Um acidente vascular cerebral (AVC) [1] ocorre quando uma parte do cérebro deixa de ser irrigada pelo sangue. Isto sucede sempre que um coágulo se forma num vaso sanguíneo cerebral ou é transportado para o cérebro depois de se ter formado noutra parte do corpo, interrompendo o fornecimento de sangue a uma região do cérebro.
Habitualmente ocorre hemiplegia (esquerda ou direita), ou seja, paralisia de um dos lados do corpo; perda da capacidade da linguagem chama-se, ou seja, afasia [2]; podem ainda ocorrer perda da sensibilidade ou da força no lado afectado, perturbações do equilíbrio e alterações da visão.
Uma pessoa que sofre um AVC deve sempre ser observada num hospital, no mais curto espaço de tempo, para se avaliar a necessidade de internamento e ser estabelecido tratamento adequado, até para evitar que o acidente se repita.
Quando vai para casa, não obstante a sua incapacidade, é importante que o doente procure executar tarefas da vida diária, como sejam, virar-se na cama, levantar-se e sentar-se na beira da cama, lavar-se, comer, reeducar os intestinos e a bexiga ou utilizar a cadeira de rodas.
A maior parte das pessoas consegue, após um AVC, voltar a executar, sozinhas, essas actividades, desde que tenham a ajuda e o encorajamento adequados; outras aprendem o suficiente para necessitarem de pouca assistência. Contudo, os doentes devem, por si próprios e o mais cedo possível, procurar a autonomia e desempenhar um papel activo na sua recuperação. É natural que tenham receio de experimentar novas ocupações.
De início, devem ser estimuladas a realizar tarefas simples que estejam ao seu alcance, sendo-lhes dada a ajuda suficiente para que obtenham bons resultados.
1. Deve ser dada apenas a ajuda necessária para que a pessoa consiga executar determinada tarefa. Há famílias que, com boas intenções, prestam demasiada ajuda, o que leva a que o doente não faça o suficiente pelos seus próprios meios e, por conseguinte, perca a confiança em si próprio. Deve deixar que execute sozinho as tarefas mesmo que demore mais tempo.
2. Deve-se encorajar o doente sem se lhe exigir demasiado. É necessário ser firme, mas compreensivo, e nunca se mostrar impaciente ou zangado.
Depois do AVC, o doente pode ter reacções estranhas, como chorar ou rir, sem motivo aparente. Isto não deve causar preocupação, porque se trata de uma manifestação normal da doença, que desaparece progressivamente com a sua evolução.
3. O doente deve ser encorajado a receber visitas, a sentar-se na varanda ou no jardim e a passear na rua. Não deve ficar isolado.
4. Não esquecer que, apesar da sua incapacidade, este doente deverá ser tratado com respeito, ser integrado nos assuntos da família, sendo-lhe pedida ajuda em pequenos trabalhos domésticos.
5. Deve estimular-se o doente a sair de casa e a integrar-se na comunidade. Existem centros de dia para pessoas idosas e com incapacidades, que podem proporcionar-lhe outras companhias e actividades. Quanto mais ocupado e activo estiver, melhor será a sua atitude, disposição e recuperação.
Para ajudar as pessoas que tiveram um AVC, para além do contributo da sua família e amigos, pode ser necessária a intervenção de vários profissionais.
Um acidente vascular cerebral ocorre, geralmente, em indivíduos que antes do AVC já tinham outra doença, tal como tensão alta, doenças do coração ou diabetes. Assim, a pessoa poderá ter de fazer dieta, tomar medicamentos ou ter outros cuidados para controlar essa situação. Poderá, ainda, necessitar de um analgésico, devido a um problema articular que tenha surgido no lado afectado. O médico assistente prestará ajuda e encaminhá-la-á, se necessário, para um fisioterapeuta ou outro profissional, acompanhando o trabalho deste.
Cabe ao enfermeiro orientar o doente e estimulá-lo a fazer os exercícios em casa, assim como aconselhar quanto aos cuidados a ter com a pele, bexiga e intestinos e ajudá-lo na escolha e utilização de dispositivos e aparelhos de que necessita.
Cabe-lhe também dar informações, apoio e orientações à família e a outras pessoas envolvidas na prestação de cuidados.
Fará os tratamentos indicados pelo médico e treinará a pessoa na execução de exercícios e no uso das ajudas técnicas (bengala, cadeira de rodas, etc.). Apesar de não reverter as lesões cerebrais, a fisioterapia pode melhorar substancialmente a capacidade motora e a qualidade de vida.
Ajudará o doente a automatizar-se, com as capacidades restantes, nas actividades da vida diária.
Procederá à avaliação e tratamento, ou ensinará os familiares a encarregarem-se dos exercícios de reeducação da fala.
A assistente social, que pode estar ligada a qualquer entidade ou organização local (autarquia, centro de saúde, paróquia, etc.), dará informações sobre os direitos relativos à assistência financeira (incluindo apoio no preenchimento dos impressos e elaboração dos pedidos) e sobre os serviços disponibilizados pelas entidades e organizações locais.
A depressão [3] é frequente nos sobreviventes de um AVC, que muitas vezes necessitam de apoio dos profissionais de saúde mental. O apoio emocional de familiares e amigos é também muito importante para se aprender a viver com as consequências de um AVC.
Ligações
[1] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/acidente-vascular-cerebral-1
[2] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/afasia
[3] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/depressao
[4] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/causas-de-avc-no-jovem-adulto
[5] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/depois-do-avc-o-que-fica
[6] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/pequenas-mudancas-fazem-diferenca-na-reducao-do-risco-de-avc
[7] https://www.atlasdasaude.pt/fonte/dgs
[8] https://www.atlasdasaude.pt/foto/shutterstock
[9] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/sistema-sensorial
[10] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/sistema-circulatorio
[11] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/direcao-geral-da-saude