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Como a alimentação pode ajudar ao bom funcionamento da Tiroide

Atualizado: 
24/07/2019 - 11:04
Estima-se que os distúrbios da tiroide afetem um milhão de portugueses e mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Embora as causas sejam diferentes para cada patologia, saiba que a alimentação desempenha um papel importante para o bom funcionamento da tiroide. Neste artigo, mostramos-lhe os alimentos que deve privilegiar e os que deve evitar para manter a saúde desta glândula.
Mulher com faca a cortar legumes

Situada na base do pescoço imediatamente abaixo da "maçã-de-adão", a tiroide é uma glândula que tem como função produzir e libertar para a circulação sanguínea duas hormonas importantes ao normal funcionamento do organismo: a tri-iodotironina (T3) e a tetraiodotironina (T4 ou tiroxina). Atuando em quase todas as células do nosso corpo, estas hormonas controlam o metabolismo. Para além de ajudarem a utilizar a energia, regulam a temperatura corporal, o crescimento e desenvolvimento intelectual nas crianças e permitem um normal funcionamento do cérebro, músculos, coração e outros órgãos.

Entre os distúrbios da tiroide mais frequentes encontram-se o hipotiroidismo e o hipertiroidismo. O primeiro caracteriza-se por uma produção insuficiente de hormonas tiroideas, o que compromete o normal funcionamento do organismo. Entre os principais sintomas destaca-se o aumento do peso, cansaço ou fadiga, aumento de sensibilidade ao frio, e outros sinais como queda de cabelo ou cabelo quebradiço, pele seca e irregularidades menstruais.

No outro extremo, temos o hipertiroidismo que se caracteriza pela produção em excesso destas hormonas. Aumento do apetite, perda de peso, irritabilidade, intolerância ao calor, aumento da frequência cardíaca ou insónia estão entre os principais sinais de que a sua tiroide está a produzir hormonas em excesso.

Para manter o bom funcionamento da tiroide, é necessário que sejam ingeridos, nas quantidades suficientes, alguns micronutrientes, como é o caso do iodo, selénio, zinco, cobre, ferro, vitamina A e vitamina D, que participam na síntese das hormonas tiroideas. É que apesar da disfunção da glândula tiroideia ser condicionada por múltiplos fatores genéticos e ambientais, que não são modificáveis, a evidência científica sugere que alguns dos fatores que podem ter um papel importante na prevenção de distúrbios metabólicos, endócrinos ou neoplásicos podem ser modificáveis, como é o caso da alimentação.

Conheça os nutrientes que contribuem para o bom funcionamento da tiroide

Iodo – trata-se um oligoelemento essencial para uma produção adequada das hormonas da tiroide. Condições como o bócio ou hipotiroidismo podem ter na sua origem a deficiência de iodo.

Por outro lado, o seu consumo em excesso pode levar a um aumento de hormonas, que está na origem do hipertiroidismo.

A ingestão recomendada de iodo é de 250 μg/dia para grávidas e mulheres a amamentar, e de 150 μg/dia para adultos.

Marisco, algas marinhas, ovos, cereais, leite e produtos lácteos, bem como algumas frutas e vegetais, são ótimas fontes de iodo.

No entanto tome nota: alimentos como repolho nabo, colza, amendoim, mandioca, couve-flor, brócolos e soja diminuem a captação de iodo pelas células do organismo.

Selénio – é um micronutriente importante para a síntese da T3 e T4, atuando em conjunto com o iodo. Ele é a peça-chave na conversão de T4 em T3 (a hormona ativo) em todos os órgãos e estruturas.

A ingestão recomendada para adultos é de 55 µg/dia; no caso de mulheres grávida ou em lactação, este valor aumenta para 60 e 70 µg/dia, respectivamente.

Ovo, cogumelos, castanha do Brasil e cereais são as principais fontes de selénio, embora este também possa ser encontrado em alimentos os brócolos, alho e cebola ou atum e sardinha.

Zinco – Tal como o selénio, o zinco desempenha um papel importante na conversão da T4 para T3.

A ingestão recomendada deste micronutriente é de 8 mg por dia para as mulheres, 11mg por dia para os homens. Para gestantes e lactantes as suas necessidades estão aumentadas. Os alimentos com maior teor em zinco são as ostras, carne vermelha, carne de aves, feijão, nozes e grãos integrais.

Cobre – O cobre estimula a produção da hormona T4 e impede que esta seja absorvida em excesso. Atua ainda com um antioxidante.

Marisco, vísceras e carnes ou frutos gordos, grãos de cereais e leguminosas são excelentes fontes de cobre. As doses de ingestão recomendadas são de 900μg por dia para adultos e entre 1000 a 1300 μg para grávidas e lactantes.

Ferro - intervém no metabolismo e atividade enzimática da tiroide. A ingestão recomendada de ferro nos adultos é de 8 mg/dia para homens e 18 mg/dia para mulheres.

Entre as principais fontes de ferro estão a carne vermelha e o marisco.

Vitamina A - é uma vitamina lipossolúvel fundamental na síntese de tireoglobulina e na captação de iodo pela tiróide. De acordo com alguns estudos, uma alimentação deficiente em vitamina A e iodo pode ser causa da elevada incidência do hipotiroidismo.

As melhores fontes alimentares de vitamina A são óleo de fígado de bacalhau, cereais fortificados, gema de ovo, fígado de animais, leite e produtos lácteos.

Recomenda-se a ingestão diária de 700µg para as mulheres de 900 µg para os homens.

Vitamina D – importante para a regulação do sistema imunitário, alguns estudos aponta a sua carência como uma das causas da Doença Autoimune da Tiroide.

Entre os alimentos a privilegiar para o aporte adequado desta vitamina estão o óleo de fígado de bacalhau, o salmão, a gema de ovo, os peixes e moluscos, o leite e os produtos lácteos.

Recomenda-se a ingestão de 5 μg por dia para adultos e de 10 μg para adultos com idade superior a 50 anos.

Alimentos a evitar

Quem já tem alguns distúrbios da tiroide deve evitar o consumo exagerado de soja e seus derivados. Alguns estudos mostram que estes alimentos podem contribuir para a desregulação desta glândula. No entanto, isto só acontece em pessoas com história familiar de doença da tiroide ou que não consomem iodo nas doses recomendadas.

A couve, os brócolos, o repolho e os espinafres contêm glucosinolatos e por isso não devem ser consumidos crus diariamente. Devem ser sempre cozinhados de modo a estas substâncias não interferiram na captação do iodo pelas células.

Por outro lado, deve evitar comer alimentos industrializados ricos em açúcar uma vez que estes afetam a capacidade desta glândula produzir hormonas. 

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Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Fonte: 
CUF e Associação das Doenças da Tiroide
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay