A rosácea [1] é uma doença cutânea crónica comum que afecta principalmente a pele do rosto e caracteriza-se por um conjunto de sinais e sintomas, que incluem flushing, eritema persistente, pápulas [2] inflamatórias e pústulas [3], sensação de calor ou ardor, nas áreas afectadas.
Ana Fidalgo, Dermatologista na Fundação Champalimaud e na Clínica Dermatológica Sequine refere que, “conforme o predomínio individual destas lesões cutâneas, assim se classifica a rosácea em quatro subtipos:
Os doentes podem ser estáveis ou evoluir de um subtipo de rosácea para outro. Por exemplo, explica a dermatologista, “ter inicialmente apenas vermelhidão e pequenos vasos superficiais visíveis na pele - forma eritemato-telangiectásica -, desenvolver posteriormente pápulas e pústulas com persistência do eritema - rosácea pápulo-pustulosa - e, com o tempo, adquirir áreas de pele espessa e irregular, refletindo o aumento de volume das glândulas sebáceas da pele - rosácea fimatosa – , sendo o nariz a localização mais frequente – rinofima e os homens mais predispostos a ter este subtipo da doença”.
A rosácea ocular pode associar-se a qualquer um destes subtipos ou ocorrer na ausência de envolvimento cutâneo, e caracteriza-se, diz Ana Fidalgo, “por hiperémia conjuntival da pálpebra ou peri-ocular, sensação de corpo estranho, secura ocular, fotofobia [4] e visão turva” sublinhando que a gravidade desta forma não tem correlação obrigatória com a gravidade dos subtipos cutâneos.
O impacto físico da rosácea é limitado, sendo mais relevante a repercussão na autoestima e na relação socioprofissional dos doentes. Contudo, conta a dermatologista, “podemos considerar a rosácea pápulo-pustulosa como a mais grave, em particular se estiver associada a um componente inflamatório exuberante”. Se asim for, o doente apresenta pápulas inflamatórias e algumas pústulas centrofaciais, em áreas de eritema, que habitualmente são em pequeno número e transitórias, associada a dor ligeira ou prurido.
Já nos casos mais graves, e ainda na rosácea pápulo-pustulosa, Ana Fidalgo explica que o doente “pode adquirir progressivamente mais lesões, com coalescência de placas inflamadas, acentuação do eritema, aparecimento de áreas de edema duro e crónico da face. Nestas situações torna-se sempre necessário efetuar terapêuticas sistémicas, independentemente dos cuidados ou tratamentos tópicos, nomeadamente antibioterapia sistémica”.
O correcto tratamento da rosácea terá de ser sempre personalizado, adequado à forma de rosácea predominante presente, e inclui os cuidados gerais básicos e diversas intervenções farmacológicas tópicas e/ou sistémicas, isoladas ou mais frequentemente em associação.
Assim, “os princípios básicos do tratamento da rosácea são comuns para todos os subtipos: evitar os factores desencadeantes e de agravamento. Ou seja, calor, exposição solar, alimentos quentes, picantes e álcool, stress e cremes com potencial irritativo”, alerta a especialista.
Como tal, o uso de produtos de higiene suave e adequados, de creme hidratantes com capacidade de interferir na hiper-reactividade vascular, e de protetores solares é sempre de aconselhar, independentemente do uso de produtos ou maquilhagem correctora.
Para cada um dos subtipos de rosácea, Ana Fidalgo explicou ao Atlas da Saúde a melhor forma de cuidar e tratar:
Usar tópicos com ação anti-inflamatória e antimicrobiana (metronidazol ou ácido azelaico) e, adicionalmente, utilizar a brimonidina gel, um agonista altamente específico dos recetores adrenérgicos alfa2, com ação vasoconstritora potente, e como tal, consegue reduzir, embora de forma transitória, o eritema facial. Podemos ainda recorrer a tratamentos de laser ou luz pulsada para reduzir de forma mais definitiva a vermelhidão, sobretudo em situações em que esta seja exuberante.
Todos os tratamentos anteriores podem ser utilizados, nomeadamente, os tópicos referidos. Para controlar o componente inflamatório, são necessários antibióticos [5] tópicos ou orais, metronidazol oral ou isotretinoína oral, fármaco frequentemente utilizado no tratamento da acne [6]. Dentro da antibioterapia sistémica, salientam-se antibióticos com actividade adicional anti-inflamatória.
Caracteriza-se por elevada refratariedade à terapêutica. Podem ser usados os tratamentos atrás descritos, se os componentes telangiectásico ou pápulo-pustuloso estiverem presentes. Na tentativa de redução do volume da pele, nomeadamente do nariz (rinofima), a isotretinoína oral pode ser uma mais-valia no controlo da hiperplasia sebácea. Em casos seleccionados, podemos recorrer a tratamentos por cirurgia ou laserterapia de CO2, para redelinear o nariz.
É estabelecido pela oftalmologia e contempla a higiene ocular cuidada, o uso de lágrimas artificiais, antibióticos tópicos e/ou orais, dependendo da gravidade do quadro clínico.
Por expressa opção do autor, o texto não respeita o Acordo Ortográfico
Ligações
[1] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/rosacea
[2] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/papulas
[3] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/pustulas
[4] https://www.atlasdasaude.pt/content/fotofobia
[5] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/antibioticos
[6] https://www.atlasdasaude.pt/acne-causas-sintomas-diagnostico-tratamento
[7] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/conselhos-para-melhorar-rosacea
[8] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/rosacea-0
[9] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/rosacea-doenca-da-pele-vermelha
[10] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/rosacea-afeta-mais-mulheres
[11] https://www.atlasdasaude.pt/foto/shutterstock
[12] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/sistema-pele
[13] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/beleza
[14] https://www.atlasdasaude.pt/autores/celia-figueiredo