A tiroidite é uma inflamação da glândula tiróide e provoca um hipertiroidismo [1] transitório muitas vezes seguido de um hipotiroidismo [2] transitório. Pode também não produzir qualquer mudança no funcionamento da tiróide [3].
Diversos factores poderão contribuir para a protecção da glândula tiroideia contra a infecção, destacando-se a rica vascularização e a boa drenagem linfática, o conteúdo elevado de iodo (com possível efeito bactericida) e a separação física clara das outras estruturas adjacentes.
A infecção é facilitada quando há uma doença subjacente da glândula ou quando há uma intervenção cirúrgica da tiróide ou dos órgãos vizinhos. A infecção das diversas estruturas cervicais pode atingir por continuidade a glândula tiroideia.
De referir ainda a possibilidade de a infecção da tiróide ser provocada por via sanguínea e a partir de focos de infecção localizados em locais distantes, tais como a pele, as vias respiratórias, o aparelho genito-urinário ou o tubo digestivo.
Existem vários tipos de tiroidite sendo os mais frequentes a tiroidite aguda infecciosa, a tiroidite subaguda de De Quervain (também conhecida por tiroidite subaguda granulomatosa), a tiroidite crónica auto-imune e a tiroidite linfocitária silenciosa.
As tiroidites infecciosas podem ser provocadas por diversos tipos de agentes: bactérias, fungos, parasitas ou vírus, sendo que as tiroidites bacterianas são as mais frequentes e potencialmente graves. A distinção entre a tiroidite infecciosa (nomeadamente a forma bacteriana aguda) e outras formas de tiroidite, com processos inflamatórios de estruturas adjacentes, pode ser difícil.
Na tiroidite bacteriana aguda supurativa os sinais e sintomas mais frequentes são para além da dor [4], rubor, calor e inchaço locais, a febre [5], a dor ao engolir e a rouquidão [6]. Em geral não existe mau funcionamento da tiróide (hipotiroidismo ou hipertiroidismo) neste tipo de tiroidites.
O tratamento da tiroidite bacteriana deverá ser o mais precoce possível e inclui a utilização de antibióticos [7] cuja escolha deve ser guiada pelos resultados do exame bacteriológico do material das lesões. Nos casos em que há formação de um abcesso [8], poderá ser necessária uma drenagem cirúrgica.
A tiroidite subaguda de De Quervain é uma forma rara de tiroidite com um início mais arrastado que a forma bacteriana. Esta tiroidite também é denominada tiroidite granulomatosa ou tiroidite de células gigantes.
Nesta doença uma infecção virusal poderá ser o factor precipitante ou mesmo causal. Ocorre preferencialmente entre os 20 e os 60 anos e é 3 a 6 vezes mais frequente na mulher. É mais habitual o seu diagnóstico nos meses de verão. A tiroidite é muitas vezes precedida por uma infecção respiratória ou o que muitas vezes as pessoas chamam uma inflamação da garganta, mas na realidade trata-se de uma dor no pescoço, localizada na tiróide.
Esta entidade caracteriza-se pela dor e inchaço da tiróide (em geral assimétrica), por vezes com febre e outros sintomas gerais tais como falta de forças, dores musculares, anorexia [9] e emagrecimento. A dor pode deslocar-se de um lado para o outro do pescoço, espalhar-se à mandíbula e aos ouvidos e tornar-se mais forte quando se vira a cabeça ou no momento da deglutição, por isso, no inicio, pode ser confundida com um problema dentário ou com uma infecção da garganta ou do ouvido.
A inflamação faz com que a glândula tiróide liberte uma quantidade excessiva de hormona tiróidea e, por conseguinte, apareça hipertiroidismo, quase sempre seguido de um hipotiroidismo transitório.
O tratamento é dirigido ao alívio dos sintomas e pode incluir a toma de anti-inflamatórios não esteróides e/ou corticosteróides. A maioria dos doentes recupera por completo deste tipo de tiroidite. O mal diminui de forma espontânea em poucos meses, mas por vezes causa recaídas ou, raramente, provoca uma lesão bastante grave na glândula tiróide para causar um hipotiroidismo permanente.
A tiroidite crónica auto-imune é como o nome indica uma forma crónica de tiroidite que do ponto de vista clínico pode ter pouca sintomatologia e passar mesmo despercebida. A sua origem é imunológica e está relacionada com fenómenos de auto-imunidade, com auto agressão da tiróide pelo sistema imunitário do próprio indivíduo. Ou seja, por razões desconhecidas, o organismo vira-se contra si mesmo numa reacção auto-imune e cria anticorpos [10] que atacam a glândula tiróide.
A doença caracteriza-se pela presença no sangue de anticorpos antitiroideus, nomeadamente anticorpos antitiroglobulina e antiperoxidade tiroideia. Esta tiroidite é mais frequente nas mulheres idosas e é habitual em famílias com antecedentes da doença. Sabe-se que alguns medicamentos podem ser factores precipitantes ou desencadeantes da tiroidite auto-imune.
Este tipo de tiroidite começa muitas vezes com um aumento indolor do tamanho da glândula tiróide ou com uma sensação de plenitude no pescoço. Quando se palpa a glândula, em geral esta encontra-se aumentada.
Os indivíduos com o diagnóstico de tiroidite crónica auto-imune, deverão ser avaliados regularmente do ponto de vista funcional através de análises, para detectar e tratar precocemente um hipotiroidismo, pois a maior parte dos doentes desenvolve-o (hipotiroidismo). Nestes casos, é-lhes prescrito um tratamento de substituição hormonal para toda a vida, embora não haja tratamento específico para a tiroidite propriamente dita.
Incide com maior frequência nas mulheres, habitualmente logo depois do parto, e faz com que a tiróide aumente de volume sem provocar dor. Num período que oscila de várias semanas a vários meses, a mulher afectada sofrerá de hipertiroidismo, seguido de hipotiroidismo, antes de recuperar finalmente o funcionamento normal da tiróide.
Esta afecção não requer um tratamento específico, embora o hipertiroidismo ou o hipotiroidismo possam requerer tratamento durante algumas semanas. Com frequência é necessário tratamento farmacológico para controlar os sintomas do hipertiroidismo. Durante o período de hipotiroidismo, pode ser necessário administrar hormona tiróidea, em geral durante alguns meses. O hipotiroidismo torna-se permanente em cerca de 10 por cento das pessoas que sofrem de tiroidite linfocitária silenciosa.
Ligações
[1] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/hipertiroidismo
[2] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/hipotiroidismo
[3] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/tiroide
[4] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/dor
[5] http://www.atlasdasaude.pt/content/febre
[6] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/rouquidao
[7] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/antibioticos
[8] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/abcesso
[9] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/anorexia-nervosa
[10] http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/anticorpos
[11] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/carencia-de-selenio-associado-disfuncao-da-tiroide-e-cancro
[12] https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/1-milhao-de-portugueses-sofre-de-doencas-da-tiroide
[13] https://www.atlasdasaude.pt/fonte/manual-merck
[14] https://www.atlasdasaude.pt/fonte/medicosdeportugalsaudesapopt
[15] https://www.atlasdasaude.pt/fonte/grupo-de-estudos-da-tiroide
[16] https://www.atlasdasaude.pt/foto/shutterstock
[17] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/sistema-endocrino
[18] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/corpo-humano
[19] https://www.atlasdasaude.pt/taxo-categories/infeccoes