Como funciona

Transplante

Atualizado: 
27/06/2019 - 15:34
O transplante pode trazer enormes benefícios às pessoas afectadas por doenças que, de outro modo, seriam incuráveis.
Médico cirurgião em cirurgia de transplantação de órgão

Transplantar um órgão significa substituí-lo por outro. Isto acontece, quando determinado órgão não consegue realizar a sua função devido a lesão irreversível; se o órgão em causa for vital e não existir alternativa de tratamento que substitua a sua função, o doente morrerá em período mais ou menos curto. Mesmo que esse espaço de tempo possa ser um pouco longo, a qualidade de vida será má ou péssima. Mas, para substituir o órgão doente, é preciso dispor de um órgão são, isto é, é preciso que haja um dador.

O organismo humano tem uma identidade própria que lhe é dada pelo seu código genético; por isso, cada ser humano é diferente de todos os outros, à excepção de gémeos que provenham do mesmo ovo. Para manter essa integridade face ao mundo que o rodeia, existe um "exército”pronto a defendê-lo de tudo o que lhe é estranho. Esse "exército” é o sistema imunológico que, através de vários mecanismos, tenta destruir tudo aquilo que entre no organismo e ele não reconheça como seu.

Rejeição

Se este sistema é fundamental para nos defender das infecções e outras agressões, constitui, por outro lado, o grande obstáculo à transplantação; com efeito, ao reconhecer como estranho o órgão transplantado, irá mobilizar todas as defesas para destrui-lo. É preciso, por isso, procurar evitar esta acção, sem contudo deixar o organismo indefeso face à infecção. É o que se chama evitar a rejeição do órgão transplantado sem, ao mesmo tempo, diminuir tanto as defesas o que, a acontecer, deixaria o organismo à mercê de qualquer infecção que o conduziria à morte - É neste balançar instável de evitar a rejeição, por um lado e prevenir ou dominar a infecção, por outro, que reside a essência do sucesso da transplantação.

Para que a rejeição seja o menos intensa possível, deve transplantar-se um órgão que seja parecido com o órgão a substituir; isto quer dizer que o enxerto (órgão novo) deve ter um tamanho semelhante ao do órgão que vai substituir e deve provir de um dador com o mesmo grupo sanguíneo e o maior número de afinidades. A isto se chama compatibilidade entre o receptor (doente que vai receber o novo órgão) e o dador (em regra cadáver de que se colhe o enxerto).

Procedimento

O órgão a transplantar pode colher-se num ser humano vivo (dador vivo) ou num cadáver; o primeiro caso é raro e só pode fazer-se, obviamente, quando o órgão é duplo (caso do rim) ou, não o sendo, basta transplantar parte do órgão (fígado, pâncreas, intestino). A quase totalidade dos transplantes é feita com órgãos colhidos em cadáver. Para que tal seja viável, o órgão a colher tem de ser são e manter a circulação sanguínea normal. Ora tal acontece no caso de morte cerebral – a pessoa está morta devido a lesão irreversível do tronco cerebral mas, com a ajuda de ventilação mecânica e de suporte circulatório, é possível manter por algum tempo a irrigação sanguínea adequada dos órgãos a colher.

O processo normal para um transplante é iniciado por um médico, que em consulta com o doente lhe indica o diagnóstico e a terapia mais adequada, que neste caso poderá passar por um transplante. O doente terá sempre o direito de escolha entre fazer ou não fazer um transplante depois de devidamente informado pelo médico.

Tempo de espera

O período de espera é variável e, geralmente, um pouco demorado tendo em conta a pouca disponibilidade de órgãos para transplante. Quando um órgão fica disponível, o doente é contactado para que num espaço de tempo muito reduzido a intervenção se realize. Os órgãos, regra geral, não sobrevivem muito tempo fora do corpo humano pelo que se um doente não estiver contactável perde a vez para outro.

Depois do transplante, efectuam-se consultas de acompanhamento periódicas. Muito embora, a compatibilidade entre dador e receptor seja testada antes de um transplante, a prescrição de medicamentos imunossupressores é obrigatória de forma permanente, excepto nos transplantes de medula óssea. Em casos de rejeição, poderá ser oferecido ao doente um novo transplante.

Não pense, contudo, que a transplantação é só o destino final dos doentes moribundos e desalentados. Antes, pelo contrário, ela deve, sempre que possível, ser programada atempadamente para daí resultarem os maiores benefícios.

Como em todas as grandes atitudes médicas e cirúrgicas o apoio familiar, psicológico e social ao doente é muito importante e ajuda a melhorar significativamente os êxitos do transplante.

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Fonte: 
Associação Nacional dos Transplantados Hepáticos
Nota: 
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