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Início > O meu filho tem dislexia. E agora?

Perturbação da aprendizagem
Sinónimo de dificuldades na leitura e na escrita, a Dislexia ainda é, erradamente, interpretada como

Considerada uma dificuldade crónica que se manifesta pela dificuldade em aprender a ler, a dislexia é designada com uma perturbação da aprendizagem que tem origem no neurodesenvolvimento e que se estima que afete cerca de 5% das crianças em idade escolar.

Apesar de não se saber ao certo o que está na sua origem, alguns estudos sugerem que a dislexia tem uma origem genética. “Existe também a evidência de que há uma tendência familiar para o surgimento da dislexia, motivo pelo qual a existência de um parente com dislexia, ou outra dificuldade de aprendizagem específica, é um elemento importante a ter em consideração”, esclarece o Centro SEI, sublinhando que “independentemente das causas, é certo que a dislexia tem uma origem neurológica, pois existem diferenças individuais nas partes do cérebro que estão associadas à leitura”.

Em idade escolar, as principais características observáveis são uma leitura lenta, silábica, sem ritmo, com leitura parcial de palavras, substituição de palavras, repetições, hesitações e correções constantes, confusões quanto à ordem das letras e confusão entre os sons semelhantes. No entanto, e embora esta perturbação da aprendizagem seja, geralmente, identificada no “2º ano do 1º Ciclo do Ensino Básico”, existem alguns sinais que podem ser observados precocemente.

Entre os sinais precoces destacam-se o atraso no desenvolvimento da linguagem, como dizer as primeiras palavras ou construir frases mais tarde do que o habitual; dificuldade em pronunciar determinados sons; dificuldade em memorizar canções e lengalengas ou dificuldade em contruir frases lógicas, recorrendo a frases curtas ou palavras mal pronunciadas.

“O diagnóstico da dislexia é um processo complexo, que deverá ser realizado por um técnico especializado, e que envolve a avaliação de aspetos como o processamento fonológico e a própria leitura, entre outros”, explica o Centro SEI. Assim, se os pais os pais suspeitarem de que algo está errado, “deverão consultar um técnico especializado para que este os esclareça e possa, se necessário, fazer a avaliação da criança”.

“Após o diagnóstico é fundamental iniciar-se um trabalho multifacetado e que envolva vários participantes, que poderá ser gerido por um centro de aprendizagem. Assim, para além do trabalho direto com a criança ou jovem, deverá haver uma articulação entre o centro de aprendizagem, a escola e a família”, esclarece referindo que esta intervenção deve estar orientada não só para as competências de leitura, “mas também para aspetos emocionais (e.g., autoestima) e psicológicos (e.g., memória de trabalho) da criança ou jovem”.

“Naturalmente, os pais são um elemento fundamental no prognóstico desta perturbação do desenvolvimento, pois o modo como eles veem os seus filhos influencia a maneira com estes se veem a si próprios. De facto, se os pais pensarem que o diagnóstico de dislexia condena o futuro do seu filho, este irá sentir isso mesmo”, sublinha o Centro SEI. Deste modo, é importante que os pais interiorizem que dislexia não tem nada a ver com a inteligência. É sim um problema que pessoas inteligentes têm com a leitura e que “através de um ensino adequado é possível aprender a ler”.  “Existem muitas pessoas famosas, inteligentes, bem-sucedidas e que têm dislexia”, acrescenta o Centro SEI.

Sabendo que a dislexia pode ter um grande impacto na autoestima da criança é fundamental, para além do apoio familiar, que esta obtenha apoio da própria escola. Isto porque, tal como explica o Centro SEI “a diminuição da autoestima de uma criança com dislexia está muito relacionada com a sua perceção de que não consegue corresponder às expectativas dos pais e dos professores, e de que não conseguir alcançar os seus próprios objetivos”.

Deste modo, importa reforçar que se não for dada “uma atenção precoce e ajustada, aquele que começa por ser um problema na aprendizagem da leitura, pode tonar-se um problema, emocional, académico, profissional, social”.

Aos pais fica a recomendação: “deixem que sejam as competências dos vossos filhos a defini-los como pessoas e não as suas dificuldades. Ajudem os vossos filhos a encontrar uma área na qual eles possam ter experiências positivas, não importa o que seja (desporto, arte, ou outra), desde que lhes permita sentirem a experiência de serem capazes e competentes numa área”.

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Parentalidade [3]
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Autores: 
Sofia Esteves dos Santos [4]
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