Doenças da infância

Varicela: contágio que passa despercebido

Atualizado: 
09/05/2019 - 13:03
Mais frequente no final do inverno ou no início da primavera, não é raro assistir-se a surtos de varicela fora desta época, deixando pais e educadores com os nervos à flor da pele. Sendo uma doença bastante comum na infância e altamente contagiosa, é difícil encontrar um adulto que nunca a tenha tido.

A varicela é uma doença contagiosa que causa uma erupção cutânea vesiculosa e pruriginosa, provocada pelo vírus Herpes Varicella Zoster e que se contrai através do contato direto com a e pele infetada ou através de partículas de saliva libertada na tosse ou espirro de um doente.

É de tal modo contagiosa que mais de 90 por cento das pessoas que não tenham tido a doença são infetadas assim que entram em contato com este vírus.

Com um período de incubação que pode ir até aos 21 dias, uma pessoa pode infetar outra ainda antes dos sintomas da varicela nela se manifestarem. Ou seja, o contágio pode-se dar mesmo antes da erupção cutânea ter surgido e até que todas as vesículas, ou bolhas, tenham formado crostas.

Os principais sintomas são a presença de bolhas, cheias de líquido, na pele que surgem sobretudo no tronco – embora se possam espalhar por todo o corpo, inclusive genitais e couro cabeludo.

Apesar de menos frequentes, estas bolhas podem ainda surgir na boca, interior do reto ou vagina.

Muito embora estas sejam o sinal visível da doença, é bastante frequente existirem outros sintomas como a febre, dores de cabeça, dores abdominais e falta de apetite.

A varicela, ainda que extremamente desconfortável, é uma infeção que, na maior parte dos casos, desaparece espontaneamente.

Não obstante, o prurido causados pelas vesículas é muito acentuado e pode causar lesões na pele e/ou infeção bacterianas, sendo por isso muito importante manter as unhas curtas e limpas, sobretudo as das crianças, de modo a minimizar este risco.

O tratamento desta doença incide exatamente sobre o alívio da comichão. Os banhos de aveia e a loção de calamina podem ajudar a reduzir o desconforto.

No entanto, quando os banhos ou loções não são suficientes para aliviar este sintoma, os anti-histamínicos orais podem proporcionar algum alívio.

Em caso de febre deve-se tomar um antipirético como o paracetamol e nunca derivado de aspirina. Os médicos advertem até para que nunca se dê aspirina a uma criança com varicela uma vez que esta pode provocar Síndrome de Reye - uma doença potencialmente fatal.

Embora na infância seja uma doença benigna, podem ocorrer complicações como a pneumonia ou a encefalite. Por isso, em caso de varicela contate o seu médico se se desenvolver algum dos seguintes sintomas:

- febre igual ou superior a 39,5º C
- sinais de infeção pulmonar, incluindo tosse e dificuldade em respirar
- sinais de infeção cerebral, incluindo dores de cabeça intensas, sonolência ou vómitos
- infeção das vesículas

Em crianças sem outros problemas de saúde, a varicela é geralmente um infeção ligeira, verificando-se a normalização da pele entre duas a três semanas.

A prevenção pode ser feita através da vacinação, embora esta vacina não conste do Plano Nacional de Vacinação e só seja recomendável a adolescentes entre os 11 e os 13 anos e a grupos de risco.

A explicação? A Organização Mundial da Saúde defende que esta vacina só é útil na infância se fizer parte do Plano Nacional de Vacinação e for dada a entre 85 e 90 por cento das crianças. Como Portugal não a inclui no seu plano, administrá-la só a algumas comporta riscos: pode alterar a epidemiologia da varicela no País e causar surtos da doença, que podem ser mais perigosos para as crianças.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Fonte: 
Sociedade Portuguesa de Pediatria
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
ShutterStock