"A perimenopausa é o período da vida em que o corpo começa a fazer a transição natural para a menopausa, marcando o fim dos anos reprodutivos", começa por explicar adiantando que esta pode começar logo a partir dos 30 anos. "À medida que uma pessoa passa pela perimenopausa, a produção de estrogénio, a principal hormona feminina, aumenta e diminui. Estas flutuações podem causar sintomas como períodos irregulares, afrontamentos e secura vaginal", esclarece.
Após 12 meses consecutivos sem menstruação, a pessoa faz oficialmente a transição da perimenopausa para a menopausa. "A menopausa pode ocorrer entre os 40 e os 50 anos de idade, mas a idade média é de 51 anos", diz.
"Quando ocorrem afrontamentos, a pessoa pode sentir uma sensação súbita de calor ou de afrontamentos, mais frequentemente na parte superior do corpo, à volta do rosto e do pescoço. Isto pode fazer com que o rosto fique vermelho e corado e a pessoa pode começar a suar". Segundo a especialista, os afrontamentos podem ocorrer também durante o sono. "Estes "suores noturnos" podem prejudicar uma boa noite de sono", refere.
As alterações de humor são comuns e podem incluir irritabilidade, fadiga, tristeza ou ansiedade. "Estas alterações de humor podem ser o resultado da diminuição dos níveis de estrogénio", explica revelando que a depressão também é um efeito secundário comum da menopausa. "É importante que partilhe os seus sentimentos e alterações de humor com um profissional de saúde", recomenda a médica.
Durante a perimenopausa, pode começar a notar alguma dificuldade de memória e de concentração. Pode ter dificuldade em lembrar-se de coisas simples, como por exemplo, onde estão guardadas as chaves ou porque entraram numa divisão. "Isto é por vezes conhecido como "confusão ou nevoeiro mental" e é muito comum. Recebo frequentemente preocupações de mulheres que expressam que isto pode ser um sinal precoce de demência, o que normalmente não é o caso. Muitos estudos mostram que a confusão ou o nevoeiro mental associados à menopausa ocorrem temporariamente e que as funções cognitivas regressam. A confusão ou o nevoeiro mental podem ser o resultado de uma falta de sono ou de um descanso adequado. Quando o sono melhora, é frequente vermos também melhorias na memória", esclarece.
É frequente as mulheres descobrirem que estão a comer e a fazer exercício da mesma forma, mas que de repente estão a ganhar peso. Segundo a médica, é muito comum as mulheres notarem um aumento de peso durante a transição da perimenopausa para a menopausa, especialmente na zona abdominal. "As alterações do metabolismo e a perda de músculo provocam frequentemente este fenómeno à medida que envelhecemos. O aumento de peso pode afetar seriamente a sua saúde, pelo que esta é uma altura importante para adotar hábitos de vida saudáveis", recomenda.
Como já foi dito, tendo em conta que nem todas as mulheres vão sofrer dos mesmos sintomas, ou com a mesma intensidade, a perimenopausa é a altura ideal para elaborar um plano de controlo em relação às mudanças que estão a acontecer e que vão acontecer.
"Durante a menopausa, o risco de desenvolver certas doenças e problemas aumenta, incluindo doenças cardíacas, osteoporose e infeções do trato urinário. Há muitas coisas que pode fazer para aliviar os sintomas e proteger a sua saúde", afirma Juliana Kling.
De acordo com a especialista, este são alguns hábitos que deve incluir na sua rotina:
Embora a terapia hormonal seja uma fonte de preocupação, pode ajudar a melhorar os sintomas da menopausa. "A terapia com estrogénios continua a ser a opção de tratamento mais eficaz para aliviar os afrontamentos. O estrogénio também ajuda a prevenir a perda óssea. Existem também opções não hormonais. É importante discutir os riscos e benefícios de cada tratamento com a sua equipa de saúde e avaliar qual a opção mais adequada para si", sublinha.
A experiência de cada mulher durante a perimenopausa e a menopausa é diferente. É comum as mulheres sentirem-se inseguras e isoladas com estas mudanças. "Mas saiba que não está sozinha. Procure o apoio da família, dos amigos e de outros grupos que lhe possam oferecer um lugar seguro para partilhar aquilo por que está a passar. Se sentir que não consegue lidar com a situação, é importante procurar ajuda e consultar a sua equipa médica", conclui.