Considerada um distúrbio neuromuscular que resulta na contração desadequada da bexiga, a bexiga hiperativa não é em sim uma doença mas antes um conjunto de sintomas com grande implicações no dia a dia de quem dela padece.
A sensação de urgência miccional, isto é, o “desejo súbito e forte de urinar, difícil de controlar” é o principal sintoma associado a esta síndrome. E embora as perdas involuntárias de urina possam acompanhar o quadro, a incontinência urinária [1] pode ou não estar presente no contexto da bexiga hiperativa. Outro aspeto a considerar para o seu diagnóstico prende-se como a quantidade de vezes que tem de ir à casa de banho: se vai 8 ou mais vezes durante o dia e uma ou mais vezes durante a noite, poderá sofrer desta síndrome.
Embora na maioria dos casos não se consiga determinar a suas causas, designando-se por isso como bexiga hiperativa idiopática, esta pode surgir na sequência de algumas doenças neurológicas, como a esclerose múltipla, a doença cerebrovascular, a doença de Parkinson [2] ou em resultado de traumas e lesões na coluna. Por outro lado, as alterações estruturais da própria bexiga, do seu músculo e dos órgãos adjacentes podem estar na origem desta síndrome.
Sabe-se ainda que as pessoas com depressão ou os diabéticos insulinodependentes apresentam maior risco de desenvolver bexiga hiperativa. E, embora, esta síndrome possa atingir qualquer pessoa, de qualquer sexo e de qualquer idade, estima-se que a sua prevalência aumente com a idade, uma vez que as alterações fisiológicas associadas ao envelhecimento, e que produzem, por exemplo, alterações do tónus muscular, também favorecem o seu desenvolvimento.
O seu diagnóstico é habitualmente fácil, tendo em conta os sintomas descritos. No entanto, são ainda poucos os casos que chegam ao consultório médico, o que faz desta uma patologia fortemente subdiagnosticada. É que, por desconhecimento ou vergonha, acredita-se que uma percentagem elevada de doentes se acomode à situação e aceite esta síndrome como algo inevitável.
Segundo Geraldina Castro, especialista em ginecologia e obstetrícia da Maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra, dependendo da intensidade dos sintomas, esta é uma síndrome que pode alterar por completo a vida de uma pessoa. Não só a nível pessoal, como social e profissional, sendo por isso essencial reforçar a mensagem de que, apesar de esta ser uma condição clínica sem cura, ela pode ser controlada. Importa ainda referir que a bexiga hiperativa pode apresentar períodos de ausência completa dos sintomas e outros de agravamento, pelo que o tratamento tem de ser adaptado a cada fase.
Entre as opções terapêuticas disponíveis encontram-se a terapia comportamental, a terapia farmacológica e a cirurgia.
Relembramos ainda que o exercício físico, a par de uma alimentação saudável, são essenciais para o controlo da doença uma vez que, para além de combater o excesso de peso, irá contribuir para o fortalecimento dos músculos do pavimento pélvico.
Ligações
[1] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/incontinencia-urinaria
[2] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/doenca-de-parkinson-sintomas-e-tratamento
[3] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/bexiga-hiperativa-alguns-medicos-nao-estao-familiarizados-com-este-problema
[4] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/mais-de-metade-dos-doentes-abandona-tratamento
[5] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/como-manter-bexiga-saudavel
[6] https://www.atlasdasaude.pt/foto/shutterstock
[7] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/sistema-urinario
[8] https://www.atlasdasaude.pt/autores/sofia-esteves-dos-santos