Trata-se de um subtipo raro de linfoma, mais comum em faixas etárias mais avançadas. É uma doença adquirida, não se conhecendo fatores de risco para o seu aparecimento, nem evidência de transmissão associada à hereditariedade.
Embora a maioria dos doentes não tenha evidência de doença extra-cutânea à data do diagnóstico (estes integram a definição clássica de linfomas cutâneos primários), alguns doentes com determinados subtipos de linfoma cutâneo frequentemente têm ou terão envolvimento ganglionar, visceral ou sanguíneo.
Os linfomas cutâneos primários apresentam uma grande variabilidade clínica. Podem atingir grande parte da superfície corporal ou ocorrer apenas em áreas corporais mais localizadas.
Dada a grande versatilidade clínica dos linfomas cutâneos de células T, frequentemente são confundidos com muitas outras dermatoses, incluindo eczemas, psoríase, parapsoríase e até com outras neoplasias cutâneas. É muito importante que estes doentes sejam observados por médicos dermatologistas, que, estando sensibilizados para estas situações, procedem à avaliação inicial adequada.
Embora seja um diagnóstico muito raro na infância, os linfomas cutâneos podem ocorrer nesta faixa etária. O tipo de linfoma mais frequente nestas idades é a micose fungóide, na sua variante hipopigmentada.
Os linfomas cutâneos são patologias raras e complexas, sendo, por vezes, muito difícil estabelecer com brevidade um diagnóstico preciso, exigindo a interação organizada entre várias áreas clínicas e laboratoriais.
A maioria dos linfomas cutâneos primários têm um comportamento muito indolente ao longo dos anos, não afetando a sobrevivência global do doente. Outros, por sua vez, têm uma evolução clínica mais agressiva, com impacto significativo na expectativa de vida.
Além disso, podem afetar profundamente a qualidade de vida e o bem-estar psicológico dos pacientes, na medida em que a pele é inerentemente o órgão de “apresentação” aos outros e as lesões cutâneas, muitas vezes, ocorrem em áreas visíveis.
Até à data não existe cura para linfomas cutâneos primários, embora estejam disponíveis algumas terapêuticas capazes de controlar a doença, de modo a proporcionar uma qualidade de vida satisfatória.
Os tratamentos englobam essencialmente as terapêuticas dirigidas à pele e as terapêuticas sistémicas. A escolha do tratamento deve ser individualizada tendo em conta o tipo de linfoma, o estadio da doença, a idade do doente e as suas comorbilidades.
Autoria
Iolanda C. Fernandes1,3,4, Rita Peixeiro2,3, Renata Cabral2,3,4
1Serviço de Dermatologia
2Serviço de Hematologia
3Consulta Multidisciplinar de Linfomas Cutâneos e Mastocitoses
3Centro Hospitalar Universitário de Santo António
4Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica
Ligações
[1] https://www.atlasdasaude.pt/foto/freepik
[2] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/sistema-pele
[3] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/tumores
[4] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/linfomas-cutaneos