, podem provocar alterações nos hábitos alimentares.
Reduzir a inflamação para ajudar a proteger o organismo de danos oxidantes pode fazer-se através do consumo de fruta e legumes, de gorduras Omega-3 e azeite. A deficiência de vitamina D [5], B12 [6] e magnésio [7] é bastante comum em pessoas com dor crónica. A vitamina D é um antioxidante e está associada à redução da fadiga muscular, a vitamina B12 desempenha um papel relevante nos processos neurológicos relacionados com a dor e o magnésio está associado à redução de espasmos musculares, inflamação e dor neuropática. Desta forma, o consumo de alimentos ricos nestes nutrientes pode garantir níveis de vitaminas e minerais adequados, evitando défices em micronutrientes que podem agravar a dor. Também a desidratação pode aumentar a sensibilidade à dor, pelo que a ingestão de água e de alimentos ricos em água é essencial para a correta circulação de nutrientes e eliminação de resíduos.
Reduzir e limitar o consumo de alimentos ultraprocessados e a ingestão açúcares é essencial, dado que estes contribuem de igual forma para o aumento da inflamação e da oxidação. O maior consumo destes alimentos e/ ou bebidas levam a um aumento do risco de problemas de saúde e doenças crónicas associadas, tais como doenças cardiovasculares e diabetes, por exemplo.
Sendo 2020 o Ano Internacional da Prevenção da Dor, é fundamental alertar para o impacto significativo das intervenções nutricionais na redução da dor, uma relação ainda desvalorizada. A APED, em parceria com a IASP e a EFIC, pretende criar, ao longo do ano, estratégias de prevenção da dor que envolvam profissionais de saúde, comunidade científica e doentes, com o objetivo de obter melhores resultados.
Ligações
[1] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/dor-cronica-e-dor-aguda
[2] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/ansiedade
[3] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/depressao
[4] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/insonias-0
[5] https://www.atlasdasaude.pt/artigos/tudo-o-que-precisa-de-saber-sobre-vitamina-d
[6] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/vitamina-b12
[7] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/magnesio
[8] https://www.atlasdasaude.pt/artigos/o-papel-da-anestesiologia-no-controlo-da-dor
[9] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/caminhar-pode-ser-o-suficiente-para-prevenir-e-controlar-dor
[10] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/varias-vezes-me-disseram-que-era-eu-que-estava-imaginar-dor
[11] https://www.atlasdasaude.pt/foto/shutterstock
[12] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/artigos-de-opiniao
[13] https://www.atlasdasaude.pt/autores/telmo-barroso-nutricionista-e-membro-da-associacao-portuguesa-para-o-estudo-da-dor-aped