A febre é, nada mais nada menos, que uma resposta fisiológica e imprescindível do organismo a um determinado agente agressor, como vírus, bactérias ou fungos. Trata-se, deste modo, de um mecanismo de defesa que, como alguns estudos sugerem, aumenta a taxa de sobrevivência e diminui a duração do episódio de doença, estimulando não só o sistema imunitário, como dificultando a reprodução microbiana.
De acordo com a especialista em neonatologia, Alexandra Couto, autora do livro “Urgências em Pediatria”, “a febre é a elevação da temperatura do corpo humano, devido à libertação de pirogénios endógenos, desencadeada por uma resposta inflamatória”, podendo ser considerado estado febril “uma temperatura retal igual ou superior a 38°C ou oral/axilar superior a 37,5°C”.
A verdade é que a temperatura corportal sofre pequenas variações ao longo do dia, podendo variar entre os 35,5° e os 36,6°, subindo cerca de 0,5° no período da tarde.
Fatores como o exercício físico, o vestuário, o banho quente ou temperaturas atmosféricas elevadas podem conduzir a um aumento superior a 1°C na temperatura corporal.
Quer isto que dizer que, facilmente, podemos atingir temperaturas de 37°C sem que isso seja um indicador de doença.
As causas da febre são muitas e podem ser divididas entre infecciosas e não infecciosas.
“De realçar que as temperaturas corporais muito elevadas (41°C) estão habitualmente associadas a causas não infecciosas, por exemplo, distúrbios do sistema nervoso central”, explica ainda a especialista.
Por outro lado, temperaturas muito baixas, “abaixo dos 36°C”, podem ter diversas causas. O uso indiscriminado de antipiréticos à exposição ao frio, alterações endócrinas ou infeções graves são indicadas como algumas das responsáveis pelas temperaturas mais baixas.
“Em idade pediátrica, a febre é devida a infeções virais, na maioria dos casos. Nestas situações, a febre não excede os três dias completos e não necessitam de antibiótico”, refere chamando a atenção de que “os dentes não são responsáveis por temperaturas superiores a 38,4°”.
A convulsão febril é uma das grandes preocupações dos pais, mas felizmente estes casos são raros, atingindo menos de 4% das crianças entre os seis meses e os cinco anos. “Existe, nestes casos, geralmente, uma história familiar de convulsões febris”, refere Alexandra Couto.
As convulsões são, habitualmente, de curta duração e cessam sem necessidade de terapêutica.
Quando é necessária a administração de antibióticos, o agente infeccioso é eliminado rapidamente, no entanto, a resposta inflamatória induzida por este no organismo pode ainda manter-se durante algum tempo, levando à manutenção da febre. De acordo com a especialista, “a manutenção da febre, neste caso em particular, não se deve ao insucesso terapêutico”.
Ligações
[1] https://www.atlasdasaude.pt/fonte/manual-de-urgencias-em-pediatria
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[4] https://www.atlasdasaude.pt/autores/sofia-esteves-dos-santos