Mais de metade dos portugueses tem excesso de peso e as previsões a médio prazo não são animadoras. Segundo dados do ano passado de um relatório da Federação Mundial de Obesidade, em 2035, mais de um terço (39%) dos portugueses adultos terão obesidade, com as consequentes complicações de saúde associadas a esta doença.
“A obesidade retira anos de vida saudável aos indivíduos, é uma doença e aumenta o risco de desenvolvimento de outras doenças como, por exemplo, diabetes, doenças cardiovasculares, cancro, doenças autoimunes entre outras”, refere Conceição Calhau, Professora Catedrática da NOVA Medical School e investigadora do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, acrescentando ainda que “a microbiota intestinal é essencial na monitorização e controlo do equilíbrio metabólico e dos gastos energéticos. Se a nossa microbiota intestinal estiver desequilibrada (disbiose), torna-se incapaz de regular o apetite, a saciedade e a adiposidade”.
Na última década a investigação científica possibilitou compreender mais sobre os mecanismos de regulação do apetite. Há estudos que comprovam, por exemplo, que as Enterobactérias como a Hafnia alvei conseguem produzir uma proteína, ClpB, capaz de ativar vias neuroniais associadas à saciedade, o que para o controlo do peso é muitas vezes um fator decisivo. Mais, em estudos de intervenção com a estirpe Hafnia alvei HA4597 foi ainda possível verificar que, além redução da ingestão alimentar por menos apetite, observava-se uma potenciação da perda de adiposidade (gordura).
De facto, alguns tipos de microrganismos que habitam o intestino, ao influenciarem o metabolismo energético de cada indivíduo, podem potenciar a sua vulnerabilidade para o excesso de peso e obesidade. Indivíduos com excesso de peso ou obesidade têm menos abundância de espécies bacterianas benéficas e um aumento de bactérias potencialmente prejudiciais, que contribuem para o aumento de peso. Segundo a investigadora, para garantir que ambos os tipos de microrganismos vivam em harmonia, exercendo os seus papéis fundamentais no corpo humano, “o ideal é garantir a existência de uma microbiota intestinal equilibrada, com riqueza e diversidade, o que reforça a atenção que devemos dar a este órgão, a microbiota intestinal”.
É possível trazer bactérias “boas” para o organismo e enriquecer a microbiota para favorecer o seu funcionamento adequado. Alguns exemplos são: